Com que frequência fala com Mário Nogueira [líder da Fenprof]? Há uns meses que não falam.
Não sei. Eu e a minha equipa falamos com uma frequência absolutamente anormal para aquilo que era a normalidade aqui no Ministério da Educação.Têm reuniões a dois ou sempre na presença de mais pessoas?
As reuniões são sempre com mais do que uma pessoa. Mário Nogueira, que é professor de uma das nossas escolas públicas, é o secretário‑geral de uma das federações de sindicatos. Existem outros e este ministério articula‑se e dialoga com todos.Eu falo de Mário Nogueira por ser o líder da maior confederação de sindicatos da educação do país. E o mais mediático.
Não só da educação. A educação tem a primazia do mundo sindical, porque temos a maior massa de trabalhadores da administração pública.Mas nunca tem uma reunião a dois com o professor Mário Nogueira? E se ele o convidasse para almoçar?
Na minha vida privada, poderia fazê‑lo. Mas no nosso trabalho, se eu almoçasse o professor Mário Nogueira tinha de ter pelo menos onze almoços diferentes. Tinha de reservar duas semanas por causa de todo o trabalho equitativo que fazemos, independentemente da dimensão de representatividade dos sindicatos ou das federações de sindicatos. Agora há uma coisa fundamental, este governo e este ministro não se deixam instrumentalizar por ninguém. E é muito importante termos sindicatos que não se deixem instrumentalizar por nenhum partido político nem por nenhum governo. Enquanto assim for, estamos todos a fazer o nosso papel.Mas há sindicatos que estão mais ligados a determinados partidos. E vai continuar a ser assim.
Uma coisa é determinadas organizações sindicais sentirem‑se ideologicamente próximas de determinado partido político, outra coisa é instrumentalização. Quando os sindicatos estiverem instrumentalizados por partidos políticos estamos a perder como sociedade.
Dia: 2 de Junho, 2018
Não Sei Bem O Que Dizer, Sem Parecer Demasiado Sarcástico, O Que Parece Mal ou Remoque (Mas É Mesmo Só Algum Desânimo Com a Platitude)
Deuses da Educação, Dai-me Paciência Para Estas Encenações!
Acredito que, a terem sido acompanhados por governante conhecedor, terão ficado num hotel bem escolhido. Como eles foram bem ensaiados. Ou acham que iria algum que dissesse algo que fugisse ao guião? Digam-me lá se o aluno Tomás a falar não parece mesmo o secretário João, o especialista David ou académica Ariana?
OCDE ouviu oito alunos portugueses sobre o que deve ser a escola
Para a OCDE, os estudantes não só têm razão como estão a apontar a direção certa aos decisores. Isto porque muitas das competências que serão necessárias no futuro não são ainda valorizadas na sala de aula.
(…)
A TVI esteve em Paris a acompanhar uma delegação de oito alunos portugueses. Jovens como o Tomás, de 14 anos, do Porto, que falou dos momentos difíceis que viveu no passado, quando não se sentia acolhido pela comunidade educativa. Tomás explicou que enquanto não se sentiu integrado não conseguiu intervir, fazer parte ou ter bons resultados escolares.
Durante um almoço de trabalho com o responsável da OCDE para Educação, Andreas Schleicher, e com o secretário de Estado da Educação português, João Costa, Tomás disse que é preciso promover contextos inclusivos e investir mais na saúde mental.
(eu concordo com o reforço na saúde mental… concordo a 125%)
Sindicalismo, Nervosismo e House of Cards
Começa a notar-se alguma tensão em alguns ambientes muito ortodoxos, à aproximação da reunião de 4 de Junho. A qual terá de terminar com qualquer coisa para ser anunciada como “vitória retumbante” ou então haverá “luta até à morte”, conforme a resistência.
Para que conste, as organizações sindicais resultam da vontade dos seus sindicalizados, que pagam quotas para terem algo em troca. Isso inclui os autocarros para as manifestações. No meu caso, nem por isso, porque nas poucas a que vou (confesso) uso transporte pessoal. Também nunca recorri a qualquer apoio jurídico sindical, por razões óbvias.
Andar por aí gente de mão a lançar bocas a colegas como se os sindicatos fossem dádivas aos professores (e não o contrário) é inverter por completo o sentido das coisas e da representação. Sem sindicatos, continuam a existir professores. Mas sem professores, não há sindicatos. Isto não é ser contra os sindicatos, mas sim ser contra ataques a professores por quem ser o que é porque existem professores. E não o contrário.
A esse respeito aconselho a visão de um par de episódios da primeira temporada do House of Cards em que a propósito de uma Reforma na Educação a completar nos primeiros 100 dias de um novo Presidente, se fica a perceber como as coisas funcionam nos EUA com os sindicatos a contratarem lobbystas para chefiarem as negociações com os representantes políticos. Que podem ser despedidos quando falham ou embaraçam aqueles que representam. Na série, o personagem chama-se Marty Spinelli, tem os seus momentos. Mas falha, porque se deixa enredar numa armadilha.