A “rapidez” é o critério decisivo para resolver o “problema”? A legalidade que se lixe, é isso?
A “rapidez” é o critério decisivo para resolver o “problema”? A legalidade que se lixe, é isso?
“Posso dizer que essa nota está já em apreciação nos nossos advogados, essa nota irá merecer uma queixa na Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC), amanhã [terça-feira] mesmo já será concretizada, mas também junto do Ministério Público. E no plano político iremos enviar a nossa posição para todos os grupos parlamentares, porque o que está aqui a ser feito é ilegal”,disse Mário Nogueira.
O Governo, pela esquerda baixa da DGEstE, cometeu um enorme erro táctico a vários níveis. Espero que a Fenprof perceba isso e ao seja preciso muito tempo para os advogados reagirem do ponto de vista jurídico.
A outro nível, ainda é muito cedo para explicar porque esta Nota Informativa foi um enorme tiro no pé da tropa fandanga do ME que parece ter feito renascer tudo o que de pior teve o socratismo-rodriguismo, incluindo o galamba mais novo a escrever como antigamente, depois de receber a cartilha da central de informação e propaganda.
… para tomarem posição acerca da ilegalidade que a DGEstE está a sugerir aos directores, porque é de uma ilegalidade evidente que se trata. Não sei se o Conselho de Escolas se reúne acerca destas coisas ou se tem, sequer, tempo, mas também gostava de saber se apoiam o estrito cumprimento da Lei ou deste tipo de “notas” a fazer recordar os tempos do gualter.
É nestas alturas que precisamos de saber se…
Porque é que a resposta ao S.TO.P. sobre dia 15 saiu do gabinete do ministro e esta “nota” surge a partir de uma directora-geral?
E enviou uma nota informativa para as escolas (NOTA INFORMATIVA DGESTE) que, no essencial, vai dar ao seguinte: se à terceira tentativa não existirem condições para reunir o Conselho de Turma de acordo com as regras legais, alguém recolhe as classificações e está feito. O que significa que tudo aquilo que se diz sobre a necessidade de ponderação das classificações pelo Conselho de Turma nas situações em que a transição ou retenção do aluno pode estar em causa é irrelevante. O aluno tem “negativas” para “chumbar” está chumbado e não vale a pena ouvir ninguém ou então ouve-se só quem estiver disponível para furar a greve.
Isto vai ser um enorme pasto para potenciais recursos de alunos que fiquem retidos com o número mínimo de “negativas” que não permitam passar de ano.
O Decreto-Lei n.º 17/2016, de 4 de abril é atropelado, em especial o seu artigo 26ºC, assim como o o Despacho normativo n.º 1-F/2016, de 5 de abril,
Relembremos que:
Progressão e retenção
1 — Em situações em que o aluno não desenvolva as aprendizagens definidas para o ano de escolaridade que frequenta, o professor titular de turma, no 1.º ciclo, ouvido o conselho de docentes, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos, deve propor as medidas necessárias para superar as dificuldades detetadas no percurso escolar do aluno.
2 — Caso o aluno não desenvolva as aprendizagens definidas para um ano não terminal de ciclo que, fundamentadamente, comprometam o desenvolvimento das aprendizagens definidas para o ano de escolaridade subsequente, o professor titular de turma, no 1.º ciclo, ouvido o conselho de docentes, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos, pode, a título excecional, determinar a retenção do aluno no mesmo ano de escolaridade.
3 — O previsto no número anterior não se aplica ao 1.º ano de escolaridade.
4 — Verificando -se a retenção, compete ao professor titular de turma, no 1.º ciclo, e ao conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos, identificar as aprendizagens não desenvolvidas pelo aluno, as quais devem ser tomadas em consideração na elaboração de um plano individual ou do plano da turma em que o referido aluno venha a ser integrado no ano escolar subsequente.
E quem, estando na posse das suas faculdades, vai assumir as responsabilidades do CTurma nestas matérias?
Se é assim, já podiam ter acabado com as reuniões. Lançavam-se as notas e pronto, não de perdia tempo em conversas.
Isto parece mais uma daquelas ideias peregrinas da SE Leitão que acha que atropela-se primeiro a lei e depois os tribunais que fiquem meses a decidir… mas quem assinou esta “nota” peregrina, para memória futura, foi Maria Manuela Pastor Faria que parece ter sido em tempo docente do grupo 200 com habilitação suficiente para o exercício das funções, tendo desaparecido depressa do sistema para gabinetes longe da petizada.
Aconselha-se – se possível – desta vez uma daquelas providências cautelares para suspensão dos efeitos desta “nota”.
A ida dos alunos a exame “à condição” era algo previsível. Mais complicado será o bloqueio da divulgação das notas finais.
E assim a greve até contribuiu para um aparente sucesso interno a 100% 🙂 que certamente satisfará a confápe. Todos a exame, incluindo o pessoal que tinha negativa a tudo. De certa forma, este é que é o castigo mais cruel para alguns alunos…
Agora é a ameaça – em nome de uma mítica “equidade” que nunca se aplica a outras situações e que é teorizada por Paulo Trigo Pereira (no Observador, claro) de um modo “técnico” mas tão labiríntico que induz uma narcolepsia fulminante – de aumentar os escalões da carreira docente para 7 anos em vez dos 4 actuais.
Ora bem: se acabarem com o sistema de quotas e nos devolverem os 9.4.2, a mim tanto se me faz.
Explico: cheguei com 53 anos ao 6º escalão. Mesmo que ultrapasse as quotas de acesso ao 7º escalão, chegarei ao 9º escalão na melhor das hipóteses aos 65 anos e nunca atingirei o nirvana celestial do 10º. Se me devolverem o tempo de serviço que querem apagar, passarei para o 3º ano do 8º escalão e poderei chegar ao 9º com 61-62 anos.
Portanto, por mim… se for essa a contrapartida, nada tenho a perder, vejam lá.
Portanto: acabem com as quotas e devolvam o tempo de serviço que até posso trocar umas ideias sobre esse assunto.
Só que – exactamente por questões de “justiça” e “equidade” não definidas por conveniências político-partidárias circunstanciais – acho que essa solução é apenas uma vingança política servida com a raiva e a bílis contida em algum PS desde a perda da maioria do “engenheiro” (aquele que só abjuraram à força, depois de durante anos terem ignorado tudo o que se passava mesmo à frente dos olhos de todos).
Há quem, estando no 1º e 2º escalão com 40 anos e mais, tenha de viver até aos 100-110 anos para chegar ao 10º escalão, em nome da “justiça” e da “equidade”. Mas esse é o sonho que anima o PS na Educação desde que em 2005 a “reitora” encomendou ao seu mentor académico o estudo sobre a forma como destruir a carreira docente. E estes são os seus herdeiros, sendo que o Tiago passa por ser ministro, mas, em boa verdade, é outra coisa.
(penso que de todas as múmias políticas falantes, só nos falta aparecerem o assis e o cavaco a escrever ou falar sobre os professores…)
Uma pessoa já se rebaixa o suficiente a rebater demasiadas coisas, mas voltar a dar importância a um moitadedeus é atingir níveis de baixeza que me recuso. Que ele fale, muito bem, é “liberdade de expressão”, mas não me apanham mais no peditório que lhe dê popularidade junto das lolas&mituxas.
(uma poia da linha não deixa de ser uma poia)
A melhor forma de destruir uma discussão racional sobre seja o que for é começar a hiperbolizar as acusações e a adjectivar sem nexo aqueles que se querem combater. Sim, eu também gosto das minhas adjectivações, mas a maioria delas tem uma base factual. Chamar “surfista” ou “delfim da MLR” a um dado político/opinador baseia-se em factos e não em opiniões. Considerar que outros opinadores revelam uma enorme ignorância sobre aquilo que escrevem ou falam ou que truncam informação é apenas uma constatação da evidência. Até mesmo um ocasional “idiota” ou “mentiroso” se justifica, acho eu, plenamente, quando há gente com responsabilidade a afirmar que os professores andam a reclamar anos de retroactivos. Porque afirmam mentiras e são pessoas com acesso a informação mais do que suficiente para saberem que estão a mentir.
Outra coisa são as acusações de “cobardia” por parte de alguém que fala sobre a avaliação de professores, mas que eu nunca vi ser avaliado e sobre quem, com base factual, poderia tecer considerações desconfortáveis (ou mesmo deselegantes) quanto ao trajecto de “investigação”, par a par com assessoria político-partidária.
Outra coisa são acusações de “traição” por parte de alguém que é sindicalista a tempo inteiro desde que eu dou aulas e a quem sou obrigado a ter como “representante” vitalício, dirigidas a colegas de um outro sindicato por ter convocado uma greve a que a própria Fenprof considerou aderir. Sobre o que ele diga sobre a nossa Iniciativa Legislativa estou-me nas tintas, porque é uma pessoa na qual não tenho qualquer confiança política ou pessoal, baseada em factos e não apenas em juízos de valor. Para além disso, basta lembrar o que fez em 2013, desconvocando uma greve quando achou que sim, sem qualquer consulta às “bases” a que gosta de falar se for apenas da sua cor e empoleirado na carrinha.
Outra coisa ainda é um político menor em todos os aspectos (a ideia não é fazer piadas com o tamanho), um aparelhista político desde a juventude, transformado em facilitador de acordo com uma investigação bem documentada, alguém pago para fazer mexericos políticos em prime-time afirmar que a reivindicação dos professores quererem que o seu tempo de serviço seja contabilizado é “imoral”.
A melhor forma de destruir qualquer tipo de diálogo, de tornar o ambiente absolutamente tóxico é enveredar por este tipo de linguagem despropositada, agressiva no pior dos sentidos, imperdoável na forma como se fazem análises de carácter a partir de posições particulares de enorme fragilidade ética.
Sim, já percebemos que ninguém quer resolver verdadeiramente o problema dos professores, uns porque os detestam, outros porque os desprezam, outros ainda porque precisam do clima de conflito para justificarem a sua própria relevância.