Por Setúbal

Caros colegas,

Apesar da resistência de muitos colegas, e à revelia da lei e de qualquer bom senso, existem já direções a lançar pautas de final de ano sem que sejam realizados Conselhos de Turma.

Na Escola Secundária Dom Manuel Martins, em Setúbal, por exemplo, a direção enviou para os representantes dos diretores de turma do secundário um email em que, baseando-se no já falado comunicado do Ministério da Educação, obriga os professores a entregarem as propostas de avaliação, informando que “as pautas serão afixadas mesmo sem Conselho de Turma”.

Como qualquer professor sabe, é nos Conselhos de Turma que se faz o balanço do trabalho realizado pelo alunos, que são apreciadas as notas como um todo e em que se ajustam e, eventualmente, se votam notas em benefício dos alunos.

Não quero acreditar que no Portugal do século XXI a repressão à greve dos trabalhadores justifique que se cometam ilegalidades e que toda uma classe de trabalhadores tenha de agir contrariamente à sua ética profissional.

Anexo o documento que os professores estão a entregar na secretaria conjuntamente com as propostas de classificação dos seus alunos.

Aproveito para agradecer o vosso empenho em não deixar a luta dos professores cair no esquecimento apesar do bloqueio da comunicação social.

Cumprimentos,

Manuel Martins

13 opiniões sobre “Por Setúbal

  1. Boa noite, solicito que quando publiquem documentos o façam verificando que os seus autores autorizam a sua divulgação. Não o fazendo, solicito que garantam o anonimato da informação. Eu sou a professora da disciplina da turma em causa (que está claramente legível) e desconhecia a publicação do documento (elaborei-o e cedi-o de boa vontade aos colegas mas não para este fim).
    Concordo com a divulgação das situações anormais/ilegais que se andam a passar por este país fora, mas não concordo nem me identifico com julgamentos públicos, existem locais próprios para isso num estado de direito. Desta forma gostaria que o documento fosse removido do site.
    Obrigada,
    Ana Ponte

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    1. “Medo” não é um juízo de valor.
      Mais… um acto deste tipo, entregue num serviço público, não tem “direitos de autor” e é um documento público de que pode ser pedido o conhecimento a partir da lei em vigor:
      http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=2591&tabela=leis&so_miolo=

      Para além disso, não entendo uma coisa: o problema é perceber-se quem fez o documento ou não respeitar a “autoria”?

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  2. “Artigo 5.º
    Direito de acesso
    1 – Todos, sem necessidade de enunciar qualquer interesse, têm direito de acesso aos documentos administrativos, o qual compreende os direitos de consulta, de reprodução e de informação sobre a sua existência e conteúdo.
    2 – O direito de acesso realiza-se independentemente da integração dos documentos administrativos em arquivo corrente, intermédio ou definitivo.”

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  3. A sério… isto cansa-me, desilude-me, dá-me a sensação que andam alguns a tentar fazer alguma coisa, dando a cara, por muitos de que parte, mesmo quando faz alguma coisa, depois… quer que tudo fique em segredo.

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    1. porque sendo a tugalândia uma cultura de caciquismo, a represália é o bullying sobre o denunciante, que fica com a vida ‘encalacrada’, em prol de um coletivo que muitas vezes assobia para o lado mas que aprecia as conquistas que possam aparecer…

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  4. Esta nota informativa é uma prova material que revela que as reuniões de conselho de turma são inúteis e apenas serviam como mero formalismo (ou como pretexto para ocupar os professores…); esperemos que a partir do próximo ano uma das alterações seja a eliminação destas reuniões, bastando a cada docente entregar as suas propostas de avaliação (oh pra mim, todo chateado!…).
    Não compensa direcionar o conflito para essas extensões governamentais (direções); já basta com o ME, não se devendo repetir 2008. A direção quer as propostas, então que as entreguem; como sabem, o CT servia para ponderar e analisar as avaliações atribuídas, ajustando as classificações com base no parecer de todos os profs do conselho. Desse modo muitas classificações eram alteradas para beneficio do aluno; com esta exigência, entregue-se as propostas respeitando rigorosamente a classificação, onde 49% = 2 ou 9,4= 9 (e todos os casos semelhantes noutras classificações). Provavelmente surgirão vários alunos com mais de 2 classificações inferiores a 3 ou a 10, ficando respetivamente retidos, sendo isso da exclusiva responsabilidade das direções. Se aparecerem recursos, não seriam analisados porque não se formavam os CT caso fizessem greve. E desta forma esvaziava-se a nota informativa e respetiva obediência da direção escolar.

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