Esta Posição do PCP é Absolutamente Lamentável…

… e faz lembrar o que algumas das suas práticas têm de pior no lançamento de suspeições sobre tudo o que não controla. Só o excerto que transcrevo contém suspeições não fundamentadas em quaisquer factos, informações falsas e outras truncadas. Uma das passagens é objectivamente difamatória para os promotores da ILC. Pessoalmente não me surpreende ou sequer ofende, porque conheço bem os meandros da “máquina”.

Mas uma coisa é querer defender o papel da Fenprof e o protagonismo do herói da luta Mário Nogueira, outra o mentir ou lançar assim um manto de poeira (para não dizer lama) sobre o tema. O PCP sabe que no OE para 2018 não vem nenhuma “lei” que exija a reposição do tempo de serviço. Isso é falso. O PCP sabe que um processo de revisão do ECD não depende em nada de uma iniciativa legislativa como esta e que pode ser aberto a qualquer momento, com ou sem acordo dos sindicatos.

Mas o que é mesmo pior é que acenando com o medo da revisão do ECD, o PCP demonstra que, por si, os professores não teriam qualquer estatuto de carreira específico.

Independentemente das dúvidas quanto à sua origem e autores, trata-se de uma iniciativa que, invocando a defesa dos professores, contribui para prejudicar os seus direitos e interesses, servindo os objectivos e o discurso do Governo em todo este processo. [mentira]

A Iniciativa Legislativa de Cidadãos pretende recolocar em discussão a questão da contagem do tempo de serviço quando esta já ficou decidida no OE 2018. Pretende remeter para 2019 aquilo que ficou decidido no OE iniciar-se já em 2018. [mentira] Pretende remeter para a Assembleia da República a aprovação de (mais) uma Lei quando o que se exige é o cumprimento pelo Governo da Lei do OE 2018. Pretende utilizar o descongelamento da progressão na carreira como pretexto para abrir um processo de revisão do Estatuto da Carreira Docente [mentira]. Pretende estabelecer por via de Lei regras que podem ser prejudiciais aos professores [mentira] e que, sendo discutidas na negociação colectiva, podem ter soluções específicas mais adequadas. Pretende ainda fixar para os professores uma solução de excepção face aos restantes trabalhadores da Administração Pública, incluindo os das restantes carreiras especiais, ocultando todos os problemas que levantaria uma decisão dessa natureza e os pretextos acrescidos que assim se davam ao Governo para o seu não cumprimento.

Com que então pretendemos uma “solução de excepção”? A sério… as carreiras gerais recebem o tempo todo de serviço que prestaram e pedir o mesmo é que é “excepção”. Não é de agora que algum sindicalismo acorrentado ao PCP defende a “unidade dos trabalhadores da Administração Pública” no sentido da diluição das suas especificidades e da indiferenciação. “Somos todos Arménio Carlos” é o que se pretende. No meu caso, gostaria antes que no PCP existisse a coragem de não promover o sindicalismo como profissão vitalícia na classe docente.

E, já agora, para que não exista qualquer confusão, acho que este comunicado é dos nacos mais vergonhosos da estratégia recente do PCP de andar pela trela do Governo, fingindo que não. E uma manifestação objectiva do desdém ancestral que certos sectores políticos revelam pelo “trabalho intelectual” quando não colocado ao serviço da sua propaganda.

No caso da ILC apostaram em manobras algo subterrâneas de boicote nas redes sociais e em comentários nas escolas em reuniões sindicais. Soubemos disso, mas fomos ficando calados. Em especial quem sabia do que se passava por múltiplas fontes. No meu caso, fui ficando à espera de ver até que ponto desceriam quando fossem ultrapassadas as 20.000 assinaturas, o que era mais do que previsível perante um estrondoso fracasso negocial de alguns sindicatos que pensavam que reuniões trimestrais diziam alguma coisa aos professores.

“Independentemente das dúvidas”.

shit-hitting-the-fan

17 opiniões sobre “Esta Posição do PCP é Absolutamente Lamentável…

  1. Eu acho que o PCP se excedeu de forma desnecessária nesta matéria, no sentido de a matar à nascença e acredito que será o principal obstáculo (em conjunto com o PS) a bloquear a sua discussão quando chegar à conferência de líder

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  2. Esta posição do PCP é nojenta! Repito: NOJENTA!

    Boicotam tudo o que escapa ao seu controle.

    Votam ao lado da direita contra a despenalização da eutanásia (nunca lhes perdoarei; ouviste, João Oliveira, que foste aluno na minha escola? É melhor que não voltes a pôr cá os pés porque estou capaz de te ir às fuças!). Fazem agora esta figura contra os professores.

    Questão: o PCP ainda tem a lata de se dizer de esquerda?

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  3. Independentemente de haver algumas afirmações na posição do PCP que eu não subscrevo e que considero perfeitamente dispensáveis e que dão azo a que o Paulo Guinote as conteste subscrevo no global esta posição e compreendo-a pois não é o partido dos professores mas sim um partido nacional, de todos os portugueses e dos trabalhadores em especial. E acho mesmo que defende bem melhor os professores e com mais conhecimento de causa do que os colegas que avançaram com esta ILC. Acho a ILC demagógica, que pede tudo aqui e agora, e que pode deitar a perder, levianamente, algumas das coisas que temos e que são argumentos – entendimento assinado, a lei do orçamento e a resolução aprovada sem votos contra – e dá argumentos aos mesmos do costume incluindo ao governo para dizer que os professores querem tudo e que podem pôr em questão no imediato a sustentabilidade orçamental. Por isso não a assinei embora estivesse tentado a fazê-lo quando ouvi a semana passada o Tiago e o Costa. Não o fiz e ainda bem que não o fiz. Espero no entanto que quando for discutida no parlamento não nos saia, aos professores, o tiro pela culatra devido a esta falta de habilidade. Eu defendo uma recuperação faseada e acho que é isso que é defensável. Já agora: há mais vida do que a recuperação de serviço e os sindicatos dedicam-se a mais coisas do que a apostar tudo numa jogada arriscada.

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    1. Caro Henrique,
      A sua posição é apenas um eco – mais educado, claro – do comunicado do PCP.
      Claro que não admite as mentiras objectivas que ele contém.

      Quanto ao resto, enuncia perigos e inabilidades que não demonstra.
      Quanto ao aspecto “responsável” da luta sindical, ocorre-me que nunca aconteceu durante o mandato anterior, estando cá a troika.
      Claro que depois entenderam-se com o Crato em 2013, mas não gostam que isso se diga.

      Quanto a existir “mais vida”: claro que sim… aguardo a luta contra a municipalização que já está em decurso em vários concelhos.
      Aguardo muita outra coisa que raramente dá em alguma coisa.

      O facto do PCP ser um “partido nacional”. Sim, e depois?
      As greves na Soflusa, por exemplo são “nacionais”?

      De qualquer modo, agradeço a sua civilidade pois, embora discordando na forma como avalia a “habilidade” da ILC (por oposição à enorme habilidade da Fenprof, é isso?), pelo menos não mente.

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    2. “Deitar tudo a perder?!” Anda distraído. Já perdemos tudo! Não temos mais nada a perder. Foram-se os anéis (ECD e reduções), os dedos (mais de 35 horas na escola) e as mãos (tempo de serviço sem progressões, sem aumentos e com cortes)!

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  4. Há alguém que me consiga, explicar, de facto, o que significa “sair o tiro pela culatra” aos professores neste contexto?

    A ILC é, antes de mais, um instrumento de participação cívica e democrática. Nesse sentido, e num Estado de Direito, poderá haver melhor forma dos docentes intervirem democraticamente nas instituições que os regulam?

    Ou estes últimos cinquenta anos de educação devem alguma coisa aos sindicatos?…

    (nota 1: “independentemente das dúvidas”, acho que este é apenas o “primeiro” comunicado de um Partido Político. Outros chegarão.
    nota 2: com tantos apoiantes da “flexibilidade curricular” e das escolhas “zen” entre os docentes, não compreendo – mesmo! – como Envolvimento e a Participação Cívica corroem tantas “opiniões formadas”…)

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  5. Não me revejo na critica ao PCP. Os partidos que nos governam desde a democracia sabemos bem quem são e o que fizeram espoliando o país de todos e quaisquer recursos privatizando parte do estado social, energia, bancos, comunicações…etc Onde está o dinheiro!? Estas acusações são bem injustas, se o PCP errou não foi com toda a certeza com segundas intenções. E se fossemos todos função pública? os médicos também não o são? os juizes? porque pensa o senhor que o PCP defende que os professores deviam receber o salário de outros?! Continuem a votar PS, PSD e CDS está à vista o resultado, professores portugueses cada vez com menor poder de compra. E a culpa é do PCP? Seja sério na análise que faz!

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    1. Caro João,
      A verdade é que não percebo a sua argumentação que revela uma dispersão estranha de argumentos e umas hipóteses curiosas. “E se fossemos todos função pública?” Mas não é esse o projecto de sociedade do PCP?

      Não sei se fizeram com primeiras, segundas ou terceiras intenções.
      Mas mentiram sobre factos objectivos e lançaram insinuações que o João não justifica ou desmente.

      Se o país tem sido governado por outros partidos?
      Mas então quem apoia o Governo de agora?

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