Mixed Emotions

Fui aluno de Maria de Fátima Bonifácio quando ela ainda era marxista, neo ou não, acho que mais hard pelo estilo. As aulas de História Económica, que mais tarde diria serem dadas por obrigação e não por gosto, lá me levaram a Marian Malowist, Perry Anderson, Immanuel Wallerstein e mais um punhado de autores interessantes sobre a proto-industrialização europeia (Peter Kriedte, Hans Medick).

Achei curiosa, mas expectável, a sua deriva para o centro e acho mesmo que mais centro-direita, mas teve a transparência de o admitir publicamente de uma forma clara. Como muitos outros ex-esquerdistas cosmopolitas e com origem na classe média passou a detestar com acidez os antigos companheiros de rota (penso que haverá umas quantas excepções) e o seu texto de hoje no Público só peca por se centrar num exemplo ali para os lados de Castela, pois seria muito mais divertida a análise se fosse sobre a realidade nacional e algumas figuras que conhecemos.

Lembro-me, por exemplo, de alguém que, mal a colaboração com o Círculo de Leitores começou a render (esqueçamos os detalhes de como muita coisa foi escrita), foi a correr comprar um belo apartamento numa das zonas mais in (à época, mas ainda hoje com boa cotação) de Lisboa, enquanto proclamava publicamente valores anti-elitistas e anti-plutocráticos (phosga-se… já deixei escapar uma pista sem querer…).

MFB fala em “anjos imaculados” a propósito da fruição dos luxos da burguesia por alguns dos mais vocais defensores da igualdade e da redistribuição da riqueza como o casal Iglesias. Para quando uma análise “maculada” acerca de algumas das nossas deprimentes figurinhas nacionais? Sem medo de estragar velhas amizades…

Smiling

3 opiniões sobre “Mixed Emotions

  1. Vai ser difícil fazer “uma análise “maculada” acerca de algumas das nossas deprimentes figurinhas nacionais? Sem medo de estragar velhas amizades…” a nossa aldeia é pequenina e precisamos muito de nos dar bem… Ó despois é preciso q nos fassam um geitito aqui ou aculá… a jente num debe meter-se em trabalhus…

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  2. “Acima dos 105 anos, o risco de morte por causa da idade abranda
    Estudo publicado na revista Science junta mais uma acha na acesa discussão sobre a longevidade humana. Cientistas estudaram os dados de quase quatro mil italianos e concluíram que o limite máximo de vida para os humanos ainda não foi alcançado” in Público

    Percebe-se agora a proposta que está em cima da mesa. Esta malta das geringonças actuais e das outras a haver já andava há uns tempos a ler a Science e não dizia nada. Obrigada, jornal Público.

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  3. O que dirá MFB do aristocrata Tonny Benn, o esquerdista que deu muitos anos ao Labour?
    Esta bonifácia ainda está no século XIX, a sua especialidade…

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