Sou dos maiores defensores da necessidade da comunicação social fazer a verificação do rigor das declarações dos políticos. Lá fora há sites especializados que ganham prémios de prestígio. Por cá dão-se uns passos trémulos no sentido de se aferir da fiabilidade do discurso político, mas quase sempre de forma restrita e selectiva. Há alguns exemplos no caso do Observador em que se verifica uma maior profundidade do esforço feito. Mas há casos em que se dá a missão a quem percebe notoriamente pouco do tema e o resultado é lastimável. No DN, apresenta-se um fact-checking sobre a afirmação de António Costa acerca da contratação de mais 7000 professores. Só que o autor da verificação confunde professores dos quadros com professores em exercício e esbardalha-se todo, esquecendo-se dos educadores do pré-escolar e tudo.
De acordo com os dados oficiais em 2015 existiam 141 274 professores no ensino Básico e Secundário, em 2016 passaram a ser 142 913 e em 2017, 145 549.
Até pode ser que existam mais 7000 docentes nos quadros, mas não são os que são apresentados. Bastaria ir ao Perfil do Docente para 2015-16 (o último disponível) para perceber que os valores de professores dos quadros estão muito, muito distantes dos que apresenta (acima dos 140.000), quase 50.000 de distância.
Fact-checking a carecer de fact-checking é uma perda de tempo e só serve para dar a sensação de qualquer coisa que não é.
O mais certo é o jornalista ser novíssimo, precário, pau para toda a obra, e terem-no mandado fazer isto sem ter quase qualquer contacto com a área da Educação e ter recorrido à Santa Pordata. Será o último culpado numa longa cadeia de comando que tem o seu pináculo numa das eminências pardas do regime.
Não chega… se isto é o “novo formato” do DN de Ferreira Fernandes, é só mais um desânimo.
Faz cá falta um Colbert.
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Por essas e por outras é que o jornal está prestes a fechar. Já foram os anéis e os dedos… Começou com a venda da própria casa! Depois deixou a versão papel. Agora é só online e a falta de qualidade levará ao passo seguinte: FECHO.
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Ainda bem que alguém faz a verificação das afirmações da comunicação social. Penso que é esse o fact checking que hoje em dia se torna premente. Talvez mais até do que o que é feito às afirmações dos políticos.
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