Tenho lido algumas declarações das duas tendências acerca da (des)continuidade até dia 31 de Julho. Vou concentrar-me em dois argumentos que me chamaram mais a atenção, um aqui em comentário a post e outro, de um colega da minha escola, que conheço desde os tempos da Faculdade, quase 35 anos de discordâncias e colaborações.
O argumento do lado da continuidade prende-se com a questão da “honra” que se perde ao parar agora a greve. Compreendo e aceito essa visão, mas acrescento-lhe duas ideias. A nossa “honra” (numa acepção limitada) ficou comprometida logo em Abril de 2008 e custa muito a recuperar algo que depois voltou a ser conspurcado em outros momentos. Mas, mesmo que a tivéssemos recuperado por completo, será que parar a greve no dia 31 não adia apenas a questão? Dia 1 de Agosto a “honra” já volta a estar no prazo de validade? Sejamos claros a esse respeito: no dia 13 ou no dia 31 apenas se discute a extensão da coisa, não a essência. A “honra” (volto a dizer que nunca acepção limitada) só ficaria a salvo com um prazo indefinido para a continuação da “luta”.
O argumento do lado da descontinuidade que me chamou a atenção, foi o do meu colega Vítor Barros que escreveu algo como a luta não poder determinar-ser em função de “combatentes efémeros”. Eu discordo dessa análise porque me parece evidente que sem ser coma confluência de muitos “efémeros” nunca se conseguirá uma manifestação de verdadeira força e unidade. Porque aos do costume já toda a gente conhece os automatismos e poucos são os que levam a sério quem vai sempre atrás do guião da “revolução permanente” (excepto no Verão). Enquanto os “permanentes” não perceberem que não chegam e que dependem da mobilização dos “efémeros” andaremos sempre numa de exibir pergaminhos para dar a entender que se tem maior legitimidade do que os outros. Portanto, não é por aí que a argumentação se deve fazer e há que ter a lucidez de o perceber. Porque as rendições ao ritmo de pizzas foram sobre obra dos “permanentes”.

Adenda: depois de escreve o post foi-me enviada a informação que, em coerência, o S.TO.P. já apresentou um pré-aviso de greve até 31 de Agosto (de que não tomei ainda conhecimento directo). Admiro a atitude, se assim é, embora possa acabar numa certidão indesejada.
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