Dia: 17 de Julho, 2018
Posição da APH sobre o Ensino da História
Publico porque a pessoa que me enviou merece toda minha consideração pessoal e profissional. Também é por isso que me coíbo de comentar este tipo de retórica que me desgosta profundamente, porque me parece bacoca e desprovida de qualquer verdadeira substância. Quero aqui deixar bem claro que, se não fosse a Isabel Pestana Marques a enviar-me este documento, ou ele ia directamente para o lixo ou eu perderia uma deliciosa meia-hora a estraçalhá-lo todo. Limito-me a destacar as partes que considero mais patéticas. Não se andaram a acagachar ao SE Costa para ficarem na ponta do retrato de grupo dos flexibilizadores?
Segue a posição da APH sobre o DL nº55/2018 de 6 de julho:
Conclui-se, após a análise da matriz curricular com os dados de referência estabelecidos, que estes se constituem apenas como referencial mínimo, sendo suscetíveis de serem adequados e adaptados dentro do espírito da flexibilidade e autonomia das escolas, bem como no respeito e na dignificação que cada escola confere às disciplinas que ali são lecionadas em função dos objetivos e finalidades do seu Projeto Educativo e da manutenção da qualidade pedagógica.
A operacionalização das Aprendizagens Essenciais (e dos programas de História do 3º Ciclo, bem como de HGP do 2º Ciclo), obedecendo a uma ótica de trabalho construtivista, em que o aprender fazendo se assume como estratégia estruturante, impede a redução dos tempos letivos nas disciplinas de HGP e de História. Retirar tempo a estas disciplinas é retirar espaço de debate e de reflexão crítica nas escolas, fundamentais para a formação do perfil do aluno do século XXI, para mais atendendo a que cerca de noventa por cento dos alunos não voltarão a contactar com os saberes e as competências potenciados pela disciplina de História no prosseguimento dos seus estudos secundários, não fazendo sentido que, ao fim de nove anos de escolaridade, os alunos não tenham adquirido um conjunto sólido de conhecimentos, capacidades, valores e atitudes, fundamentais para a consciência das identidades nacional, transnacional e global nas quais se inserem.
Só o ensino aprendizagem da História permite compreender o Homem na sua plenitude, através da análise crítica e comparativa de fontes, da reflexão sobre a guerra e sobre a paz, da análise das assimetrias sociais e da relação do homem com o ambiente, em suma, dos desafios que foram passado, mas que são presente e serão futuro. Tal, apenas se consegue desenvolver plenamente com a atribuição de três tempos semanais às disciplinas de HGP e de História.
Assim, qualquer matriz horária que apresentar para estas disciplinas menos de três tempos semanais, sejam eles de 45 ou de 50 minutos, estará a lesar e comprometer, quase fatalmente, a sua qualidade científica e pedagógica, bem como uma das grandes finalidades do ensino da História que é, entre outras, a construção de uma consciência crítica nos alunos, base fundamental de uma cidadania ativa. Por todos estes factos estarem comprovados em qualquer sociedade livre, democrática, culta e consciente da sua evolução mas, também, reforçados pela mais recente posição do Conselho da Europa sobre o assunto, a que abaixo fazemos referência, a APH recusa qualquer redução da carga letiva semanal das disciplinas de HGP (2º Ciclo) e de História (3º Ciclo)!
O documento mais recente, emanado do Conselho da Europa, intitulado Qualidade da educação histórica no século XXI. Educando para a diversidade e para a democracia: ensinando História na Europa contemporânea. Princípios e linhas orientadoras corrobora o que aqui defendemos: “O estudo da História (…) permite aceder às complexidades e à diversidade dos comportamentos humanos passados; possui a capacidade de questionar narrativas diferentes e até opostas; requer que os argumentos apresentados sejam sustentados por evidências sólidas. Mas, nas escolas, a História apenas pode contribuir desta forma se o que é ensinado, a forma como é ensinado e a qualidade das fontes o permitir. Todas as áreas disciplinares contribuem para o desenvolvimento de valores, atitudes, capacidades, conhecimentos e compreensão crítica da ERCCD [Enquadramento de Referência de Competências para uma Cultura Democrática] [1] [mas] a história assume-se como um caso especial, visto que providencia respostas para compreender criticamente o presente, ensinando que qualquer evento do passado deve ser interpretado no seu contexto histórico, de forma a despertar consciência de que as interpretações históricas podem e devem ser debatidas. Os processos de análise e reflexão adquiridos através do estudo da história constituem um padrão de avaliação transferível para qualquer assunto. Daí que o conhecimento e a compreensão históricos aplicados de forma crítica aos sistemas políticos, sociais, culturais e económicos se intersectem com a cultura democrática, necessária para uma cidadania ativa.”
Decorrente do que se afirma acima, no documento emanado do Conselho da Europa, a APH defende que a disciplina de Cidadania deverá ser lecionada preferencialmente por docentes de História, visto estes serem os que se encontram mais bem preparados para ajudar os alunos a desenvolverem uma consciência crítica e proactiva, tal como se encontra previsto na Estratégia Nacional para a Educação da Cidadania e Desenvolvimento.
Pela Direção da APH
Marta Frade Torres
Miguel Monteiro de Barros
Paulo Nascimento Gomes
[1] O Enquadramento de Referência de Competências para uma Cultura Democrática é um documento de referência baseado nos valores do Conselho da Europa: direitos humanos, democracia e estado de direito. Pretende ser um recurso abrangente, que inclui o ensino aprendizagem, a aferição das Competências para uma Cultura Democrática e o diálogo intercultural, de forma transparente e coerente. Fornece um enquadramento sistemático e globalizante para a implementação da Educação para uma Cidadania Democrática, Educação para os Direitos Humanos e Educação intercultural em sistemas formais de educação desde a pré escola, passando pelo ensino básico, secundário e superior.
Consta Que É Ministro
Mas não vê nada, não ouve nada, não sabe nada, não diz nada.
O ministro da Educação esteve no Parlamento mas resistiu em responder a todas as perguntas que lhe foram feitas sobre a contagem do tempo de carreira dos professores. No final, jurou disponibilidade para negociar com os sindicatos. Nada mais.
Há quem me garanta, de forma insistente, maravilhas da pessoa e tal e coisa, que as únicas coisas boas que saem do ME são aqueles em que ele mete a mão. O problema é que então não mete a mão em nada.
Descer É Inconstitucional, Mas Subir Não Foi?
BE e PCP dão passo atrás e chumbam, com o PS, a redução do imposto dos combustíveis
Os dois partidos tinham-se abstido na votação inicial no plenário permitindo a aprovação do diploma do CDS na generalidade. Mas agora defendem que a proposta é inconstitucional e votaram contra na comissão de Orçamento acabando com o processo legislativo.
(se eu fosse muito cínico, diria que pode ter havido uma qualquer promessa para aplicar os milhões que nos sacam do bolso…)
Da Parolice
Há umas semanas tivemos entre nós a realização de uma Skills Summit destinada a muitas coisas e mais algumas sobre competências, tecnologias e isso tudo com uma bambúrrio de convidados (claro que com a OCDE pelo meio), no montante de mais de 65.000€ só para comes, bebes e dormes. A acreditar no Twitter parece que foi uma animação, com muita gente notável e mesmo o ministro Tiago.
Lembrei-me disto – nem sei porquê – ao constatar que o Portal das Escolas em período de pico de tráfego (11 da manhã, 3 da tarde) tem capacidade para suportar o acesso de toda a população infoincluída da localidade de Courelas do Arreganho (freguesia de Arrepios no Espinhaço do Lobo), ou seja, da dona Ifigénia do Rastelo, da dona Zulmira da Venda, da Ti’Micas do Monte Baixo e da Ti’Luzia dos Ovos Moles, quando passam em revista a actualização do instagrame do garboso Ti Zé das Fracas, mocetão vistoso e cheio de vitalidade nos seus 82 verões, porque o 83º teima em não aparecer ou o mural do feice do Bernardo Pito, o rapaz da farmácia da sede do concelho, capaz de fazer reviver até a nefertiti mais defunta.
Afixe-se!
A quem diz que não serve para nada eu diria que servirá para, no mínimo, tanto quanto a Resolução 1/2018, com a vantagem de aqui se testarem certas unanimidades à canhota.
Projeto de Lei 944/XIII
Consideração integral do tempo de serviço docente prestado durante as suspensões de contagem anteriores a 2018, para efeitos de progressão e valorização remuneratória [formato PDF]Autor: Cidadãos,2018-07-12 | Entrada

Fancaria Tecnológica
Tentem aceder ao Portal das Escolas para fazer matrículas electrónicas em hora de ponta (basicamente, no horário útil).