Absolutamente Normal

O ensino profissional, apesar de todos os seus estratagemas, continua a ser uma via de segunda escolha, em especial para alunos a quem é dito que não devem fazer o “regular”. Isso e a pressão para as escolas terem muita “oferta diversificada”. O que irrita é parecer existir a crença de que o “ensino profissional”, por si só, é mais atractivo para alunos que não querem estar em aulas ou estudar. Ou a crença de que esses alunos não existem e que são apenas os professores que não os sabem cativar.

Ensino profissional perde um terço dos seus alunos mais frágeis

Os que chumbaram mais antes, continuam a chumbar mais depois. E 30% abandonam a escola. Segundo o investigador Joaquim Azevedo os dados confirmam que as escolas “não sabem lidar com as crianças que tiveram percursos muito conturbados durante o ensino básico”.

O que me vai cansando em Joaquim Azevedo é que cada vez mais acusa as “escolas” de tudo e mais alguma coisa, sem apontar o dedo com clareza a políticas erradas de combate ao abandono escolar que parecem esquecer tudo o que se passa fora do portão das “escolas”, remetendo para estas um manancial de responsabilidades que não têm forma de satisfazer, sem uma série de parceria eficazes a montante.

E de uma vez por todas: as turmas “alternativas” não podem ser depósitos para tudo e mais alguma coisa e esperar que com pós de perlimpimpim se dê ma alquimia do sucesso de um momento para o outro. Um terço de insucesso até é muito bom e garanto-vos que é um valor que só é obtido com um enorme esforço por parte de quem acaba por colaborar, nem que seja por cansaço, com a estratégia global de fingimento.

villageidiot

22 opiniões sobre “Absolutamente Normal

  1. Há quanto tempo sabemos que os otários que estão à frente dos destinos da Educação são os que menos sabem de Educação?
    Há quanto tempo sabemos que os comentadores/especialistas em Educação percebem tanto da dita como nós percebemos de gramática chinesa?
    É a merda de país que temos. Toda a gente percebe de futebol e de Educação. Até o Magalhães.

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  2. Todos sabem (sabemos) que os alunos oriundos dos chamados CEF , PIEF e afins não possuem um perfil que lhes permita concluir ( a-pren-den-do, note-se ) um 12º ano, mesmo profissional. Ponto. Lembre-se que o plano de estudos dos CP pode incluir ( ou inclui mesmo) disciplinas como Matemática , Português , Línguas , História da Arte e Área de Integração. Sobre a capacidade de assimilarem, mesmo pela rama, os seus conteúdos, não me alongo. Nem com professores “preparados”, porque não há milagres. Quanto ao sucesso ” quantitativo” , o título do post e o último parágrafo dizem tudo.

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  3. Transcrevo, com pequenas alterações, o que já mencionei no “Arlindo”:
    “É fácil acusar a escola. Tão mais fácil quanto há 35 anos a terá mandado dar uma voltinha… Ficam, depois, de camarote, nos gabinetes ministeriais, nos conselhos disto e daquilo, nas faculdadezinhas, nos institutos… – onde pouco terão feito – apesar dos cargos de decisão/ influência que foram ocupando – ou a escola de hoje ( de onde se puseram a milhas) seria avaliada como um primor… (ah, pois é… coitadosas… vítimas das forças da reacção e de resistência à mudança… que bloqueiam estas mentes iluminadas e luminosas lá ao longe e à distância)…
    Creio que a católica deveria, ao invés da seletividade na entrada, escancarar as suas portas e meter estes meninos de ” insucesso” nos seus cursinhos de direito, economia e gestão e mostrar como vão passar a concorrer com os da Nova… mas… como os restantes seus colegas do superior não deverão estar pelos ajustes – que a qualidade e o prestígio são para salvaguardar… o sr. em causa pode sempre regressar à escolinha durante, pelo menos, uns 3 aninhos, com o horário/ funções e deveres como qualquer outro docente destes níveis de ensino (e sem qualquer regalia especial) e depois que “ponha faladura”!
    Não há “ciência” credível que se faça do balcão! O “laboratório” (termo inadequado para o que fazem mas o mais próximo de uma ciência a sério) desta gente é a “escola não superior” mas nunca lá batem com os costados! Investigadores dos inquéritos, das opiniões e da treta!”

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  4. Se estes senhores conhecessem os programas de algumas disciplina da componente científica ou técnica (alguns deles tirados de cadeiras de cursos superiores com o mesmo nome) de diferentes cursos profissionais, chegavam facilmente à conclusão que 30% de abandono é muito bom e só é possível graças aos professores que as leccionam.

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    1. Sim, a culpa é dos programas. Os alunos que estão a defecar para tudo o que seja escola nada têm a ver com o assunto.

      O tudólogo Azevedo agarra-se ao holismo e culpa as escolas – o todo – para não parecer mal apontar à parte – os professores -; a pipa culpa os programas. Os alunos são meraa vítimas.

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      1. Nem mais!!!

        Nestes 30% , cerca de 99% foram trabalhar ( muitos já têm 18 ou mais anos com pais desempregados de longa duração, luz e água para pagar); foram ter meninos; fugiram com namorados/as; foram até à cadeia; emigraram;… ou simplesmente passeiam-se pelo espaço escolar e, ocasionalmente, vão fazer turismo à sala de aula … caso não os incomodem até chegam ao fim da aula sem mandar alguém fod***** ou para o cara*** e depois ainda querem provas de recuperação… – À moda destes Joaquins Azevedos.

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  5. Permito-me (permitam-me), usar uma linguagem corrente para pôr as coisas em “pratos limpos” : o facto de aqueles alunos – manifesta e declaradamente – não terem “queda” para os estudos, tal não significa que sejam inúteis à sociedade ou não tenham préstimo algum. Longe disso! Terão, sim, de “aprender uma arte”, isto é, uma profissão, onde os saberes ou competências profissionais sejam adquiridas pela prática ou no papel de “aprendizes”, libertando-os daquelas matérias escolares “chatas” que tanto odeiam ou para as quais não possuem capacidades ou vontade. Isto é discriminatório? Não é ! Como alguém diria, ” é a vida”…

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    1. Finalmente ,alguém que pense nos interesses dos alunos.

      Se o mau aluno estiver dentro da escolaridade obrigatória adquirirá mais competências estando na escola do que fora dela. Por muito que custe a todos nós.

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  6. Os cursos profissionais das escolas regulares não têm a qualidade necessária. Mantêm uma componente teórica grande e falta-lhes a componente prática de quem a sabe ministrar.

    Há excepções.

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  7. Os cursos profissionais só resultam se dois terços do curso for passado em empresas.
    Como Portugal não é a Alemanha e as empresas não recebem €€€€ para ter la os putos e não há sequer empresas suficientes em certas regiões, este cursos serão sempre de faz de conta.
    Quem diz o contrario que coloque lá o próprio filho(a).

    Quanto aos chumbos. Só chumba que falta muito. O resto passa tudo.

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