Nada Como Uma Boa Relação Entre Antigos Colegas Vereadores

A excitação que vai ali pelos terrenos e futuras acessibilidades da velha Aldeia Galega é uma coisa que nem se imagina.

Aeroporto no Montijo e obras na Portela custarão mil milhões de euros

E depois há a parte risível:

Marques Mendes também disse ter apurado que as duas obras (Portela e no Montijo) custarão qualquer coisa como “mil milhões de euros”que serão pagos totalmente pela ANA. “O Estado não vai despender um único euro”, afirmou, informando que, em contrapartida, a concessão da ANA será alargada para integrar os dois aeroportos durante 50 anos.

Money3

Olhó Zé!

Este é assumidamente um post com maus fígados, porque há uma altura em que um tipo perde a paciência, por muito que se queira manter as coisas em perspectiva.

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Hoje ao fim da tarde, encontrei na TVI24 o operacional de serviço no concelho onde lecciono, que até este ano ia quase sempre fazer as prédicas à minha escola, sendo que estava a dirigir a única reunião sindical a que fui, há quase 10 anos, antes do rapaz se amofinar com as minhas perguntas e me mandar sair, com todo o sentido de democracia e diálogo que lhe assiste, quando não parte apenas para a estratégia de falar mais alto do que os outros. Com uma redução de quase 80% do horário lectivo, é capaz de ter 4-5 horas de aulas por semana, na pior das hipóteses para ele. E ainda querem que uma pessoa se sinta bem “representada”. Logo na véspera da coisa é morte certa de qualquer vontade. Phosga-se!

(e que se lixe que digam que estou a devolver ataques ad homimem… não sou cristão, pelo que não esqueço, não dou a outra face e raramente perdoo a este tipo de criaturas)

O Bloco, Os Professores, O Orçamento

A transcrição de parte da entrevista de Catarina Martins ao DN vai ser longa. Há muitos detalhes errados nas perguntas e mesmo nas respostas. Usa-se o termo “descongelamento” de forma quase arbitrária. Diz-se que há escalões em que só podem progredir metade dos professores quando são muito menos em virtude das quotas e vagas abertas de forma administrativa. E os entrevistadores ainda vão buscar, a esta altura, a inenarrável conversa dos “retroactivos”, o que só pode demonstrar uma espécie de estranha ignorância.

Mas, no fundo, não sei bem qual a posição concreta do Bloco (embora o Expresso saiba), em termos de linhas vermelhas, para além da causa (justa) das pensões. No Público já se dá por aprovado o orçamento e eu acho que têm razão.

Um outro tema que a determinada altura pareceu ser fundamental para que possa haver Orçamento no próximo ano. É verdade que a posição do Bloco já terá variado um bocadinho sobre esta questão, que é a questão dos professores. Em julho lembro-me de que a Catarina Martins disse que sem um acordo com os professores não seria possível ou seria muito difícil sequer negociar este Orçamento. A questão é saber se o acordo com os sindicatos que representam os docentes é possível e se esse acordo existir, ou se não existir, se é possível aprovar o Orçamento?

Há aqui uma discussão que não está colocada no sítio certo, que é fazermos de conta que o Orçamento passado não existiu. O Orçamento passado diz que é preciso descongelar as carreiras tendo em conta o tempo de serviço.

E isso foi cumprido?

Mas está aprovado na lei.

Mas foi cumprido?

Não foi cumprido.

Houve descongelamento de carreiras?

Sim.

Uma coisa é o descongelamento, outra coisa é a compensação pelos anos em que elas tiveram congeladas.

Mas não é isso que os professores pedem. O erro está aí. Os professores não estão a pedir nenhuma compensação pelos anos que perderam. Não estão a pedir retroativos de nada. O que é que os professores estão a pedir? Estão a pedir que quando sejam reposicionados nos vários escalões da carreira sejam tidos em conta aqueles nove anos em que esteve congelada. Portanto, uma pessoa que trabalhou aqueles nove anos há de ter uma progressão; uma que só trabalhou sete anos há de ter outra, mas os nove anos contam para saber em que escalão é que os professores ficam.

O que é que diz o Orçamento do Estado que foi aprovado no ano passado? É que esses nove anos têm de contar para o reposicionamento dos professores na sua carreira. Mas também diz o seguinte, e é isso que abre a porta às negociações: que a forma como é feito esse descongelamento há de ser negociada no tempo. Ou seja, nós aceitámos que em vez de se reposicionar os professores todos logo nos escalões respetivos, que seria num único ano um grande esforço orçamental, se pensasse ao longo do tempo como é que se poderia fazer esse reposicionamento. Ou seja, os professores recuperavam X anos agora, outros anos no Orçamento seguinte etc. para espalhar esse esforço orçamental. Nunca estamos a falar de pagar retroativos. Estamos só a dizer em que posição da carreira é que as pessoas ficam com os anos que têm. Acresce que os professores, que é uma coisa que muitas vezes não é dita, têm escalões em que só metade é que podem passar, ou seja, há mecanismos que já são muito violentos, que já tolhem a carreira dos professores, que não os deixam subir de escalão e portanto nem sequer estamos a falar em acabar com esses mecanismos. Nada disso.

Mas é óbvio que esse reposicionamento tem um custo real, ou seja, as pessoas progrediram na carreira e não têm tido retroativos, não é?

Tem um custo real mas, mais uma vez, não estão a pedir retroativos, só estão a pedir para ficarem no sítio certo da carreira e que isto seja feito faseadamente. É este faseamento que o governo pode renegociar e se conta ou não o tempo de serviço. E o que nós dizemos e vamos continuar a dizer é: o BE não vai aprovar neste Orçamento nenhuma medida que permita ao governo não cumprir o que foi aprovado no outro Orçamento, o que quer dizer que os professores neste momento têm a lei do lado deles e, portanto, é aconselhável que este Orçamento do Estado, para ser bem executado, já fosse pensado com as negociações fechadas para se saber exatamente qual é o impacto orçamental do descongelamento em cada ano.

E se as negociações não estiverem fechadas?

Bem, o governo pode sempre fazer uma parte do descongelamento no próximo ano. Os sindicatos nunca fecharam a porta a que uma parte dos descongelamentos fosse feita agora e outras nos próximos anos. O problema é que depois não acaba. Não fica fechado. Porque o governo, imagine, dá agora os dois anos e não sei quantos quer dar em vez dos nove em 2019. Muito bem, mas em 2020 vai ter de dar mais, porque a lei que nós aprovámos em 2018 dizia que era o tempo de serviço todo. Portanto, se o governo não negoceia, acaba por estar a passar para o próximo governo um bom berbicacho que devia resolver.

Mas, de qualquer forma, para que haja aprovação do Bloco a este Orçamento tem de haver algum tipo de acordo com os professores agora?

Tem de haver verba orçamental para descongelar a carreira. E nós não vamos aprovar outra lei, a menos que a direita faça isso e eu espero que não, o governo mais tarde ou mais cedo…

Head Spin

 

Nem Desburocratização, Nem Desmaterialização

Não há promessa de simplex que tenha verdadeira concretização na vida das escolas. Sim, existem meios digitais e plataformas, mas isso apenas significa que se duplicam os documentos, porque o suporte em papel permanece e, mais grave, a cada nova investida legislativa corresponde mais uma camada de documentos a produzir e papelada a imprimir. A articulação tem novos “instrumentos”; assim como a flexibilização. Mais a nova Cidadania e Desenvolvimento. Planificações e critérios. Instruções e guiões. Registos, monitorizações e avaliações. Sugestões. Actas galore.

Estava a verificar tudo o que já tive de “elaborar”como delegado de grupo e director de turma desde o início do ano letivo, assim como ainda devo fazer (e como eu tantos outr@s colegas com funções similares) a breve prazo para um próximo CP. A perda de tempo é impressionante, tudo para que existam registos a comprovar o que se fez, deveria ter feito ou convém anunciar que se pretende fazer.

Tudo articulado e flexível, desde que rigorosa e rigidamente padronizado nos formatos e modelos certos a trebuchet à escala e espaçamento com a devida adequação. Se possível, ao mesmo tempo, em coro. Dossiers e pens. Gigabytes e palettes de inutilidades, nascidas da desconfiança.

E o mais ridículo é que quem assim determina superiormente, ainda tem a distinta lata de se afirmar inspirado pelos Pink Floyd. Não percebo se é mesmo falta de pudor ou apenas pura e simples estupidez. Ou as duas.

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