Desumanidades

Na sequências das peças no Público e Expresso de sábado sobre os aspectos menos brilhantes da “Educação Inclusiva”, duas encarregadas de educação da zona de Viana chamaram-me a atenção para os testemunhos que colocaram publicamente numa rede social, pelo que aqui as identifico sem problemas, com a sua autorização, apenas fazando ligeiros acertos na grafia ou a inserção de parágrafos ou de um link em vez da notícia em si.

Cristina Franco:

Porque verifico que esta notícia me implica e há esclarecimentos que faltaram, tomo a liberdade de tentar clarificar um pouco :

“Claro que não tenho a situação resolvida! Até porque a situação relaciona-se com um recurso hierárquico de pedido de reavaliação de notas negativas que na anterior escola deram ao meu filho por incumprimento do seu PEI que até hoje não tem resposta dos serviços a não ser um estranho ofício quase 2 meses depois do meu envio, dizendo que o meu pedido estava indeferido por ter dado entrada fora dos 5 dias úteis de prazo o que não corresponde à verdade e se deve a algum lapso, com certeza. Entreguei-o em mão em tempo e já enviei comprovativo de novo aos serviços, solicitando revejam com atenção todo o processo de 684 páginas, a fundamentar os factos que elaborei cuidadosa e responsavelmente, na certeza de resolução justa e atempada. Até deliberação dos respectivos serviços a este meu recurso de revisão de notas que injustamente foram aplicadas ao meu educando, a escola nova em Viana do Castelo, que é alheia a todo o ocorrido anteriormente, também terá dificuldade em saber concretamente o que fazer com o aluno (P. Exemplo que disciplinas tem feitas ou não, já que o aluno tinha a medida de fazer o ano por disciplinas).

São, nesta nova escola impecáveis, atenciosos e preocupados em resolver a bem do aluno o melhor percurso, em conjunto comigo, mas falta uma justa resposta dos organismos ao meu pedido, que compromete acções e praticas, para lá do que já provocou de prejuízo na sua autoestima e motivação para a escola e para o estudo, rotina que vínhamos há anos a concretizar em cooperação escola–casa, interrompida no passado ano lectivo na nova escola perto de casa onde entendemos e acreditamos, tinha o direito de estar. É tempo demasiado para nós sem resposta concreta. Fico com a ideia que o senhor secretário de estado não saberá exactamente o que está em questão, que se prende com o ano anterior e influi obviamente neste (acrescente-se que da escola anterior, enviaram a esta, de Viana do Castelo o processo individual do aluno apenas dia 1 de Outubro corrente) . Apesar de praticamente todos os organismos da tutela terem conhecimento do sucedido, porque em confiança, a eles recorri desde Março passado, após tudo ter tentado com a escola, sem sucesso.

O meu filho tinha todo um percurso bem sucedido de trabalho e empenho numa escola, e ao mudar para outra perto da sua comunidade, no ano anterior, a visão dessa nova escola era radicalmente oposta, assente nas mais baixas expectativas quanto às suas capacidades e a partir daí foi um incumprimento quase total do seu PEI e das premissas que até ali, tinham dado frutos. Depois foi fácil imputar os insucessos na suposta limitação do aluno. É tão fácil fazê-lo! Isto não é aceitável e eu como encarregada de educação tinha a obrigação de agir em prol dos direitos do meu filho, sem assinar de cruz aquilo que não fazia sentido, (aceitar um CEI), face ao percurso dos últimos 3 anos com outros profissionais que inclusive, foram por estes novos colegas colocados em questão, dada a admiração que me transmitiam quanto aos bons resultados que o aluno tivera antes. Acho que só neste país!

Peço – pedi recurso hierárquico fundamentado em início de Agosto, após manutenção das posições pela direção da escola, como o mínimo que posso fazer agora enquanto mãe com a responsabilidade de defender e dignificar a vida do meu filho. Se passam alunos (inclusive neurotipicos), com 6 e mais negativas, não vejo porque o meu educando não tenha no mínimo direito à mesma deliberação, sobretudo quando está claro que a incapacidade maior, não foi dele. Todo o meu processo composto de 684 páginas o demonstra, mas a resposta que passou por várias entidades da tutela, Tarda em chegar, vá-se lá saber porquê! ” É lamentável haver a necessidade de expor este género de humilhações porque passamos, sobretudo os nossos filhos, além de ser preciso que tenhamos essa coragem porque o que não nos serve jamais é o silêncio. Infelizmente não nos serve! Termino na certeza de que não se trata de caso único, embora o façam querer demonstrar – as redes sociais estão cheias de partilhas semelhantes! Respeito é o que nos é devido e não fazerem de nós casos únicos, ainda por cima resolvidos, quando a verdade vai muito para além disso!

Ana Maria Oliveira:

As inverdades do Secretário de Estado.

“Os alunos com deficiência têm exatamente os mesmos recursos e medidas que tinham no ano passado.” É mentira.

O caso do Vasco e da Cristina Franco é apenas um entre outros tantos milhares é preciso dizer a verdade, perder o medo e denunciar . não vale tudo para esconder a realidade.

Para quem não consegue ler a noticia toda do Expresso pode ser consultada neste link:

https://www.arlindovsky.net/…/pelo-expresso-se-esta-tudo-b…/

São inúmeras as mentiras, não faltam relatos de crianças que perderam todos os apoios. O secretário de estado não vê ou não quer ver a realidade.

Acrescentar que esta noticia vem na sequência de uma noticia do Público

https://www.publico.pt/…/mudanca-de-regime-deixa-muitos-alu…

Não são apenas crianças com Necessidades de Saúde especiais que estão sem apoios devidos são milhares as crianças com necessidades educativas especiais que não tem os apoios que precisam. relatos de diretores e pais nas redes sociais são o que não falta.

https://www.arlindovsky.net/…/pressa-na-mudanca-de-regime-…/

http://www.comregras.com/educacao-inclusiva-com-problemas-…/

Chegam à CNIPE e chegam a diversos movimentos as denúncias. A própria Pais em rede disse algo diferente na noticia de sábado.

O Vasco não tem a situação resolvida, não é único caso no distrito de Viana do Castelo nem no Pais. esconder a realidade dizendo que são questões pontuais é mentir. há milhares de crianças NEE sem apoios devidos problemas que não são pontuais mas casos nacionais.

Há crianças com NEE que não tem escola ou estão ser aconselhados a sair da escola pública.

A situação não está resolvida e mais, o senhor secretário de estado parece não conhecer a própria lei ao falar em necessidades de saúde especiais. será que os antigos NEE agora vao ser apelidados de NSE ( meninos doentes)? Com tanto problema e desconhecimento do próprio diploma por aqueles que fizeram a lei não será caso para dizer que é melhor parar antes que a situação se torne mais grave?

A culpa não é das escolas, a culpa é dos governantes que lançam leis sem acautelar os direitos das crianças, sem terem meios nas escolas, sem acautelarem a operacionalidade da lei.

Há milhares de crianças sem apoios educativos, sociais, e que tem impacto na sua vida escolar, familiar, na sua inclusão social e na sua saúde.

Apelo aos pais para que façam chegar os vossos problemas à CNIPE para que denuncia massiva dos problemas possa contribuir para que haja uma politica realmente inclusiva.

Enviem os problemas para cnipe.cnipe@gmail.a confidencialidade fica assegurada se assim entenderem.

Divulguem a partilha desta mãe para que outros milhares de pais tenham a oportunidade de denunciar a realidade

#supenderDL54

Megafone

 

5 opiniões sobre “Desumanidades

  1. Desumanidade sem fim. Sem palavras. Um abraço, toda a força para estes Pais e jovens. É chocante aquilo que se passa. Assim é, infelizmente, por muito mais lados do que parecem e querem fazer crer. Paulo, infelizmente, coloco um gosto. Mais uma vez, não pelo conteúdo mas pela teu interesse em ajudar e coragem em expor tudo isto, tão delicado e duro. Força para todos nós.

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  2. Quem é esta gente que reduz tudo a números e a DL? Gente de uma ignorância crassa e que decide, assim, a vida de tantos? Como se os outros não fossem Gente.
    Maior. Tão sem nada.

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  3. Lecciono numa escola em meio rural, pobre, em que os encarregados de educação não têm capacidade de denunciar a situação em que os filhos NEE (não me lembro do nome novo) se encontram. Uma dessas alunas todos os dias questiona a dt, expectante, de olhos grandes, sobre a sua situação. E a dt não lhe sabe dizer. Apenas aguarda.

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  4. Estes meninos, a quem a Natureza cruel, não deu os mecanismos essenciais para sobreviverem sozinhos e inserirem-se na vida ativa de forma autónoma, apenas contam com a luta dos pais e dos professores. Nenhum pode falhar! Porém a escola tem cada vez menos meios para apoiar estes jovens e os pais.

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