Sim, as coisas podem piorar. E de uma forma em parte absolutamente inesperada. Sim, o velho Valter Lemos decidiu entrar na liça e também opinar sobre o conflito entre os professores e o governo. Absolutamente inesperado é que algumas partes do seu texto façam sentido, em especial se taparmos nome e foto do autor.
Mais complicado é quando o velho Valter Lemos decide escrever o seguinte:
É evidente que o tempo ideal para negociar alterações teria sido o tempo do congelamento, para que, aquando do descongelamento, o problema estivesse, pelo menos, minimizado. Mas, como se sabe, o anterior Governo no que a tais questões diz respeito, limitou-se a “fazer de morto”, ou a revogar o que anteriormente havia sido aprovado.
O quê?
Mas então quem era secretário de Estado da Educação quando foi decretado e cumprido o primeiro congelamento de 2 anos, 4 meses e 2 dias?
Ganda nóia!
Mas então quem era secretário de Estado quando foi imposto o ECD de 2007?
Sim, claro, o velho Valter Lemos gostaria que permanecesse a divisão entre titulares e não titulares, mas eu garanto que os estrangulamentos no acesso aos 5º e 7º escalões ainda acabam por ser mais prejudiciais para os professores dos que os introduzidos nos tempos de MLR/Lemos/Pedreira.
Já agora, quem era governo, desde Novembro de 2015, quando o congelamento foi renovado em 2016 e 2017? O João Ratão e a Carochinha?
Mas o velho Valter Lemos também atinge um ponto alto da falácia quando escreve a finalizar o seu artigo que se os professores acedessem a mudar o seu estatuto o governo ficaria sem argumentos. Atentemos:
Mas, não é só o Governo que deve refletir sobre isso. Os professores também necessitam de o fazer. Porque a sistemática recusa de alterações ao seu estatuto de carreira também põe em causa a evolução referida. Se a progressão na carreira estivesse estruturada para que o tempo de serviço não tivesse muito mais peso do que tudo o resto, existindo outros fatores significativos, como acontece noutras carreiras da função pública, o atual argumentário do Governo não poderia existir porque não faria qualquer sentido!
Mas ele não teve tempo de falar com o Paulo Trigo Pereira ou ouvir o Porfírio Silva e perceber que António Costa e o PS pura e simplesmente não querem devolver o tempo de serviço sonegado e que para o justificar se estão nas tintas para qualquer lógica argumentativa?
Se há casos em que a publicação de um texto é especialmente cruel por ser fácil verificar que ele não tem qualquer relação com a realidade, este é um deles. O velho Valter Lemos até pode achar que não, mas o seu argumentário não faz qualquer sentido.

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