Estratégias – 1

A desenvolver:

PS – apostado em ganhar a maioria ao centro graças à absoluta inépcia de uma liderança do PSD escolhida a pedido. O núcleo duro acha que os professores devem pagar a oposição feita nos tempos de Sócrates e que abriu a brecha que levou à sua queda. Em nenhum momento António Costa considerou ou considerará, numa posição de força, satisfazer qualquer reivindicação “justa e razoável” dos professores.

PCP/Bloco – depois de uns ziguezagues sobre estes assuntos, parecem ter percebido que mais vale – sem consequências práticas ao nível do Parlamento – darem a entender que apoiam a causa dos professores e assim ganharem os votos que fujam do PS para as manter na geringonça e evitar uma maioria absoluta. Mas, como se viu pela reacção à ILC, se colocados contra a parede, optarão sempre por outras causas, o PCP pelos pensionistas que fazem parte importante do seu eleitorado e o Bloco por causas “civilizacionais” pois parecem achar que a sua base são as tertúlias urbanas alternativas.

PSD/CDS – acham que o assunto não é com eles e apenas uma quezília interna da geringonça. Em caso de terem de tomar uma posição será a da abstenção. O PSD, no fundo, concorda com o PS mesmo quando diz o contrário e o CDS nem se preocupa muito com o assunto, apenas aproveitando para umas picadelas desde que exista um microfone perto.

Claro que estes posicionamentos parecem bastante lógicos. Resta demonstrar até que ponto a maior parte pode estar, nem seja em parte, equivocada.

batmannthink

(se há outros partidos? há, mas a sua influência é mínima… a menos que seja para aprovar leis sobre os direitos dos bichos-de-conta)

Casos

Testemunho de um colega – bem mais novo do que eu – que não chegou a tempo de entrar no artigo deste mês para o JL com o título Educação Hiper-Realista. Entretanto já sofreu uma “edição” depois da publicação inicial, para evitar detalhes mais específicos que revelassem a autoria. Os tempos andam complicados…

Colega,

Escrevo-lhe para denunciar, tentar perceber, desabafar…. Nem sei! Trabalho numa TEIP super conhecida (pelas piores razões, diga-se) onde, diariamente, travo lutas inglórias!

Trabalho no grupo 220, tento (sim…tento), lecionar português a turmas de 5º e 6º…. A turma de 5º, composta exclusivamente por alunos de etnia, totalmente desinteressados, dizem os entendidos, por questões culturais, absentistas, indisciplinados, sem bases mínimas…

Dividir palavras em sílabas, por exemplo, é um drama! Outra turma, 6º ano, quase exclusivamente frequentada por alunos com retenções, que acham “a escola uma seca”, que escrevem (copiam) dois parágrafos e se cansam….. Que proferem, sem o mínimo pudor, que não escrevem para não gastar cadernos…

A realidade é esta! Perante queixas, sugestões, ouvimos apenas que “é tudo para passar, ordens do ME e do Ministro!” Pergunto: e as turmas (poucas) que não se deixam contagiar por esta negligência total??? Mais: fiz licenciatura, pós graduação, mestrado, na área da educação/aprendizagem/desenvolvimento para…..????

São os docentes animadores, palhaços??? Quem põe travão nisto? De que forma???

Grato!

(professor devidamente identificado, bem como o agrupamento onde lecciona)

Burnout

O Que Faz Algumas Pessoas Não Lhes Publicarem Os Irrelevantes Comunicados Sempre Que Lhes Dá Jeito (Versão As Sem Gralhas Matinais)

Nos tempos do Umbigo, aquilo funcionava como uma espécie de repositório de tudo e mais alguma coisa. Neste Quintal, de dimensões mais modestas, há alguma selecção dos materiais e, mesmo publicando-se alguns que não sejam propriamente os mais próximos das minhas posições, é evidente que passei a não deixar à vista tudo o que me mandam. Isso inclui, por exemplo, os comunicados da Pró-Ordem que, até certa altura, recebi e divulguei ou os artigos do seu presidente perpétuo.

Só que a Pró-Ordem se tem revelado particularmente ineficaz em constituir uma Ordem dos Professores (com muito menos tempo há quem tenha feito muito mais), sendo uma micro-organização que nem percebo se chega a ser sindical, servindo apenas para um par de pessoas andarem por aí a fazer qualquer coisa que não sabemos exactamente o que é, excepto quando a luz alheia as ilumina de raspão. Ou, se bem me lembro, a irem levar nas orelhas em reuniões em sedes partidárias, ainda nos tempos de MLR. Mas a memória, claro, pode estar a falhar-me.

O presidente da Pró-Ordem, contudo, tem a noção exacta desse tipo de pequenez ao afirmar, no rescaldo da manifestação de ontem o seguinte para justificar a sua dimensão menos satisfatória:

Também presente no protesto, o presidente da Pró-Ordem dos Professores, Filipe do Paulo, mostrava algum incómodo quando era inquirido sobre o porquê de dez sindicatos não terem conseguido arregimentar mais manifestantes – apesar de terem estado presentes docentes de vários pontos do país. E optava por culpar a blogosfera: “Infelizmente, há blogues com programas anti-sindicais que espalham a confusão e o populismo.”

O Filipe do Paulo parece voltar aos tempos em que os “blogues” produziam muito “ruído” e dificultavam a “comunicação”. O que é interessante é que os blogues já não são o que eram – em quantidade e na sua própria natureza – mas continuam a assustar. Mesmo se a maioria não se envolve em qualquer tipo de iniciativas “anti-sindicais” e até tem uma atitude bastante colaborativa com a agenda oficial da Plataforma Sindical.

No entanto, parece que alguns blogues (quantos? quais? seria bom que Filipe do Paulo tivesse as vértebras no sítio para dar esses detalhes) terão uma alegada capacidade para impedir que uma dezena de sindicatos, com centenas de dirigentes, milhares de delegados e dezenas de milhar de associados, consigam os sucessos que desejam.

Isto só não é totalmente patético, porque, se calhar nessa parte concordo, há “sindicatos” como a Pró-Ordem que terão menos associados reais do que os visitantes neste blogue durante o período da manhã de um dia fraco.

Se com esta réplica estou a enfiar o barrete da acusação do Filipe do Paulo? Talvez sim, talvez não. O que sei é que eu mantenho este blogue (e mantive o Umbigo quase 10 anos) sem precisar de anos a fio de 100% de redução da componente lectiva, assim como acontece com outros colegas de blogosfera. E que qualquer deles (nem falo por mim) será mais facilmente reconhecido nas escolas como alguém empenhado na defesa da classe docente do que certos “representantes” profissionais que às vezes chegam ao palco para fazerem de figurantes tristes.

E já agora, ó Filipe, “populista” será a avozinha da senhora sua vizinha do 5º esquerdo que é prima do porteiro do secretário de alguém que conhece um brasileiro que vai votar no jair.

Anao

A Máquina Em Movimento

O ME está com toda a força do aparelho que não implodiu (há áreas onde a implosão foi notória e quase sem remédio) e se tornou mera extensão operacional da ideologia do momento, a empurrar a agenda definida pelo SE Costa e a que o ministro Tiago parece aderir com uma assinalável falta de análise crítica. Esta semana andarão os dois por escolas do país a espalhar as palavras – desconhecidas até esta equipa chegar à 5 de Outubro – da “flexibilidade”, da “autonomia”, da “cidadania” e da “inclusão”. Não vou particularizar os casos que me são relatados mais em detalhe, mas as convocatórias à força de todos os professores e mesmo alunos de alguns estabelecimentos escolares são o melhor exemplo da abordagem flexível destas matérias e da “autonomia” como se concebe o exercício da “cidadania”. Professores e alunos são ajudados à força como a velhinha que não queria atravessar a estrada. Talvez fosse mesmo melhor, em especial num caso, informarem-se do que por lá se possa em termos de anquilosamento das práticas. No outro, continuo a achar que existe um evidente défice ao nível da consciência ética deste tipo de intervenções, que deveria impedir certas aparições, mas o melhor é desistir porque os tempos são de vale-tudo.

Entretanto, há quem rebole de prazer em formações oficiais não acreditas mas que permitem ficar com um “selo digital” [sic] como a que aqui deixo e está acessível na área exclusiva das direcções (Formação MOOC Flex).

Entretanto, um mês depois do arranque do ano lectivo, parece que começam a aperceber-se que a aplicação do 54/2018 não estará a ser tão pacífica como deveria e pede-se para, numa perspectiva de versão beta do diploma, as escolas reportarem os bugs.

DGE Inclus