Nos tempos do Umbigo, aquilo funcionava como uma espécie de repositório de tudo e mais alguma coisa. Neste Quintal, de dimensões mais modestas, há alguma selecção dos materiais e, mesmo publicando-se alguns que não sejam propriamente os mais próximos das minhas posições, é evidente que passei a não deixar à vista tudo o que me mandam. Isso inclui, por exemplo, os comunicados da Pró-Ordem que, até certa altura, recebi e divulguei ou os artigos do seu presidente perpétuo.
Só que a Pró-Ordem se tem revelado particularmente ineficaz em constituir uma Ordem dos Professores (com muito menos tempo há quem tenha feito muito mais), sendo uma micro-organização que nem percebo se chega a ser sindical, servindo apenas para um par de pessoas andarem por aí a fazer qualquer coisa que não sabemos exactamente o que é, excepto quando a luz alheia as ilumina de raspão. Ou, se bem me lembro, a irem levar nas orelhas em reuniões em sedes partidárias, ainda nos tempos de MLR. Mas a memória, claro, pode estar a falhar-me.
O presidente da Pró-Ordem, contudo, tem a noção exacta desse tipo de pequenez ao afirmar, no rescaldo da manifestação de ontem o seguinte para justificar a sua dimensão menos satisfatória:
Também presente no protesto, o presidente da Pró-Ordem dos Professores, Filipe do Paulo, mostrava algum incómodo quando era inquirido sobre o porquê de dez sindicatos não terem conseguido arregimentar mais manifestantes – apesar de terem estado presentes docentes de vários pontos do país. E optava por culpar a blogosfera: “Infelizmente, há blogues com programas anti-sindicais que espalham a confusão e o populismo.”
O Filipe do Paulo parece voltar aos tempos em que os “blogues” produziam muito “ruído” e dificultavam a “comunicação”. O que é interessante é que os blogues já não são o que eram – em quantidade e na sua própria natureza – mas continuam a assustar. Mesmo se a maioria não se envolve em qualquer tipo de iniciativas “anti-sindicais” e até tem uma atitude bastante colaborativa com a agenda oficial da Plataforma Sindical.
No entanto, parece que alguns blogues (quantos? quais? seria bom que Filipe do Paulo tivesse as vértebras no sítio para dar esses detalhes) terão uma alegada capacidade para impedir que uma dezena de sindicatos, com centenas de dirigentes, milhares de delegados e dezenas de milhar de associados, consigam os sucessos que desejam.
Isto só não é totalmente patético, porque, se calhar nessa parte concordo, há “sindicatos” como a Pró-Ordem que terão menos associados reais do que os visitantes neste blogue durante o período da manhã de um dia fraco.
Se com esta réplica estou a enfiar o barrete da acusação do Filipe do Paulo? Talvez sim, talvez não. O que sei é que eu mantenho este blogue (e mantive o Umbigo quase 10 anos) sem precisar de anos a fio de 100% de redução da componente lectiva, assim como acontece com outros colegas de blogosfera. E que qualquer deles (nem falo por mim) será mais facilmente reconhecido nas escolas como alguém empenhado na defesa da classe docente do que certos “representantes” profissionais que às vezes chegam ao palco para fazerem de figurantes tristes.
E já agora, ó Filipe, “populista” será a avozinha da senhora sua vizinha do 5º esquerdo que é prima do porteiro do secretário de alguém que conhece um brasileiro que vai votar no jair.

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