Em matéria de Educação, o actual PSD parece um animal apanhado a meio da estrada, encadeado pelas luzes de um carro, ficando sem saber para que lado se deve mover: voltar para trás e recuperar o programa liberal do “Estado Mínimo” de Passos Coelho que tão belos serviços prestou à erosão da Escola Pública ou avançar para um programa verdadeiramente social-democrata em que a Educação é do Estado Social Moderno, mesmo que com matizes de terceiras e quartas vias? A actual liderança foi a forma encontrada por uma coligação pouco coesa de “interesses” e cliques locais e regionais acederem a verbas europeias sem o embaraço da acrimónia que parecia inultrapassável entre Passos Coelho e António Costa. Em nenhum momento foi um “projecto” de tipo nacional, com uma visão sobre o país e muitas áreas da governação.
O problema é complicado, porque a Rui Rio não se conhece qualquer pensamento sobre a matéria e quem na sua direcção tem currículo na área (David Justino) tem um lastro difícil de ultrapassar, tanto o do ter sido ministro a meio caminho de qualquer coisa, como o de ter andado pelo CNE a tentar fazer política alternativa, em especial à dos primeiros tempos da geringonça. Pelo que, agora, fica com a credibilidade bastante diminuída quando aparece a fazer intervenções bastante contraditórias com as que defendeu enquanto decisor político ou “técnico”.
Perante isto, qualquer tentativa de oposição ao PS soa a falso, seja porque em algumas matérias as soluções são de continuidade há 10-15 anos e, em boa justiça (carreira docente, gestão escolar, promoção do sucesso a todo o custo, municipalização), o PSD não discorda do que tem sido feito (Nuno Crato continuou o essencial do que tinha sido legislado por Lurdes Rodrigues) e no restante (currículo, avaliação externa) carece de quem tenha preparação técnica e credibilidade política para apresentar políticas alternativas. No Parlamento, na Comissão de Educação e Ciência, os representantes do PSD são em boa parte órfãos políticos e praticamente a ninguém se conhece qualquer intervenção minimamente significativa sobre Educação, se exceptuarmos aparições para microfones e câmaras, em modo reactivo. Raramente de forma pró-activa. Quase sempre a reboque de questões mais ou menos episódicas para as quais nada contribuiu, o PSD é um zero ao centro em matéria de Educação, nem parecendo preocupado em ser a voz das “famílias” (isso ficou na herança pafista do CDS), quanto mais a dos professores, acerca dos quais partilha exactamente os mesmos preconceitos que a maior parte do PS, naquele grande Centrão pastoso, que se refugia em argumentos de racionalidade económica e orçamental, para justificar opções que mais não fazem do que querer “mais com menos”. Sempre. E mais “sucesso”, claro.

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