… me interrogo sobre o que nos faz ainda mover em direcção às salas de aula. Não pode ser apenas a necessidade material de um salário. Sim, pode ser em parte. Pode ser até para uma boa proporção. Mas há algo mais. Sendo que é esse “algo” – que não é partilhado na sua essência pelos “actores” em presença que decidem o destino de uma carreira – que acaba por ser a armadilha em que caímos e nos aprisiona. Sim, ainda gostamos do que fazemos, apesar de todos os idiotas que somos obrigados a aturar. E não falo apenas de decisores políticos ou gente que fez carreira no aparelhismo do MÉ. Falo daqueles que não devo nomear. Os idiotas de proximidade que nos intoxicam o quotidiano, porque, no fundo, ainda são uma aristocracia no meio disto tudo. Não me é agradável o discurso que aponta o dedo para o lado. Mas quando há quem se ache acima ou em ascensão, confesso que os princípios éticos estremecem.
É gostar do que se faz ! E pensar nos alunos . Merecemos ter uma escola onde se aprenda/ensine ,onde se socialize, se sintam bem. Ocupem bem o tempo. Aprendam a diferenciar amigos falsos e verdadeiros.
GostarGostar
…socialize , onde se sintam bem…
GostarGostar
Precisamente o que eu penso! Os outros, são os outros, nós e a nossa consciência somos um só! E fazemos a diferença! 😉
GostarGostar
Eu neste momento é mais a necessidade material.
Tanta coisa para fazer depois de tantas décadas a ensinar e a aprender.
Já chega.
GostarGostar
Como eu o entendo, Paulo.
Abomino os idiotas de proximidade…
Com as suas vidinhas, little lives…
Que falam e falam de banalidades…
Seres ocos, vazios, balofos…
Que pouco têm para dar…
Que deixaram de ensinar há muito…
Que agora apenas entretêm meninos e meninas…
E fingem que ensinam
E fingem que se preocupam
E que afinal só jogam o jogo que lhes disseram para jogar
Jogar flexível
Jogar inclusivé
Que acenam amém a todos os devaneios da sede
Decerto será deles o reino dos céus
Bem-aventurados os pobres de espírito!
GostarGostar
Todos nos interrogamos sobre isso. Acho eu. Mas talvez não.
De qualquer modo, é bom saber que não sou o único a fazê-lo.
Por vezes parece-me que desperdicei completamente a minha vida a tentar ensinar alunos a pensar de modo crítico e pessoal (Filosofia). Outras vezes parece-me que afinal valeu a pena. Mas sempre me surpreendo com a falta de certezas que ainda tenho nesta provecta idade. Só dúvidas, só questões.
E sim, a imbecilidade próxima, a ignorância vaidosa, a futilidade inconsciente…são o que mais custa suportar.
GostarGostar
Globalmente, concordo com o que diz, José.
Há dias em que também sinto que perdi tempo e energia a tentar ensinar os miúdos, que por acaso são já graúdos, a pensarem pela sua cabeça, a não se limitarem a seguir os outros, as ‘teorias’ e as tendências só ‘porque sim’…
“E sim, a imbecilidade próxima, a ignorância vaidosa, a futilidade inconsciente…são o que mais custa suportar.”
E como abunda e se espalha para os lados teoricamente menos prováveis…
GostarGostar
É interessante este constante oscilar entre o eu quero ir-me embora que isto já basta e não se suporta e o quero ficar, muitas vezes baseado no facto de acreditarmos tão piamente “acrescentar” algo assim de tão relevante aos alunos.
Nem sequer tomamos consciência da manipulação que os jovens e adolescentes fazem diariamente. É próprio da idade. Nem é para se ficar muito ofendido. Os professores também manipulam. No fundo, trata-se de um jogo normal de inter e intra manipulação mas no sentido de sedução.
Daí haver dias e dias, consoante esta manipulação/sedução tenha corrido bem ou menos bem.
É aborrecido escrever isto assim, eu sei. Mas saiu-me um pensamento fora da caixa. Apeteceu-me.
GostarGostar
Nada me motiva. Trabalho por uma questão de sobrevivência.
GostarGostar
” Trabalhar um dia de cada vez sem esperança e sem desespero “, com pena que seja assim.
GostarGostar
Sísifo
Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga TORGA, M., Diário XIII.
GostarGostar