“O Brasil, depois da vitória do Brexit e da eleição de Trump, vem provar a forma como as redes sociais estão a ameaçar os processos democráticos e a anular o debate político. Daqui a cem anos dirão que a civilização ocidental se suicidou através de um sistema em que a verdade passou a ser deturpada por uma rede que levou as pessoas a preferirem alimentar-se de mentiras e de falsidades instantâneas”, diz Miguel Sousa Tavares.
Os “processos democráticos” são ameaçados quando gente com informação e posição para fazer o seu trabalho de “jornalista”, mesmo que em forma de “opinião”, opta por omiti-la ou então transmiti-la de forma tendenciosa, por muito que se tente explicar-lhe isso. Quando existem órgãos de comunicação social que, sem o declararem em forma de editorial claro, alinham com narrativas de facção.
Por muito que o homem tenha um percurso duvidoso e sinuosos, mesmo que só seja verdade uma parte do que o tal “super-espião” conta sobre os últimos 25 anos das nossas “secretas” é de arrepiar qualquer um. E sim, tem muito a ver com a informação e a erosão da democracia.
Quando as “redes sociais” surgiram já muita comunicação social se tinha vendido a poderes passageiros, viagens pagas para cobrir eventos ou reportagens em locais exóticos sem qualquer interesse acrescido para os leitores. Assim como tinham trocado espaço “plantado” nas primeiras páginas por páginas de publicidade, perfis favoráveis de gurus, gestores ou empresários do momento como contraponto a patrocínios a grandes debates sobre o futuro de Portugal com os cromos de costume.
Panamás há muitos. Só que estão em paradeiro incerto.