Diz O Gajo Que Escreveu Que Os Professores Recebiam 25 Euros Por Exame Classificado E Nunca Teve A Coragem, Humildade Ou Dignidade Para Corrigir A Falsidade

“O Brasil, depois da vitória do Brexit e da eleição de Trump, vem provar a forma como as redes sociais estão a ameaçar os processos democráticos e a anular o debate político. Daqui a cem anos dirão que a civilização ocidental se suicidou através de um sistema em que a verdade passou a ser deturpada por uma rede que levou as pessoas a preferirem alimentar-se de mentiras e de falsidades instantâneas”, diz Miguel Sousa Tavares.

Os “processos democráticos” são ameaçados quando gente com informação e posição para fazer o seu trabalho de “jornalista”, mesmo que em forma de “opinião”, opta por omiti-la ou então transmiti-la de forma tendenciosa, por muito que se tente explicar-lhe isso. Quando existem órgãos de comunicação social que, sem o declararem em forma de editorial claro, alinham com narrativas de facção.

Por muito que o homem tenha um percurso duvidoso e sinuosos, mesmo que só seja verdade uma parte do que o tal “super-espião” conta sobre os últimos 25 anos das nossas “secretas” é de arrepiar qualquer um. E sim, tem muito a ver com a informação e a erosão da democracia.

Quando as “redes sociais” surgiram já muita comunicação social se tinha vendido a poderes passageiros, viagens pagas para cobrir eventos ou reportagens em locais exóticos sem qualquer interesse acrescido para os leitores. Assim como tinham trocado espaço “plantado” nas primeiras páginas por páginas de publicidade, perfis favoráveis de gurus, gestores ou empresários do momento como contraponto a patrocínios a grandes debates sobre o futuro de Portugal com os cromos de costume.

Panamás há muitos. Só que estão em paradeiro incerto.

F3.ChapeusHaMuitos

Eu Sei Que Sou Arcaico E Ainda Faço Testes E Coisas Assim

Mas ao menos revejo-os todos os anos e, se necessário, faço novos, adapto antigos, conforme o ritmo das turmas e as condições de cada ano. Não há nada menos flexível do que toda a gente fazer testes iguais ao mesmo tempo, por vezes usados e reusados ao longo dos anos, por vezes décadas, sem sequer existir o cuidado de mudar cabeçalhos ou rodapés de antigamente. Mesmo quando saco coisas da net, procuro ter o cuidado de fazer qualquer coisa de diferente depois do paste. Sim, estamos cansados. Mas ao menos que a matéria “avaliada” seja a que foi abordada nas aulas. E que o teste não seja aquele porque tem mesmo de ser aquele, porque já está feito e que se lixe o resto.

Quando me contam certas práticas de escolas muito modernas e colegas muito inovadores que se limitam a replicar as fórmulas de outros, que lhes dizem ser muito boas, sem olharem para quem têm à frente fico logo na dúvida se será isto a “autonomia e flexibilidade” tão apregoada pelo país. Faz-me logo lembrar os tempos das profissionalizações nos anos 90 do outro século e daqueles professor@s que muitos apanhámos e que eram um desastre pedagógico a ensinar pedagogia. Ou que de didáctica só sabiam a parte das grelhas. Mas fizeram escola, lá isso fizeram

Ao contrário do que se possa pensar, não estou a pensar em ninguém em concreto, mesmo que me possam ocorrer práticas muito concretas. O assunto já me ocorreu hã umas semanas quando li o auto-retrato de uma colega tão satisfeita consigo e com as suas mais do que excelentes práticas que fiquei logo em défice de auto-estima, mas superavit de banalidades.

conversa fiada

(tag: “um dia mordo a língua”, no Umbigo tinha uma outra do género “hás-de fazer muitos amigos…”)

Falar E Ser Ouvido

Sinto uma enorme falta de terapia em quem em vez de tratar as questões dos educandos tem toda uma vida por resolver e partilhar. Compreendo, até porque profissionais de qualidade dessa área da saúde são raros (há muitos, mas funcionam em automático) e fazem-se pagar muito bem. Já a hora de atendimento é de borla. Nem falo muito por mim, que quase tudo é tratado por via digital. Mas observo. O burnout é geral, não é apenas docente. O poder tornou-se surdo e fala apenas de lá para cá. Mas desde que sejamos centeno e costas, está tudo bééém. Botem mindfulness nisso.

Burnout