Se Ao Menos A “Direita” Fosse Inteligente…

… perceberia que a forma mais simples de entalar a geringonça educativa seria afirmar que, terminada a fase da austeridade como tanto foi anunciado pelo actual PM na sua retórica da “reversão”, acreditando nos números geniais do Centeno em matéria de Finanças Públicas e aproveitando a posição sindical próxima do BE e PCP que aceita o faseamento da reposição do tempo de serviço dos professores, nada explica que não se leve o PS a cumprir o que prometeu da resolução 1/2018. E teriam do seu lado o facto dos dois congelamentos terem sido iniciados exactamente pelos dois governos do PS em Agosto de 2005 e Janeiro de 2011.

E que aproveitassem a abertura do processo legislativa com a ILC ou fizessem como foi com os concursos e apresentassem uma proposta de reposição faseada do tempo de serviço, deixando o ónus da coerência com as suas reivindicações com os “radicais” que ora garantem apoiar as pretensões dos professores, ora as atraiçoam nos actos ao serviço da “responsabilidade orçamental” que tanto criticaram a outros.

E então veríamos como as coisas se desenvolveriam a partir daí. Acontecesse o que acontecesse poderiam sempre dizer que fizeram os possíveis por remediar as coisas, assumindo a sua quota parte de responsabilidade no processo. E deixariam os “porfírios” sozinhos a defender-se ou teríamos de ver até que ponto iria a hipocrisia de outros que por aí ziguezagueiam, empurrando greves, mas não tomando as iniciativas legislativas correspondentes à retórica perante as câmaras de televisão em dia de manifestação ou greve.

Só que a nossa “Direita”, seja a que agora dirige o PSD e o CDS, seja a ressabiada “alternativa” e orfã de um líder que se acantona no Observador, é mesmo burra, por muito que se ache inteligente.

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Lembram-se De Dizerem Que A Discussão da ILC no Parlamento Poderia Levar À “Perda” do Tempo De Serviço Que Ninguém Ainda Recuperou?

Parece que, afinal, o argumento só é válido para os outros. Curiosamente, o veto pedido a Marcelo do decreto-lei é que pode levar a novas negociações, sem qualquer garantia de que as coisas não fiquem exactamente como estão. Mas dizem que não há esse risco, mesmo se a verdade é que o governo pode decretar o que entender e depois do primeiro veto… pouco ou nada resta. Nada como apanhar mentiras logo à primeira esquina.

Exp27Out18Expresso, 27 de Outubro de 2018

 

Breve Ponto da Situação Sobre A ILC Nos Corredores Do Parlamento

Apesar de me sempre mostrado indisponível, entre os membros da Comissão Organizadora, para colaborar nos contactos directos com os grupos parlamentares por razões que cada vez vejo mais justificadas, tenho recebido as informações desses mesmos contactos, feitos por elementos da Comissão, através do STOP ou ainda através de colegas que, em termos individuais, se dirigiram aos grupos parlamentares com questões sobre a ILC.

Não me espanta que seja possível fazer um resumo das diversas posições como se fosse uma só (excluindo aqui o PS, Os Verdes e o PAN, sobre os quais não tenho dados).

Então é assim:

  • Todos desconhecem as agruras técnico-administrativas que a ILC tem suportado para ver as 20.000 assinaturas validadas, mesmo depois de já ter sido transformada no Projeto de Lei 944/XIII.
  • Todos acham que os professores têm imensa razão nas queixas que apresentam e consideram que o PS/Governo não cumpriu o prometido ou o que deu a entender ter prometido sobre a recuperação do tempo de serviço docente.
  • Todos acham que não é possível uma recuperação integral do tempo de serviço em 2019, achando que deve ser encontrada uma solução faseada (que não pode ser com base na ILC, por motivos formais).
  • Nenhum se mostra disponível para fazer qualquer projecto de lei alternativo ao do Governo, apenas avançando o Bloco de Esquerda com o pedido de apreciação parlamentar do decreto governamental, logo que seja publicado.

Ou seja… a conversa do costume, envolta em “o problema não foi criado por nós, não temos qualquer obrigação em resolvê-lo”.

ILC 20 000