Um Exemplo De “Factos Alternativos” Na Fundamentação de Uma “Opinião”

Entre os 2’10” e os 3’20” deste vídeo do seu espaço de “opinião” Fernando Medina apresenta diversos “factos” sobre a proposta de reposição do tempo se serviço docente que são incorrectos, mas estão de acordo com a narrativa produzida pela máquina governamental. Até se percebe que ele olha para os apontamentos quando está quase a perder o pé.  O jornalista em vez de fazer qualquer tipo de análise, entra no coro e colabora, numa de “somos aqui todos amigos”. Apesar dos enormes elogios que lhe fazem, acho Medina um político simplesmente manhoso, que faz aquela cara típica do sonso quando está a “despejar” a “cartilha” que em nada se distingue da debitada por qualquer outro aparelhista em ascensão no PS costista.

Não chamo a isto sequer fake news, mesmo se faz parte de uma “narrativa” concertada para transmitir uma noção errada da realidade para a opinião pública. É apenas fake opinion. Opinião travesti.

Medina

 

Quando Nem Sobre Si Mesmo Se Acerta

MST parece considerar que foi uma vítima de fake news, pelo que terá uma autoridade acrescida sobre o tema. Infelizmente, nunca reconheceu os seus próprios erros sobre os professores, escritos em várias crónicas no Expresso. O mais estranho é a total imprecisão com que se refere ao próprio caso em que se apresenta como vítima. Veja-se:

Segundo o entendimento do escritor, e também jornalista, “alguém que coloca uma notícia falsa numa rede social é como um incendiário que pega fogo a uma floresta”.

E deu um exemplo de uma situação que se passou com o próprio, há cerca de cinco, seis anos, quando um blogue de educação lhe atribuiu uma frase que Sousa Tavares garante que nunca disse nem escreveu. A frase em questão – “Os professores são os inúteis mais bem pagos deste país”- continua, no entanto, a ser atribuída a Sousa Tavares, apesar de ter sido desmentida várias vezes pelo próprio.

Passemos adiante a questão de se confundir com uma floresta.

O que se passou foi muito diferente do relatado: perante um soundbyte não verificado, uma professora de uma escola de Barcelos escreveu uma carta aberta a MST, que enviou a diversos blogues, há mais de dez anos. Eu próprio a publiquei a 20 de Março de 2008. Não foi já cinco ou seis anos. Contactado por um familiar de MST e depois pela autora da carta, na sequência do contacto de advogado(s) do visado, publiquei o desmentido que a mesma elaborou e onde citava a fonte do seu equívoco. Entretanto, o autor dessa alegada “fonte” apagou o seu rasto da net, mas ainda chegou às periferias do poder no ME no ciclo político seguinte.

No meu caso particular – que não corresponde a quem lançou o boato, mas sim a quem publicou uma carta devidamente assinada, com indicação da escola e tudo da signatária – cumpri o que é devido por qualquer órgão de comunicação que respeita regras básicas de convivência em público. Perante a demonstração de um erro, publiquei o desmentido e, ao contrário de outros erros que ficam impressos, coloquei, entretanto.a carta em causa sob acesso reservado. Nada disto tem uma vaga semelhança a fake news. Como as colocadas a circular por máquinas comunicacionais para-partidárias com gente paga para o efeito por um poder que MST raramente criticou em tempo útil.

Quando MST se refere a um “blogue de educação” seria interessante que o identificasse com rigor, para sabermos de quem fala, pois na altura existiam dezenas e foram muitos que abordaram o assunto. Sabe ele qual foi? Ou decidiu contribuir apenas para a “guerra” contra as “redes sociais” e “blogues”, misturando tudo?

Ao contrário de outros que afirmaram falsidades factuais e isso lhes foi assinalado, sem que tenham tudo a coragem de se retratar preferindo manter tudo em letra impressa sem qualquer correcção, cumpri as regras que alguns “jornalistas” insistem em não cumprir, aliando a tribuna de sábado no Expresso à de segunda-feira na TVI para ajustes de contas com os seus demónios de estimação.

Há quem me diga que perco demasiado tempo com MST. Discordo. Porque ele tem sido uma fonte de mistificação sobre a classe docente ao longo dos anos, sob o manto da”opinião”. Por exemplo, sobre mim, afirmou coisas que nunca escrevi. E porque MST está a fazer parte de uma cortina de fumo que anda a tentar baralhar as pessoas sobre o que são fake news, enquanto máquina de produção de uma “realidade alternativa” e o que são erros pontuais, comuns na própria imprensa tradicional, rapidamente esclarecidos por quem anda nisto com convicções e posições fortes, mas algum decoro ético.

Há uns anos (2013), entre tantas outras diatribes semanais, MST decidiu ofender não sei se Cavaco Silva se a classe dos palhaços e optou por não pedir desculpa ao primeiro. Esteve no seu direito. E concordo com a justificação que deu na altura: “Nada na vida é a feijões. Quem se expõe, corre riscos e deve estar preparado para pagar por eles”.

Tomara que ele se lembrasse do que disse e se deixasse de prolongadas vitimizações. Ou, no mínimo, que acertasse nos pormenores do que lhe aconteceu. No tempo, nos detalhes, em tanto que não se preocupa em verificar. E quem acredita em parte do que ele escreve acaba por ser vítima do mesmo mal que afecta quem vai nas engrenagens da “pós-verdade”.

Tantrum

 

 

 

Pelos Açores

Obedece-se às regras do PS nacional… vai-se dar parecer sobre um decreto que até já tem número atribuído.

Projecto de Decreto-Lei

Procede à definição do modelo de recuperação do tempo de serviço da carreira docente, no que respeita aos docentes de carreira dos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas cuja contagem do tempo de serviço esteve congelada entre 2011 e 2017 – MEDU – (Reg. DL 394/2018)

O projecto em si: ProjdecleiRecupTempo

Take_a_bow_don_t_look_at_tags_b4cc83_3819968

 

Um Tipo Só Pode Ficar Assarapantado Logo Pela Manhã…

… quando um jornalista do novo DN aparece numa peça televisiva matinal a equiparar o fenómeno das fake news a um site que tem como título “Imprensa Falsa”.

Quanto a outros sites, esses sim de desinformação, que surgem na notícia escrita, ao jornalista parece não ter ocorrido que o número de seguidores e likes pode ter sido conseguido desta forma para dar a aparência de um impacto inexistente.

banging-head-against-wall

Caro Manuel Carvalho, Explique Lá Melhor O Seu Pensamento Porque…

… pode ficar-se com a noção que apenas defende coligações positivas para capitalizar a banca ou pagar as rendas das PPP.

Em concreto, naquele mecanismo simples que consiste em pagar a estabilidade do presente com custos acrescidos no futuro. Faz-se assim: altera-se a lei restritiva do Governo, votam-se mudanças que façam a vontade dos professores e, para que o Orçamento de 2019 não fique em causa, adiam-se as progressões na carreira para as calendas. Há quem chame a isto política.

Então se não se chama “política” a isto, a reorganização heterodoxa das forças políticas conforme as situações, será “política” manter uma “política” só porque é “emblemática” mesmo que seja inconstitucional promover ultrapassagens na carreira e sistemas diferentes de contagem do tempo de serviço no mesmo país? Talvez se chame política se a “vontade” feita for a outra classe profissional, mesmo embirrenta?

Eu também consigo transformar embirrações pessoais em textos, só que não sou director de um jornal com direito a editoriais. E é claro que o que escrevo é “opinião” e procuro baseá-la em factos como aquela coisa aborrecida de ter havido um congelamento e sobretaxas no meu salário que o TC declarou que só poderiam ser transitórias. O que me parece justificar a posição de que uma década do meu serviço não é para apagar. E não me parece que seja razoável a posição, neste caso não expressa por MC mas que aparece em escritos com a mesma tendência, de que como há gente em pior situação, todos deveremos ficar pior (é mais a corrente que vai do MST ao PTPereira, com apeadeiros ocasionais em outras figurinhas menores como os deputados porfírios).

A Manuel Carvalho não interessa a justiça de uma “política”, mas apenas que ela seja “emblemática” e preocupa-se muito com quem “paga”.  Porque, claro, ele acha que os impostos e contribuições retidos aos professores não são verdadeiros impostos e contribuições. Eu, por exemplo, tenho pago muitas vezes o Público para o qual escrevo com regularidade por convite (salvo um período de auto-exclusão devidamente explicado), sem qualquer remuneração ou sequer o pdf das edições em causa. Ou seja, contribuo duplamente… com conteúdo e com dinheirinho (nos dias em que tenho sorte, pode ser que seja a edição que traz um livro de bd…).

Mad doctor