Princípio do Contraditório

Comecei (ou recomecei) uma colaboração com o Educare. Esta semana sai a primeira parte de um texto a completar no início de Dezembro e que já conhecerão, no essencial, aqui do blogue. A partir do início de 2019, os artigos sairão na primeira semana de cada mês.

Estou consciente de que o poder que está não se incomoda muito com palavras e que a estratégia da indiferença é a regra, quando não se mandam umas cortesãs ou cortesãos contraditar sob pseudónimo, mas… quem cala, consente. E enquanto puder ter “voz”, usá-la-ei.

Uma Mistura Explosiva – Parte I

Assistimos à promoção de uma Educação Mínima (talvez a possamos chamar de “aprendizagens essenciais”) que tem como efeito a promoção activa da Ignorância, disfarçada por retóricas que apresentam os “Conhecimentos” como algo “empilhável” e muito relativo, em que Ciência e Crença são apresentadas quase (ou mesmo) como equivalentes.

Educare

A Solução Dos Sete Anos E Três Mandatos

A proposta de extrema responsabilidade orçamental apresentada pelo PCP para recuperação do tempo docente, remete essa recuperação total para 2025, “no máximo”. Não conhecendo os detalhes, e fazendo fé nas declarações de João Oliveira (que contradizem as do actual Mário Nogueira, mas confirmam as do Mário Nogueira de há uns meses, em relação ao risco de ser perder “tudo” no caso de ser chumbado o decreto governamental), a proposta levanta-me as seguintes reservas:

  1. Haverá milhares de professores que nunca conseguirão recuperar esse tempo, visto irem reformar-se antes, de forma antecipada ou não, acabando por ver concretizada em definitvo uma perda.
  2. A remissão para sete anos correspondentes a três mandatos (porque não 12 anos e 4 mandatos) torna a solução muito vulnerável a mudanças de humor nos ciclos políticos.
  3. Essa diluição no tempo fará agravar os efeitos financeiros negativos de uma contabilização, às fatias fininhas, do tempo correspondente a mais de dois escalões e índices remuneratórios da carreira docente.

É melhor do que nada? Claro, até recuperar um dia seria melhor do que nada, ou de um ano ao longo de dez. Mas se esse passou a ser o padrão de conduta do PCP, o partido que se diz de “utopias” para os trabalhadores, estamos tramados. A menos que, claro, isto seja apenas uma manobra para disfarçar a enorme desconfiança que o PCP tem em relação aos professores que tem bastante dificuldade em enquadrar no conceito de “proletariado”.

homens-da-luta