“Se Estudarmos a História Com Olhos de Estudar”

TVI24, 22.10, Vítor Ramalho – a propósito da sua defesa das relações com Angola – atribui o povoamento de Portugal no tempo de D. Sancho a “mão de obra qualificada” com origem “nos países de língua oficial portuguesa”. Podem ir confirmar. As “aprendizagens essenciais” e a semestralização da História do SE Costa já estão a fazer fortes efeitos retroactivos.

Pobre História, que te invocam em vão tantas vezes.

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Espanto, Admiração e Sincera Incredulidade

Mas a grande “festa” da ministra preferida de Sócrates foi “contaminada”? Não posso acreditar… se tivesse sido assim, não posso crer que alguém tão atento à sua área de governação não desse por nada e não denunciasse coisas que cedo algumas más-línguas pérfidas andaram por aí a insinuar.

Recuso-me terminantemente a aceitar que tal se tenha passado e se alguma vez escrevi algo em contrário é porque estava sob a influência de excesso de fumo de barba de milho com oregãos. Porque acho impossível qualquer das alternativas, ou seja, nem posso crer que a ministra maravilha desconhecesse algo tão relevante e que movimentava tanto dinheiro numa altura em que ela se mostrava tão preocupada em ajustar a despesa, nem que, se desconfiava de algo, tenha ficado caladinha só para manter o lugar e garantir a posterior ascensão.

A Polícia Judiciária está a investigar suspeitas de subornos na Parque Escolar. O “Correio da Manhã” explica esta quarta-feira que em causa estão alegados pagamentos de empreiteiros a altos funcionários da empresa pública, criada em 2007 pelo então primeiro-ministro José Sócrates e cujo objetivo era a requalificação de 332 escolas em todo o país.

O esquema passava, refere o jornal diário, por viciar as regras da contração pública. Aos envolvidos rendia milhões, enquanto as restantes construtoras concorrentes e o Estado saíam lesados.

Na terça-feira, várias pessoas foram constituídas arguidas na sequência de dezenas de buscas realizadas pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção a empresas e casas particulares de atuais e antigos responsáveis da Parque Escolar e de coordenadores das empresas de construção civil. Em causa estão os crimes de corrupção passiva, no caso dos decisores públicos, e de corrupção ativa, no caso dos empreiteiros.

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(e, sim, estendo a minha incredulidade a outros governantes da altura, políticos experientes que teriam certamente detectado se algo assim se tivesse passado…)

Emoções Vespertinas

Descobrir que a ANP (Associação Nacional de Professores para quem desconheça a sigla) ainda existe, não tendo implodido com a saída do seu líder histórico para o Governo e posterior desaparecimento. É verdade que a nula presença da ANP nas escolas se manteve, mas…

Mais emocionante… a opinião da sua actual dirigente é apresentada como sendo a “dos professores” (deve ser como quando o MNogueira fala, fala por todos nós…). Questiono apenas, se não me levarem a mal que “professores”? Quantos, já agora, estão associados à ANP?

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Sim, Senhor Ministro!

Por uma vez teria de lhe dar os parabéns por declarações que, ouvidas em primeira mão na TSF, me pareceram do melhor que disse e sem gaguejar.

No entanto, o Ministro da Educação entende que os números expressos no relatório não espelham essa relação: “A reprovação do 2.º ciclo estava em 12,5% (2013) e agora está em 5,8%”, afirmou Tiago Brandão Rodrigues em declarações à Lusa.

“Obviamente que as transições são sempre complexas, que temos de fazer um trabalho sistemático no acompanhamento dessas transições para mitigar os efeitos de mudar de escola, mudar de ciclos, de mudar da monodocência para a pluridocência, como acontece no 2.º ciclo. Mas não nos parece, pelos números que vemos, que este 2.º ciclo tenha uma implicação na reprovação e cultura de retenção, como é dito”, disse Tiago Brandão Rodrigues.

Para o ministro, qualquer alteração no esqueleto da escolaridade obrigatória e na reconfiguração do ensino básico teria de ser sempre alvo de “uma discussão alargada e profunda”.

Claro que no CNE houve uma alteração na relação de forças entre concepções sobre o Ensino Básico e agora impera aquela do básico até ao infinito e mais além. E por “básico” entenda-se não os ciclos de escolaridade, mas a concepção que dele se faz. E com jeitinho, ainda “acomodo” esta parte na comunicação de 2ª feira, assim como o desejo de que o CNE funcione como “regulador” e não como “opinador”, pois anda a perpetuar a teoria do trauma do 5º ano que as estatísticas não comprovam.

É para mim especialmente estranho que se aponte o dedo – mesmo que eu concorde com uma reformulação dos ciclos de escolaridade – exactamente ao ciclo que apresenta a menor taxa de insucesso à entrada (no 1º ciclo só podem existir retenções, salvo excepcionais excepções, no 2º ano) e a que teve melhor evolução ao longo dos últimos 5 anos. A margem de “interpretação” dos dados continua a ser enorme e não é muito razoável em organismo “técnico”.

O Estado da Educação 2017 pode descarregar-se aqui.

CNESuc2017

 

 

Um Ciclo de 12 Anos Eliminaria Esse Problema

Pelo menos é a conclusão lógica do que se afirma. Falta ousadia às propostas. Eu lecciono o 2º ciclo e também acho que é uma redundância a existência de dois ciclos entre o 5º e o 9º ano e que um ciclo de cinco anos permitiria eliminar redundâncias nos conteúdos e abordá-los de uma forma diferente, sem precisar de flexibilidades e malabarismos.

Mas, se tudo é obrigatório… que tal apenas um ciclo? Acabavam-se as transições… até porque, como um dos argumentos é financeiro e não pedagógico, bastava meterem um professor a dar tudo e outros a fazerem uns biscates no resto, tipo aec com saco azul (ou da cor que gostarem mais, conforme a associação ou autarquia).

Para a presidente do CNE, Maria Emília Brederode Santos, deveria ser repensada a organização do ensino básico, atualmente dividido em três ciclos, “designadamente a velha questão do 2.º ciclo [um ano para entrar e outro para sair, dadas as dificuldades assinaladas nos anos de transição”, lê-se na introdução do relatório Estado da Educação 2017, esta quarta-feira divulgado.

As taxas de retenção e desistência têm vindo a diminuir nos últimos anos, tendo atingido no ano letivo de 2016/2017 o valor mais baixo da última década em todos os três ciclos de ensino.

No entanto, olhando para o relatório divulgado, percebe-se que é nos anos de transição de ciclo (5.º e 7.º) que os alunos apresentam mais dificuldades e acabam por ficar retidos, uma realidade que continua a preocupar o CNE.