Façam Como Ele Faz

José Miguel Júdice, umas das eminências pardas mais visíveis do regime, clama que “Só trabalha para o Estado quem não consegue trabalhar para quem pague melhor.” E acreditem que ele sabe do que fala, porque nos últimos anos a empresa que ajudou a fundar, de acordo só com o que está (e olhem que muito do mais importante está fora) na base.gov.pt, fez 129 contratos com o Estado que renderam  5.237.416,48€.

Richelieu

Ainda Pelo CNE

Em poucas horas e apenas num punhado de conversas, algumas conclusões que não são de espantar:

  • Perante crenças cristalizadas ao longo das décadas, não há evidências que valham, pois esbarram em plena rocha e duvido que mesmo batendo muito a coisa rache.
  • Um tipo sentado a escrever uma ou duas horas, ao fim de um dia de trabalho ainda consegue chatear muita gente (nomeadamente plataformas).
  • O apreço e admiração pelos professores termina no exacto momento em que eles não fazem exactamente o que lhes é legislado ou não se acomodam, no ritmo adequado, ao modelo universal de qualquer coisa.

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Pelo Parlamento, Uma Espécie de Nim

Ou assim-assim. Um empate. Não vale a pena aparecerem a anunciar vitórias antecipadas, Pode acabar tudo na mesma, ou quase, se atendermos a declarações de hoje de António Costa, que tem uma visão muito peculiar do que é “recompor a História” (há por ali um trauma mal resolvido) . Mesmo com o PR a vetar o decreto anunciado, que assim talvez não apareça.

Partidos remetem para negociação com sindicatos contagem do tempo de serviço dos professores

Todas as propostas que implicavam um aumento da contagem do tempo de serviço dos professores ou prazos para a sua concretização foram rejeitadas.

Quadratura 3

Hoje, Pelo CNE

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Os 15 minutos não deram para expor tudo, mas a versão escrita vai terminar assim:

Em pleno século XXI, é essencial reforçar o direito a uma Informação não truncada, em especial quando tem fontes oficiais, assim como a uma Educação que, navegando em ondas de hiper-modernidades transitórias, não opte pelo relativismo científico em que a Filosofia quase desaparece do currículo, mas em que se acolhem como equivalentes propostas “formativas” como o mindfulness ou aquilo que Carlos Fiolhais e David Marçal designam como “banha da cobra” na Educação (Fiolhais e Marçal, 2017, 220). O Conhecimento não deve ser apresentado como algo de aprendizagem difícil e aborrecida, a secundarizar perante aprendizagens de carácter mais lúdico. E é um erro dramático desvalorizar o que a Humanidade alcançou de Universal para o substituir por curiosidades locais.

“Entre nós, voltaram, nos últimos tempos, as ideias da auto-aprendizagem. Desvaloriza-se o conhecimento disciplinar e os métodos adequados ao seu ensino em favor de métodos duvidosos de aprendizagem de coisas avulsas (…) As vítimas da degradação do ensino são certamente os alunos, principalmente aqueles vindos de meios mais desfavorecidos que, sem uma boa escola, não têm possibilidade de acesso ao melhor que a Humanidade tem para lhes dar, e que é de resto a função da escola (…).” (Idem, 225)

Se as primeiras vítimas são os alunos, as segundas serão os futuros cidadãos, despojados de saberes fundamentais para resistirem aos discursos do Medo e da Intolerância. Iludidos pela rapidez do clique, seduzidos pela quantidade de partilhas, crentes de que a quantidade define a qualidade.

No século XXI, a Informação e o Conhecimento são “essenciais” enquanto Direitos Humanos. O “direito à Educação” não se pode limitar a uma certificação desprovida de conteúdo, relativizando e menorizando os saberes que fundaram e definiram a Humanidade. Só assim poderemos ir mais longe.

E ser Livres.