Day: Dezembro 14, 2018
Lama No Ventilador
Os enfermeiros têm a capacidade para, com a Ordem a colaborar com os sindicatos, criarem um war chest (isto é só para insiders da luta) que lhe permite manter uma greve longa. Logo aparece o líder do Partido que se diz de todos os trabalhadores a contestar a prática. Escrevo o texto abaixo, que é partilhado, e aparece alguém no fbook a escrever o seguinte:
Escrito assim de maneira tão singela até parece que subsidiar é de caras. Porque não?
É que é um pau de 2 bicos. A NAO SER que seja claro como a água sabermos quem subsidia os grevistas. (…)
Só que neste momento temos 2 sindicatos e/ou a Ordem dos enfermeiros que coletou uns milhares fartos de euros e eu pergunto?
Há recibos?
Numeros de contribuinte
Declarações ao Fisco?
Nomes dos beneméritos?Ou NINGUÉM quer saber?
O Centeno também encolhe os ombros?
A ministra da saúde também não quer saber até favorecer os privados?
Perguntar não ofende.
E é inevitável eu lembrar-me das dúvidas que há um par de anos se lançavam sobre as contas da Festa do Avante e do que a mesma família partidária disse sobre essa forma de “dúvida”. Parece que na altura “ofendia” querer saber-se exactamente o mesmo que agora apenas significa legítima curiosidade.
6ª Feira
Quando tudo chega e se fecha o portão da garagem, pensa-se que a semana de trabalho acabou e vem aí algum descanso.
Depende.
Talvez Assim Se Percebam Muitas Coisas (Se Já Não Se Percebiam)
Poderia comentar em termos mais acutilantes, mas não vale a pena. O problema – antigo – do PCP é que a sua matriz ideológica considera os enfermeiros (como os professores e outras profissões desse tipo) como fazendo parte de uma “classe média” que é vista como pouco solidária como o proletariado. Assim se percebem as imensas dificuldades em explicar a certas estruturas sindicais que o financiamento das greves – por via de práticas mutualistas e de solidariedade – é algo com raízes no “unionismo” original (e que tem forte implantação em países como a Austrália ou o Canadá) e que isso faz muito mais sentido do que papelada às resmas que vai, após um período de decoro mínimo, para o ecoponto.
A posição de JS não me espanta, assim como o culto do grevista mártir, algo muito próximo, em termos psicológicos, do penitente cristão. Ambos devem sofrer para atingirem uma versão do vahlalla. Mas se o Governo fosse outro aposto que JS teria ficado calado acerca desta situação. Como em meados de 70, há greves e greves e algumas são para “matar”, não no sentido vergonhoso em que o termo tem sido usado contra os enfermeiros, mas sim no de cercear qualquer estratégia que coloque mesmo em risco a geringonça perante a opinião pública.
Assim como nunca me espantou um certo “apagão” de lutador@s quando se trata de fazer mais do que “piquetes” abrutalhados em algumas greves ou, no caso dos professores, quando é preciso ir além do pão com manteiga do guião. Como sabemos, eles é mais pizzas.