O Pior de 2018

Por momentos, para mudar de registo, pensei escrever algo meio divertido sobre aquelas pessoas que são muito amigas do ambiente e todas sustentáveis, mas depois pedem para cortar as árvores que fazem cair-lhes folhas nos quintais e porque têm passarinhos que lhes fazem cocós nos tejadilhos dos carros. Mas desisti, por tentador que fosse a hipocrisia à micro-escala. Porque o pior continuou a ser, como há muito, a forma como as pessoas reagem ao poder, seja à sua proximidade, seja à sua “posse”, sendo raros os casos em que não façam quase tudo ao seu alcance para se chegarem mais, para o alcançarem ou perpetuarem. A forma como o Poder – ou os poderzinhos – transfiguram quem parece precisar de doses cada vez mais fortes ou de manter um estado de high permanente, como uma adição (é assim que agora se diz, anglicizando) insuperável. Como encaram a mentira como razoável quando é a sua, como se acham insubstituíveis ou quase predestinad@s para o exercício desses poderes sobre os outros. Como se formam cortes submissas, domesticadas, dúplices, para que um dia se possa chegar nem que seja a sub-secretário do vizir. A contaminação e corrosão do carácter pelo contacto próximo e demorado com o poder, em especial em sociedades periféricas, desiguais e com uma muito fraca habituação à transparência democrática, instala-se e forma uma cortina opaca que provoca uma sensação de claustrofobia que nos definha.

claustrofobia

7 opiniões sobre “O Pior de 2018

      1. Magalhães, supondo que tens razão, vamos aceitar que há simulação e até mesmo escatologia cabalística no discurso do Marcelo Selfie Beijinho. O que é que alguém pode ganhar com uma coisa dessas?!
        Cá por mim, ajeitando-me ao espírito e ao teor do discurso do senhor, já imaginei 10 maneiras de usufruir do meu direito à manifestação, à indignação e até à greve, sem prejudicar ninguém e, ouço Hossanas! prejudicando-me a mim mesmo cumó camandru! Uma coisa épica e que só poderei levar por diante com o precioso auxílio do Kamaraden Marius Noggerra.
        Boa?

        Gostar

    1. Grande Raposo ,
      Ehehe😉
      O grande Nogas já conseguiu ser promovido !
      Kamaraden Marius Noggera . Merece a distinção. Aguardemos pelo seu precioso auxílio, bandeirinhas,apitos à porta do ME,enfim …vem aí um verdadeiro inferno. Só deverá acabar em Agosto ( mês de vacances do Grande Kamaraden) …mas a luta recomeçará em Setembro até à vitória final.Vamos aguardar com esperança …” que a minha sogra vá ter uma criança”.
      Bom 2019 para todos !

      Gostar

  1. Nada para começar o ano como um banho de realidade… Para os que andam brincar à educação por esse agrupamentos fora reflectirem, neste começo de 2019… Não me pareça que o façam porque a crença foge à razão!

    Is Finland Flopping?

    I’ve always been a huge fan of Finland and their education system. I’m not the only one either – they’ve had most of us spell-bound for years.

    But it looks as if the phenomenal Finns are getting a few punctures. Innovations aren’t always what they are cracked up to be.

    According to researcher Aino Saarinen at the University of Helsinki, Finland’s new digital and phenomenon-based curriculum programmes get in the way of learning.

    Saarinen was speaking to the news service Yle and said that one of the reasons why Finland was slipping down the Pisa table was down to the increased use of digital learning materials.

    In 2016 the the Ministry of Education announced plans to spend 50 million euros on a network of digital tutors in primary schools to help teachers adopt digital tools and methods in their work.

    Saarinen says that this huge investment does not appear to have paid off. She said,

    The more that digital tools were used in lessons, the worse learning outcomes were. This was found in all areas of the Pisa measurements.

    Saarinen says that the problem appears to be the distractive element of using a device because students veer off piste and start using them for things other than schoolwork. This isn’t a particularly new finding or anything surprising – technology is a powerful tool but it is also hugely distracting.

    Phenomenon-based learning looks like it is also serving some students better than others. This type of learning is one that involves a very high level of personal responsibility, something many children struggle with particularly males.

    Saarinen says this works best for those children who do well in school and get god home support too. It requires plenty of self-discipline and initiative. Being independent, flexible and focused ins’t something many children are good at.

    Proponents of this method have claimed it would even-out the differences between students with various [academic] backgrounds. But in light of the research it looks like exactly the opposite has happened,

    Saarinen said the more risk factors students have, the worse they do in phenomenon-based classrooms. One risk factor, according to the researcher, is being male.

    She found that phenomenon-based teaching wasn’t a good fit for mathematics and science.

    So, it appears that Finland’s popular, older curriculum gave better results but does that mean we ditch the digital and forget about phenomenon-based learning? Only for some pupils it seems. What will the canny Finns do now?

    In :
    John Dabell
    Every Day Is A School Day

    Gostar

  2. O melhor de 2018 foi uma reação, por antagonismo, ao pior de 2018.

    Já que parece não haver grande inspiração, imite-se o que os enfermeiros fizeram. Nós, portugueses, até costumamos ser bons a copiar e tudo…

    Gostar

Deixe uma resposta para António Alves Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.