Restaurante de comida tradicional, daquela que apetece mesmo em sábado cinzento e sonolento. Chega o casal ali a entrar nos quarenta. O homem já começou a fazer máquina 1 ou 2 para que não se note tanto a calvície galopante, a morfologia a garantir que nunca será magro e está na curva ascendente da protuberância que só muita transpiração poderá travar. Gosta de colocar a voz para que todos saibam a sua mundinhovisão. Não quer a cabidela, porque não tem meia dose e quer comer pouco, não quer dado vinho porque não sei quê (eu bem que tentava ignorar concentrando-me na minha dose de cabidela). Lá manda vir qualquer coisa com batatas fritas, para depois se queixar que “estava um bocadinho gorduroso” e não quer sobremesa, nem café, nem nada e a mulher que pague a conta porque é ela que tem os cartões, mas que pague com aquele específico e não com o outro. É impossível não ouvir, com aquela voz de quem está em palco. Durante grande parte da refeição não consegue tirar os olhos do nosso tacho de cabidela ou do bacalhau à minhota, com aquela falta de subtileza típica de quem se acha qualquer coisa. Só após sair pude expressar, com algum à vontade mas decoro no tom, a ideia que tenho (mas que aqui apenas reproduzirei por menos de metade) sobre pessoas que morrerão e cheirarão mal ao decompor-se como qualquer outro, a menos que seja cremado, mas que até lá chegarem só servem para nos lixarem o juízo com f enquanto pairam sobre a refeição alheia.
(sim, estou muito bem disposto e particularmente tolerante… a cabidela estava excelente e a sobremesa em camadas, nem vos digo)
Nada que um professor zeco não esteja habituado numa qualquer sala de professores.
Os cinquentôes e sexagenários lidam melhor com estas situações ignorando o mais possível.
A principal vitima foi a galinha.
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Comer uma cabidela? Sei de fonte segura, Paulo, que estás na primeira linha de fogo do PAN. Cuida-te!
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Ora bem… é um prazer 🙂
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Se fosse num japonês, isso não acontecia…
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Que bela ementa!
Embora coma de tudo, na verdade eu gosto mesmo é da gastronomia tradicional portuguesa!
Adoro aquelas comidas “à trolha” (sem discriminação).
Quando viajo para fora, costumo até dizer que passo fome. 😊
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Ah ah ah. Mas estás a perder qualidades. Este post tem uma falha imperdoável: não tem fotos.
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Foto do “cromo ,pente 1 ou 2 ” ou das suas batatas fritas oleosas ?
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Não. Foto com o prato do Paulo como era tradição no Umbigo 🙂
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