Zero, Senhor Presidente!

Porque a métrica da dignidade só se mede em fracções quando já foi perdida. Lamento que o não entenda. Solução criativa ou imbecil, o tempo de serviço prestado deve ser devolvido a quem o trabalhou por completo. “Populismo”, por exemplo, é branquear o amesquinhamento, com dados falsos, feito pelo governo e os seus delegados na comunicação social, alegando que os professores querem ser “privilegiados” ou são “egoístas”.

Marcelo questiona professores: “É preferível zero ou alguma recuperação?”

Pessoalmente, expliquei isso há quase 5 meses, não me apetece repetir tudo.

Zero

(e desta vez abri uma excepção e escrevi mesmo ao senhor PR, enviando-lhe este post)

 

Esta Semana, No JL/Educação

Um texto com alguns argumentos chatos de um tipo chato que insiste em não saltar para as trincheiras do momento, não porque goste das outras, mas porque antes com convicção no meio de fogo cruzado do que mansinho no meio de um dos rebanhos.

PG JL Fev19

(talvez nos próximos dias consiga ter tempo para criar uma página específica para os textos publicados no JL, pelo menos até final de 2018; sendo os únicos que me pagam, por respeito, não gosto de os incluir por inteiro no blogue enquanto a edição está nas bancas)

 

Mas A (Uma Outra) Questão Não Será… Onde Está O Dinheiro?

Que ninguém entre nós é responsabilizado quando a coisa chega aos milhões – as excepções são meros cordeiros sacrificiais para dar uma aparência de normalidade – já todos sabemos. A accountability pára quando se chega a qualquer quadro superior com cartão partidário.

Dirigentes da Segurança Social recusam multa por terem pago milhões a mortos

Segurança Social e Centro Nacional de Pensões pagaram 3,7 milhões em pensões a beneficiários que já tinham morrido, segundo o Tribunal de Contas. Dirigentes da Segurança Social recusam responsabilidades financeiras.

Money

 

Um Almoço Pleno De Hipocrisia

Por acidente, ligo por vezes o rádio na TSF quando estão por lá algumas das criaturas políticas que mais me arrepiam os neurónios. O programa de hoje voltou a juntar o ex-senhor feudal Carlos César com o vice laranjinha e ex-ministro interrompido da Educação David Justino, cada um deles com uma faceta de uma insuportável hipocrisia em relação à questão do tempo de serviço dos professores, simulando uma diferença de opiniões que não existe, sendo que cada um diz o que a cartilha do momento lhe aconselha, por questões de táctica política.

David Justino tem a obrigação de saber que o Parlamento é o centro do poder legislativo e que o que afirmou no programa (Qualquer solução para os professores saída da Assembleia “arrisca-se a ser inconstitucional”) é um completo disparate e tanto mais grave em alguém que gosta de apontar imprecisões bem menores a outros. Gostava de saber onde estava David Justino quando em outros tempos o PSD alinhou em interferências bem mais evidentes nas competências do poder executivo (o chumbo do PEC IV foi o quê? não está em causa a bondade, mas a questão formal… mas esse é apenas um exemplo entre muitos possíveis). O PSD e o próprio Justino têm nesta matéria dito quase tudo e o seu contrário, porque querem ganhar votos, mas sem se comprometerem seja com o que for. Talvez gente muito distraída vá na conversa, mas – repito com todas as letras – o Parlamento é a sede do poder legislativo e o Executivo responde perante o Parlamento e não o contrário.

Quanto a Carlos César foi de um desplante enorme ao afirmar que se o problema fossem só os professores, já tudo estaria resolvido. É absolutamente insuportável ouvir este senhor dizer “que o país não ia colapsar” se o Governo despendesse 490 milhões de euros para repor os nove anos, quatro meses e dois dias que os professores exigem, mas a resposta teria de ser a mesma para todas as classes ligadas à função pública que viram as suas carreiras congeladas.” Nem os valores são os que ele afirma, nem é aceitável que seja a mesma pessoa que, com outro interlocutor, no mesmo programa, há menos de ano e meio afirmasse que estava à espera de um acordo para breve.

Sim, se o país não colapsa com milhares de milhões a cada esquina para salvar bancos que nunca ficam salvos até nova injecção de capital, muito menos colapsaria se devolvesse aos professores o tempo que efectivamente trabalharam. O descrédito da classe política passa por aqui, por gente que passa por “senador” de uma República de que se apropriaram e na qual gozam de uma total impunidade, digam o que disserem, não façam o que não fizerem.

Um afirma que é “inconstitucional” o Parlamento legislar. O outro que o problema são os polícias, os magistrados, etc, etc. Querem ser levados a sério? Acaso se levam a sério? Ou apenas dão palmadinhas nas costas um do outro, felizes com a convergência implícita. Isto não é cortesia argumentativa, é falta de decoro à vista de todos.

Turd

 

Uma Circular – Finalmente – Com Algum Sentido

A mais de um nível. Embora seja o mesmo ministério que não equipa as escolas e agrupamentos com o pessoal não docente indispensável.

No agrupamento de escolas de Benavente, os alunos deixaram de poder sair da escola para ter aulas de educação física no pavilhão municipal. A decisão do diretor surge no seguimento de uma circular da DGEstE (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) enviada a todas as escolas do país e a que o Observador teve acesso.

“Considerando a necessidade, em alguns AE/ENA [agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas], de os alunos se deslocarem para outros locais fora das instalações da escola onde decorrem algumas atividades letivas, designadamente, aulas de educação física, devem os senhores diretores obter a autorização dos respetivos encarregados de educação para o efeito, e garantir que os alunos são sempre acompanhados por, pelo menos, um trabalhador do AE/ENA durante todo o percurso das deslocações”, lê-se no documento.

Claro que não me admira que, na mesma peça, surja quem se preocupa mais em defender o seu domínio sobre o currículo do que em reivindicar condições físicas adequadas nas escolas para a prática da disciplina, discorde da medida. Porque fazer Educação Física em áreas sem quaisquer condições como sótãos, pavilhões ainda com amianto ou com o revestimento a dar as últimas ou fazer a miudagem do 5º ano sair em 10 minutos da escola para pavilhões a centenas de metros de distância e voltarem no intervalo não é problema que considerem relevante.

ginastica

(já agora… era tão bonito que existisse coragem para se falar em certas práticas de avaliação no Secundário, agora que conta para a média e é preciso provar que há alunos que beneficiam disso… sendo naturalmente mais fácil que isso aconteça com os que pouco pescam do resto…)