E tal como anunciado no sábado em primeira página do Expresso e logo de manhã pelo actual PM, nada de novo poderia sair da “ronda negocial” da tarde de hoje. E quem acreditar que algo poderá ser conseguido sem um susto valente nas europeias, anda mesmo a ver o filme todo ao contrário. O tempo passou, dois, quase três anos de avanço, até se ficar praticamente encurralado entre o sindicalismo das greves à moda do século XIX, num modelo sacrificial em que se oferece ao Estado muito dinheiro, e a impossibilidade de se avançar para algo diferente, porque o terreno foi ficando minado ao longo do tempo. Ou seja, greves, só aquelas que o próprio Governo achar por bem e até quando o achar. Depois disso, entra com legislação à medida e aposta que judicialmente as coisas nunca se resolverão antes de factos consumados. Como os enfermeiros, os professores não terão grandes hipóteses, muito menos em terreno aberto, prontos para serem dizimados.
Não há nada a fazer?
Há. mas pouco, incerto e só com um revés eleitoral de quem tem – acreditem, não é mania minha – um preconceito radical contra os professores e a sua carreira. A cosmética quer fazer acreditar que estes não são os boys and girls do engenheiro, mas o núcleo duro está lá quase todo (faltam o Campos e o Lino das obras, mais o clone Silva Pereira, mas pouco mais). Reparem como uma das mais recentes promoções até foi de uma assessora da ditosa MLR. Há contas por ajustar, não vale a pena escondê-lo. A habilidade foi arranjarem uma equipa para o ME em que a sonsice (real ou bem fabricada, como no caso do “encoberto” nestas situações em que fica a doutora Alexandra com os holofotes) imperam e serviram para embarretar os façanhudos.
Garanto que tenho pena. Preferia que assim não fosse.
Portanto… o que fazer?
A ILC, com o ilustre deputado Porfírio Silva como relator, só por acidente chegará a discussão no plenário sem ser torpedeada. Chegando, seria a oportunidade ideal para os partidos que dizem coisas fizessem coisas. Mas há (à Esquerda) os que se agarram a um inútil artigo da LOE, outros que andam numa de serem essenciais para nova geringonça, enquanto ainda há os que (à Direita) fazem mais zigues do que zagues ao justificar a inacção em relação a algo que afirmam justo. Se acham que não pode ser tudo de uma vez? Apresentem alternativas e levem-nas a votos.
Quanto a greves? O equivalente à “cirúrgica” dos enfermeiros seria às avaliações e essa já ficou desarmada o ano passado. Fazer uma por prazo indeterminado, este ano, no 3º período, por muito “radical” que soe, faria sorrir largamente o Centeno e duvido que não exacerbasse o que António Costa acha ser a sua firmeza.
Beco sem saída?
Ainda não, mas quase.
O que me chateia solenemente é que quem não soube antecipar isto tenha o futuro garantido, enquanto nós somos carne para canhão.