Em Contra-Mão

É como me sinto a maior parte do tempo, mas muito em especial quando fico bem humorado em tempo de reuniões e percebo que quase ninguém percebe quando, pura e simplesmente, nem estou aí para o dramatismo sazonal. Para mim é a época ideal para dizer completos disparates que à maioria parecem algo dito (ou escrito) a sério. Ao fim destes anos todos já não consigo levar a sério coisas do tipo sinais mais/menos e alíneas e registos de não sei quê e ainda as percentagens à décima.

Parvo

Uma Escala Como Outra Qualquer Que Me Descreveram Um Dia

Dás 5 para distinguir alguém que faz mais do que aqueles a quem deste 4 para os diferenciar dos que tiveram 3 para que não se confundissem com quem teve 2 para que não ficassem desmoralizados por terem 1 como quem não nada fez ou mal apareceu nas aulas. A percentagem dos testes e fichas e coisas assim é um detalhe acessório. Se te perguntarem alguma coisa sobre o método usado diz que fizeste uma abordagem holística dos alunos e os situaste em cinco quadrantes cósmicos assim como quem vem de Cassiopeia e faz uma paragem em Andrómeda para reabastecer.

Mad-Hatter

A Ler

A Math Teacher’s Life Summed Up By The Gifted Students He Mentored

George Berzsenyi is a retired math professor living in Milwaukee County. Most people have never heard of him.

But Berzsenyi has had a remarkable impact on American science and mathematics. He has mentored thousands of high school students, including some who became among the best mathematicians and scientists in the country.

ProfMatem

(aposto que fazia poucas grelhas e não enchia agendas com registos irrelevantes para o desenvolvimento dos conhecimentos dos alunos… pelo que não deve ter ganho nenhum global teacher prize ou o equivalente a um “lurditas d’oiro”)

Ainda Sobre A Hipocrisia Do Faseamento

Se esta solução (do faseamento em três parcelas) é “melhor” do que a anterior, porque só surgiu ao discutirem as outras carreiras especiais e não ficou logo prevista no decreto dos professores?

Acho que por teimosia e porque, ao chocarem com outros grupos melhor preparados para uma guerra jurídica, decidiram que, afinal, permitir ultrapassagens à descarada era capaz de dar mesmo mau resultado.

Só que… a solução é manhosa, em especial ao criar o mecanismo de “opção” entre fasear a recuperação do tempo ou guardá-la toda para o fim. E ao dar o prazo de 31 de Maio para accionar a tal “opção”.

Porquê?

Porque a verdade é que o faseamento “mitiga” as possibilidades de ultrapassagem e muita gente tenderá a ir ao engodo do que está a ser “oferecido” e, de forma indirecta, poderá estar a legitimar a solução encontrada. Porque quem vai dizer que quer já os 11 meses a meio de 2019, está implicitamente a aceitar a “bonificação” governamental e acreditem que isso será usado em termos políticos logo em Junho. E o governo dirá aos que forem ultrapassados que só o foram porque “optaram” por sê-lo.

Para ser vagamente “justa” (e este termo anda a ser violado de todas as formas e com uma frequência assustadora), a solução deveria contemplar a recuperação do tempo para todos os docentes ao mesmo tempo. Só assim se afastariam as hipóteses de ultrapassagens e, mesmo sendo uma porcaria, daria uma aparência de decência.

Mas não.

O faseamento é um truque “técnico” para apanhar as moscas na teia e contra-atacar politicamente. Não vê quem não quer ou quem já se deixca enrolar por umas dezenas de euros.

Batota

(e nem falo na rematada idiotice do “melhor de dois mundos” do ministro James Simpleton)