A experiência da ILC ao longo de um ano, mesmo sem ser no centro do furacão dos contactos directos com @s excelentíssim@s senhor@s deputad@s, e agora com a divulgação das contas do Maurício, de que sou apenas um conspirador convidado, confirma de um modo bem claro que a questão dos “600 milhões” (ou 635) foi sempre um mero pretexto ao serviço de uma política de proletarização da classe docente e da sua amputação progressiva dos elementos considerados “caros” e, quase pior, chatos e críticos de políticas que de forma crescente promovem uma imbecilização global da maioria dos futuros cidadãos que se querem formalmente activos e intervenientes mas que realmente se pretendem apáticos e sem capacidade de contrariar um discurso político demagógico, medíocre e desonesto, só que servido com aparências de rigor.
Na sequência da peça de ontem da Sábado, o Maurício arranjou o tempo e a paciência (que a mim já falta há uns bons tempos) para se dirigir com os dados a diversas luminárias do nosso panorama mediático opinativo, para que comentassem alguma coisa, em especial os que alinham pelos 600 milhões sem qualquer sentido crítico. Só mesmo um professor para ter a paciência para repetir uma lição, uma e outra vez, a quem não quer aprender, com a agravante de, nestes casos, serem alunos do tipo Velhas Oportunidades, sentados na poltrona do que acham que já foram e que demonstrará que tudo o que escrevem são pérolas que nós devemos absorver, enquanto chafurdamos numa pocilga acima das nossas possibilidades.
Uma dessas criaturas, daquelas que já escreveu obra a explicar como deveria governar-se Portugal com a arreata curta (não, podia ser o gomes ferreira, mas não foi), decidiu responder daquela forma que revela bem que não lhe interessa se são 600, 500, 400, 300 ou menos milhões. Pois para ele é sempre muito dinheiro, mesmo que seja metade. Porque ganhamos muito e arruinamos o país, professores, enfermeiros, juízes e toda essa malta que desempenha funções que não se equivalem a directos mal amanhados no facebook para quem ulula sem pensar contra os “privilégios” de quem trabalha – mas não como consultor, assessor, primo ou cunhado do césar – para o Estado.
Em gajo que se sempre se quis promover pelo rigor dos números é curioso que desvalorize liminarmente um valor que é metade do anunciado, só porque ele e alguém na OCDE (a mesma organização que produz estudos que revelam o nosso subdesenvolvimento social e económico) acham que deveríamos viver ao nível dos migrantes que vivem debaixo das pontes de Mumbai. E depois vem a demagogia simplória que nos quer fazer acreditar que o “aumento da despesa” é sempre feito com aumento de impostos, ficando eu sem perceber porque 300 milhões deitam abaixo as Finanças Públicas mas 15.000 não o conseguem (é um número assim alto, mas a contabilizar por baixo as injecções na banca).
Mas acredito que a reacção não seja única e será a mesma em outr@s para quem o que sempre esteve em causa não foi o valor em si, mas o desejo de reduzir uma série de carreiras especiais do Estado a uma situação de precariedade, submissão e proletarização material, de forma a melhor se tornarem meros executantes amorfos de políticas, estando paralelamente em decurso uma estratégia para os desqualificar tecnicamente através de formações académicas progressivamente esvaziadas. Agora até já é notícia quando se encurta em seis meses a formação de juízes, como se fosse coisa boa.
Fica o diálogo que, por estar publicamente numa rede social, não parece ser matéria digna de especial privacidade. Até porque se fica a perceber bem toda a filigrana do pensamento da dita criatura, assim como a elevação do tom, que merece réplica adequada.

(camilos, centenos, catrogas, sousastavares, gomesferreiras, trigospereiras, mexias, aqueles tipos que parecem empreendedores mas só vivem de contratos públicos dos amigos autarcas tipo moitasdedeus, os porfírios ocasionais, no fundo a vossa causa é comum, os factos são para ser massacrados, digam o que disserem para aparentar qualquer coisa)
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