Será Que Há Coragem Para Fazer As Perguntas Certas Ao Ronaldo Centeno?

Agora que o PS parece interessado em chamar o ministro das Finanças para, teoricamente, esmagar qualquer dúvida sobre os encargos horríveis para o Erário Público que implicaria a progressão justa dos docentes, seria uma boa oportunidade para não se ouvir a mesma ladaínha do costume e em vez de questões políticas serem colocadas questões técnicas (afinal, ele é um génio nessas matérias certo? tão bom pelo menos como aquele holandês que copiou a tese de mestrado) muito concretas.

Vamos lá.

Se as regras das Finanças Públicas obrigam a separar de forma tão clara e irrevogável o que é a “despesa” da receita, conviria então esclarecer dois pontos muito objectivos:

  • Como é calculada a “despesa” da contabilização do tempo docente, já que o Governo tem acesso aos dados da base de dados MISI@ onde toda a gente está mais do que registada até ao ínfimo detalhe. Quantos docentes de que escalões progrediriam, em que condições e com que ganhos salariais? Não chega apresentar parcelas e totais finais.
  • Esclarecida então a “despesa” seria de passar, necessariamente, à “receita”, pois essa progressão implicaria um inevitável aumento da receita fiscal sobre salários mais altos, bem como dos pagamentos à SS/CGA. E isso nunca apareceu calculado. O OE tem nesse aspecto duas partes e a “receita” da progressão nunca foi apresentada. A directa (retenções na fonte) e a indirecta (mais difícil de calcular, mas não impossível de projectar, através dos imensos impostos e taxas sobre o consumo que aumentaria desse modo).

Penso que o próprio PS estará à vontade para colocar esse tipo de questões já que entre 2011 e 2015 as soube colocar de forma acertada ao governo anterior sempre surgiam novas medidas de austeridade e esse tipo de críticas aumentou com a chegada de António Costa à liderança do partido e com a promessas de “reversões”. Ora… o sentido da palavra “reversão” é qual? E o de “reverter”? Não é voltar atrás? Ao ponto de partida? Ora… a verdade é que, no caso dos docentes, agora dizem-nos que não pode ser assim.

lampadinha21

 

Sábado

Nada como ler mais do que os clichés que ficam bem em listas de “clássicos”. Ler coisas novas que trazem novas perspectivas e não apenas o requentar de velhas fórmulas. Que é a especialidade de muita gente que anda por aí a citar sempre “autoridades” porque, em boa verdade, pouco mais leu se é que leu mesmo o que diz ter lido (viva o Conan Osíris que no Expresso de ontem escolheu como livro da vida em volume dos Arrepios, porque pelo menos parece sincero).

Ambos os livros são (para alguns talvez de forma insuportável) sobre questões “morais”.

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(as edições em inglês devem-se não a um enorme cosmopolitismo, mas a racionalidade financeira)