Uma maravilhosa série, em especial para quem não percebe que a comida, a Histõria e a Cultura de uma região ou país são fenómenos inseparáveis, seja em termos colectivos como individuais. Neste caso,a Oriente onde a UE e a ASAE ainda não apareceram a proibir ou multar toda a gente que faz comida e a vende na rua (embora na Tailândia pareça existir uma tendência nesse sentido).
Dia: 28 de Abril, 2019
‘Tadinhos Dos Ressentidos
O discurso de Ferro Rodrigues por ocasião das comemorações do 25 de Abril foi de uma capacidade entediante assinalável, ao nível de um qualquer Cavaco. E fez díptico com a sua entrevista ao Público em que se queixou amargamente da forma como os políticos são tratados, nas suas palavras “pior do que cães”.
Isto dito pela segunda figura do Estado, alguém que fez 45 anos de carreira política em Portugal, tendo assento no Parlamento desde 1985, faz pensar em alguém com alguma tendência masoquista. Ser são assim tão maltratados, por que raio estão sempre agarrados ao osso? Eu percebo que Ferro Rodrigues se sinta maltratado por ter sido posto a andar da liderança do PS como foi, a sério que sim, mas se tem alguém de quem se queixar será de parte dos seus camaradas, uns mais amigos da onça do que outros.
Mas há uma parte que eu não gostaria de deixar de sublinhar e que, apesar de ser um fã incondicional de felinos, se relaciona com os cães. Aliás, admiro-me de não ter ainda existido reacção daquele senhor deputado do PAN a este respeito, mas deve ser porque foi a alguma sessão de biodanza.
Eu gostaria de deixar claro que os cães são animais de uma fidelidade adequadamente canina, diz-se que são os melhores amigos do homem (nada é dito sobre as mulheres e consta que os gatos são mais populares nas identidades de género mais alternativas) e têm imensas qualidade que eu não conheço aos deputados. Os cães de caça trazem-na aos seus donos sem se afiambrarem a um lombo pelo caminho. Mesmo os mais rafeiros são bons guardas e protegem os bens daqueles a quem estimam. Ficam alegres quando os vêem chegar. Não conheço nenhum político, nem os menos maus, que tenha metade destas qualidades, sendo a regra mais a de abocanharem tudo o que podem, detestar a presença próxima de quem lhes deu a mão para chegarem ao poder e são incrivelmente ingratos para com o “povo” que neles delega a soberania no regime democrático, mesmo vivendo décadas à contas do Erário Público para fazer leis em que se amnistiam e ilibam entre si com generosidade da maioria das aleivosias que praticam com um à-vontade notável.
Portanto, a mim quer parecer que tratar os cães melhor do que os políticos é de elementar justiça. E por maioria de razão penso o mesmo dos gatos que, por experiência pessoal de prolongado convívio, só tratam mal quem não lhes merece confiança.
(faltou a múmia aníbal, ficou a a múmia eduardo… )
A Audição Do Ministro Tiago Com Direito A “Vozearia” (Peixeirada No Caso do Povo) Lá Pelo Meio
O homem agora já fala alto e gagueja menos, mas continua a não me convencer mais do que um daqueles simuladores com voz humana a debitar o conteúdo de memorandos.
Audição do Ministro da Educação sobre a falta de pessoal não docente nas escolas (requerimento do PCP) seguida de audição sobre a política geral do ministério.
Ainda acaba em assessor de um futuro PR pós-Marcelo.
Domingo
Eleições em Castela e arredores. As pessoas aparecem na televisão muito preocupadas com o “avanço da extrema-direita”, ou seja, de um partido chamado Vox com uma agenda tradicionalista e retrógrada para os nossos padrões actuais. Parece que se atribui esse tal avanço a maleitas diversas (claro, as “redes sociais” surgem logo, assim como a “demagogia” e o “populismo”), mas são raras as incursões sobre as verdadeiras raízes da adesão de muita gente a estas propostas de partidos “novos”. Esquece-se quem em Madrid se viveram 35 anos de rotativismo puro entre PSOE e PP, a um ponto que bloqueou o “sistema” quando foi preciso ir além de maiorias absolutas monocolores e ir além de soluções fechadas. Como por cá, mas talvez ainda a um grau mais grave, a classe política tradicional parece achar que a Democracia é o sistema político em que eles ganham sempre e fazem o que bem entendem, com o formalismo de uns votos populares de 4 em 4 anos que não devem fugir aos do costume. O Podemos e o Cidadãos levaram um terço dos votos em 2016 e foi um choque. Parece que o “povo” terá votado mal, enganado pelos “novos fenómenos”. Nunca, por nunca ser, os “velhos fenómenos” parecem ter a humildade de fazer a devida auto-crítica. Por cá, algumas derivas abstrusas têm tido um sucesso moderado à volta “causas” muito específicas (o “partido dos reformados” do Manuel Sérgio ou agora o PAN de André Silva e as suas milícias musculadas em defesa dos direitos dos animais) de figuras patuscas que sempre vão ganhando a vidinha com isso (caso do partido do Marinho Pinto de que nem me ocorre o nome sem ir ao google) ou que o vão tentar (como a agremiação do inenarrável André Ventura, só ultrapassado em pura má educação e arrogância pelo inefável Pedro Guerra).
Estas “novas” propostas (que nada de novo têm) são possíveis e têm sucesso quando as que têm dominado o poder se esgotaram num alheamento crescente em relação aos votantes e nem crescentes abstenções os têm alertado para além da epiderme. Em Espanha (Castela e arredores) há um divórcio evidente entre as elites políticas que governaram desde 1982 e a fonte da soberania (o “povo”); por esse divórcio nunca pode – em Democracia – ser responsabilizado quem delega a representação política, mas sim quem a exerce à maneira de um qualquer césar.