Domingo

Eleições em Castela e arredores. As pessoas aparecem na televisão muito preocupadas com o “avanço da extrema-direita”, ou seja, de um partido chamado Vox com uma agenda tradicionalista e retrógrada para os nossos padrões actuais. Parece que se atribui esse tal avanço a maleitas diversas (claro, as “redes sociais” surgem logo, assim como a “demagogia” e o “populismo”), mas são raras as incursões sobre as verdadeiras raízes da adesão de muita gente a estas propostas de partidos “novos”. Esquece-se quem em Madrid se viveram 35 anos de rotativismo puro entre PSOE e PP, a um ponto que bloqueou o “sistema” quando foi preciso ir além de maiorias absolutas monocolores e ir além de soluções fechadas. Como por cá, mas talvez ainda a um grau mais grave, a classe política tradicional parece achar que a Democracia é o sistema político em que eles ganham sempre e fazem o que bem entendem, com o formalismo de uns votos populares de 4  em 4 anos que não devem fugir aos do costume. O Podemos e o Cidadãos levaram um terço dos votos em 2016 e foi um choque. Parece que o “povo” terá votado mal, enganado pelos “novos fenómenos”. Nunca, por nunca ser, os “velhos fenómenos” parecem ter a humildade de fazer a devida auto-crítica. Por cá, algumas derivas abstrusas têm tido um sucesso moderado à volta “causas” muito específicas (o “partido dos reformados” do Manuel Sérgio ou agora o PAN de André Silva e as suas milícias musculadas em defesa dos direitos dos animais) de figuras patuscas que sempre vão ganhando a vidinha com isso (caso do partido do Marinho Pinto de que nem me ocorre o nome sem ir ao google) ou que o vão tentar (como a agremiação do inenarrável André Ventura, só ultrapassado em pura má educação e arrogância pelo inefável Pedro Guerra).

Estas “novas” propostas (que nada de novo têm) são possíveis e têm sucesso quando as que têm dominado o poder se esgotaram num alheamento crescente em relação aos votantes e nem crescentes abstenções os têm alertado para além da epiderme. Em Espanha (Castela e arredores) há um divórcio evidente entre as elites políticas que governaram desde 1982 e a fonte da soberania (o “povo”); por esse divórcio nunca pode – em Democracia – ser responsabilizado quem delega a representação política, mas sim quem a exerce à maneira de um qualquer césar.

Olé

3 opiniões sobre “Domingo

  1. Em Portugal, a lei eleitoral não respeita todos os cidadãos de modo igual..
    Tem protecção legal o voto BRANCO e o voto NULO bem como a abstenção. São legais. São legítimos. É uma forma de registar a vontade de qualquer cidadão.
    Mas na hora de distribuir mandatos, nada valem.
    São anuladas estas vontades,desprezadas, discriminadas…
    Será isto justo? Constitucional?

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  2. Era de elementar justiça, bom senso, respeito por todos os cidadãos que antes de cada acto eleitoral se soubesse quantos votos são necessários para a conquista de cada cadeira (em função do número de eleitores inscritos, nessa data).
    Isto é óbvio!
    Só que não interessa a quem decide e pode. Protegem-se, descriminalizam-se, comem em conjunto, comem tudo!
    Ai Zeca! fazes cá tanta falta!

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