Quando O Polígrafo É Impreciso (Para Usar Um Termo Caridoso)

A seguinte frase da análise do Polígrafo às declarações de Rui Rio tem, no mínimo, um verbo mal usado e uma fundamentação mistificadora do que é afirmado.

A resposta é positiva: um docente no topo da sua carreira recebe 3.364 euros, correspondentes ao 10.º e último escalão remuneratório das carreiras dos docentes.

Não, não recebe. Fica aqui a tabela do Eduprofs (Vencimentos Docentes 2019) com as diversas possibilidades quanto ao que recebem efectivamente os professores portugueses no topo da carreira. Se tiver uma mão cheia de filhos e for o único titular de rendimentos recebe menos de 2400 euros. Se forem dois titulares com dois filhos recebe 2000 euros.

Recorrer a estudos da OCDE que analisam salários nominais, sem fazer as contas aos descontos e contribuições, é – em matéria de verificação de factos – amadorismo ou incompetência. Ou frete, porque – também tenho direito a teorias da conspiração – a recente aliança ao universo balsemânico pode levar a toldar algumas análises. Ou a escolha dos termos que usam nos seus escritos.

Neste caso o Polígrafo foi “impreciso” na forma de justificar a sua avaliação. Como fact-checking prestou um mau serviço, vamos acreditar – repito – por mera incompetência jornalística. Mas poderiam sempre procurar as fontes adequadas, em vez de preguiçarem pelos Education at a Glance para dar aparência de trabalho.

Professor em exercício, no 10º escalão, não recebe, nem de perto, nem de longe, 3.000 euros. O Polígrafo errou.

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8 opiniões sobre “Quando O Polígrafo É Impreciso (Para Usar Um Termo Caridoso)

  1. Só espero que os sindicatos não vão agora desconvocar greves! Seria muito importante manter a pressão e avançar com tudo aquilo que tinham previsto fazer, seja lá o que for! Manter a greve às horas de serviço não marcado no horário até que os nossos horários sejam revistos e greve às avaliações, à correção de provas, etc., etc.

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  2. Curiosamente, só agora me ocorreu, parece-me que Costa e César planearam isto há muito, inclusive, encostar o Presidente às boxes! Entalaram o Marcelo! Brilhante! Obrigam o Presidente a ser o desempata e que vai ficar sempre mal numa fotografia: não se pode agradar a gregos e a troianos, a deus e ao diabo ao mesmo tempo.

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  3. O Polígrafo às vezes fez análises pertinentes mas outras vezes restringe-se ao clickbait (já nem indica na imagem a avaliação obrigando os utilizadores do Facebook a clicar no link), fact checks que ou são completamente irrelevantes ou são de coisas em que ninguém no seu perfeito juízo acredita. E em casos como os salários dos professores colocou-se ao lado da propaganda de direita. E uma vez apareceu no Polígrafo um ataque ao jornalista Daniel Oliveira, deitando assim por terra qualquer “imparcialidade”.

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  4. No espaço de QUATRO DIAS, o Polígrafo partilhou fake news duas vezes.
    Primeiro difamou os professores, mentindo descaradamente sobre os salários destes.
    Agora difama a esquerda espanhola, ao insinuar que a direita espanhola teve mais votos, chegando a essa conclusão ignorando os votos da Esquerda Republicana da Catalunha, que só assim por acaso foi o partido mais votado da Catalunha. Mas o Polígrafo/SIC prefere envergar pelo espanholismo e ignorar a existência da Catalunha, que só por acaso tem quase tanta gente como Portugal.
    O Polígrafo afinal é mais um site de fake news. À semelhança dos verdadeiros polígrafos que já se provou cientificamente que não funcionam para apanhar criminosos. Da mesma forma, Polígrafo/SIC não funciona para apanhar mentirosos, em especial se forem do PSD.

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