Continua a transcrição, obtida graças a métodos altamente sofisticados como um funil na parede com ligação directa a um gravador de cassetes, da reunião do gabinete de crise convocado por António Costa para a manhã de ontem. Qualquer erro ortográfico é porque a fita da máquina de escrever está a ficar velha e falta-me fita correctora. As iniciais têm explicação em post anterior.
Início da segunda cassete. Hora: 11.33
ACM: Acho que estamos de novo a divergir do essencial e que é como vamos passar a nossa mensagem de forma concertada. Quem vai preparar os dossiês de imprensa e fazer circular pelos nossos amigos e conhecidos? Alguns não precisam, já sabem o que escrever, aconteça o que acontecer.
FA/TA (em uníssono): Isso somos nós. Já está tudo pronto.
MC: Já têm as minhas contas? Eu pedi agora mais uns cálculos para ver se chegava aos mil milhões…
FA/TA (em uníssono): Não é preciso, o pessoal já ficou os 600 e os 800 milhões, agora só lhes ia baralhar o cérebro.
TBR: Eu já comia qualquer coisha… tenho aqui um bixinho…
FA/TA (em uníssono): O senhor primeiro dos ministros quer que se vá à cafetaria buscar uns salgadinhos, uma bebida para refrescar?
TBR: Há morchela? Lampreia? Eu quero emagrecher, mas estou com uma larica… depois faço uma caminhada.
MVS: Paizinho, queres qualquer coisa para comer?
VS: Hã? Mmmrrrfff…. Quem me acorda? O que aconteceu? Não se pode descansar?
AC: Não quero nada, não há cá petiscos até definirmos uma estratégia irrevogável, indesmentível, insofismável, impreterível, ninguém sai daqui.
SS: Temos de dar na cabeça da Catarina. Anda a lixar-.nos por causa daquilo na Saúde. E o Jerónimo? A defender a pequena burguesia intelectual? Há que lhes dar um aperto nos calos ou levam de novo com a Direita e o Salazar em cima.
TBR: Eu obrigava-os a fager uma caminhada de 30 quilómetros para ver como she fica shaudável de corpo e eshpírito.
SS (em voz baixa): Olha lá, ó António, o que veio este aqui fazer?
AC (também em murmúrio): O que queres… isto tem a ver com a Educação e sempre precisamos de alguém da área. O João das Costas diz que não gosta de protagonismos nestas coisas que lhe parecem pouco inclusivas, ainda se fosse qualquer coisa da OCDE… A Alexandra dos Leitões disse que tinha de ir ao colégio discutir as notas dos filhos ao colégio, parece que um teve só 19 a Educação Física. Mas já falou com o sogro para dizer que é inconstitucional.
SS: O quê?
AC: Tudo.
SV (o das Economias, para quem já se esqueceu): Senhor primeiro dos ministros, já tiraram as fotos todas, já me posso ir embora?
AC: Não, que raios… se os jornalistas dão com alguém a sair ainda pensam que isto não está a ser reflectido de forma profunda a detalhada.
MC: Eu tenho as contas aqui.
PNS (o ministro adjunto para controle das Esquerdas): Já posso dizer alguma coisa?
AC: Nâo! Vê lá quantos laikes temos no Insta e já chega.
SS: Ó António, mas isto da demissão é mesmo a sério, olha que o Pater Cesare está agitado… já me mandou meia dúzia de sms porque tem de dar uma entrevista, com foto e tudo, e a família está muito agitada… tem medo que não ganhemos e tem parentes que não querem voltar a São Miguel.
AC: Da outra vez também não ganhámos e viste como foi. Até os papamos a todos. O Rio nem tem hipótese. Com mais umas primeiras páginas do Espesso nem chega ao Verão.
SS: Posso tranquilizar o tipo? Achas que há ainda uns lugares para os enteados dos primos do vizinho?
ACM: Há umas vagas para professores de Sociologia Avançada no Isczé, disse-me o Pedro Atão e Surfes, que precisam de gente para ajudar os estudos do Capuchinho e da Pasionária Rodrigues.
TBR: Eu tenho por acajo uns amigos que gostam muito de shurf e também eram capages de gostar de fazer uma tege.
AC/SS (muito alto): Cala-te!
VS (despertando, algo agitado): O que foi… ahrummmm… ahrummm. Há novidades? Já é hora de almoço?
MVS: Paizinho… não é contigo… ainda não são horas… descansa.
Fim da segunda cassete. Hora: 12.18
(continua…)