Dia: 10 de Maio, 2019
Apagões E Outros Escaraminhões
Há coisas curiosas no Polígrafo e não é apenas o verificar muita gente menos certos articulistas de publicações parceiras. Serão “critérios editoriais”…
Uma curiosidade recente foi o aparecimento da seguinte questão:
Se seguirmos o link…
Porquê?
Justa ou injusta a acusação existiu e foi divulgada pela Sábado há 3 anos. E verdade se diga, o dinheiro foi devolvido.
O que não se percebe é porque a questão surgiu agora e… logo desapareceu. Porque não suscitaram questões como “beltrano foi acusado de plágio na sua obra literária mais conhecida?”. Como neste caso, justa ou injusta, a acusação aconteceu.
O Polígrafo começou bem, ocupando um espaço vazio na nosso panorama mediático, mas parece andar com umas espécie de dores de crescimento.
Da Obscenidade A Céu Aberto
Há que admirar um gajo que goza na cara de toda a gente e ainda diz que quis ajudar bancos com “excesso de liquidez”.
Claro que ninguém se lembra de ter estado no governo de Sócrates que fez aquelas trocas e baldrocas com o CCB… e aposto que há muito escrevinhador de notícias que já se esqueceu de visitas, viagens, prendas, prosas…
E agora já há compromissos eleitorais e prioridades de governação que talvez não se oportuno recuperar.
Quando Carlos César Governava Em Tempos De Crise
2010:
E por falar, mesmo, em “retroactivos”… nos Açores pagam-se a quem bem se quer… neste caso a funcionários das Misericórdias (situação verificada em 2014, durante a troika):
Não Há Circo, Sem Ursos (Por Muito Que Custe Ao PAN)
Agradeço ao Livresco o envio destes e muito mais links com reacções, análises e comentários sobre a trapalhada a que assistimos na última semana e meia, que acresce meses e anos de palhaçada contínua. Na generalidade dos casos nem vale a pena tecer qualquer tipo de consideração sobre o que é dito ou escrito (nem sequer sobre aquele vídeo do JMFernandes, de que felizmente não acho o link, a quem umas bengaladas retóricas até fariam bem, para ver se atina com o que significa “justiça”). Fica apenas o registo, assim a modos que actualização “informativa”.
Crise política acabou. Direita e PS chumbam lei dos professores
Crise dos professores. Quem ganhou e quem perdeu
Contagem integral do tempo dos professores? Rui Rio diz que “é possível” mas “nem tudo em dinheiro”
Crise dos professores: Será que Presidente Marcelo vai quebrar longo silêncio depois da votação?
Sem contas públicas certas, “lá se iria o nosso salário”, diz Mário Nogueira
Costa compara professores e técnicos superiores e defende carreiras mais atrativas no Estado
A Federação Nacional da Educação promete não baixar os braços
Entretanto, No Parlamento
Fora (André Pestana):
Dentro (quem é este tipo do PSD?)
Anota-se a forma como alguns jornalistas no local já garantiram o resultado final, com o “chumbo” das propostas.
O debate começa e desenvolve-se na mesma lógica da troca de argumentos dos últimos dias. Nada muito original. Estão todos de acordo em inviabilizar o processo, por estas razões ou por aquelas.
E eis que chega o aparatchik de serviço, o deputado Silva que repete e repete as mentiras do costume. Tem a falta de vergonha de falar em “contas certas”. Abjecto não especulativo. Merece uma nomeação antes do final do mandato para qualquer coisa que o proteja de um azar eleitoral. A ver se ganha o suficiente para fazer um tratamento às vértebras.
E tudo termina, com @s senhor@s deputad@s a irem almoçar com o descanso de não terem causado uma “crise política”, incluindo os que professam credos revolucionários.
Na TVI24, mst não faz nada manhãs ou inícios de tarde, nem mesmo para se rejubilar, pelo que aparece uma “editora política” a comentar. Desliguei. E os outros canais, já agora.
Parabéns, Atrasados, Ao Rui Correia
A actualidade também é feita destas coisas boas para alguns de nós. Vou ser provocador, como ele bem sabe, e agradecer ao Rui que, mais do que as metodologias que apresentou, tenha permitido mostrar um canto da sala de aulas muito parecido ao meu, ali com o hp a resistir estoicamente, o mobiliário escolar de última geração há 30 anos, o placard de corticicite com rasgões, o quadro verde tradicional com a tela lá em cima e as janelas altamente climatizadas para os 35º que se aproximam.
O Maurício No Opinião Pública
Primeira intervenção clara de uma professora de Almada, seguida de um alegado “reformado” com défice de medicação e coerência, que diz que merecemos “zero” e que tem menos reforma mais que está ali “caladinho”, mas a falar sem parar. Segue-se um “assistente de enfermagem” que liga de fora do país parece mais interessado em divulgar que emigrou e que tem aquela noção de que se um está mal, todos devem estar mal. E diz que os professores deveriam ter feito “algazarra” quando nos congelaram. Perdoai-lhe, senhores, porque ele esteve fora e não deu pelas manifestações, greves e tudo o mais, como as manifestações depois do primeiro congelamento e a greve às avaliações em 2013.
Maurício a explicar que os professores pagaram mais do que a média para a austeridade. Ele está muito sério… muito concentrado. E explica que 70% dos funcionários já recuperaram todo o tempo.
Segue-se uma bancária reformada com uma boa intervenção que destaca que os professores têm o tempo contado ao dia, em especial os contratados. Agora, uma professora dos Açores, a explicar as vantagens que teve quando esteve no privado e destaca o papel de Carlos César que descongelou e pagou retroactivos aos docentes de lá, mas por cá acha que não deve ser assim. Segue-se um reformado do Seixal que nem consegue saber quando começou o congelamento. E depois fala em reformas dos professores de “nível 10”, algo que me faz pensar que entrou na estratosfera. Continua o surrealismo com um fundador do PURP, a falar na primeira pessoa e em tudo o que fez por si mesmo e já está na escola primária de Lourenço Marques onde andou. Depois diz mais umas coisas favoráveis aos professores, mas sinto que já estamos a ir para a quinta dimensão. E agora chega um professor reformado do “Secundário” e está contra porque ele não vai recuperar o tempo de serviço. Portanto, como ele se reformou e não vai receber, ninguém deve receber. Isto se é mesmo professor, o que sinceramente duvido.
A Marta Atalaya evoca agora o dinheiro que não existe para repor todos os direitos e o Maurício responde que a reposição integral do tempo de todas as carreiras especiais não coloca a estabilidade orçamental em causa, lendo passagens do relatório da UTAO que destrói a argumentação do governo. Mas não valia a pena assumir os 800 milhões, mesmo dizendo que são falsos… Começou a sorrir, significa que a tensão está a desaparecer e que agora é a recta final vai ser em grande com a lista dos prejuízos que ninguém no governo apresenta como “ruinosos”. O facto de estar a falar para uma câmara sem presença da pivô é sempre uma desvantagem para controlar o tempo disponível.
E termina com uma palavra de esperança quanto ao que ainda pode ser feito, apesar da enorme falta de pudor em decurso.
6ª Feira, Dia Da Má Moeda Votar A Má Ficção
Parece que terminará hoje um dos actos mais lamentáveis da ópera bufa em que se tornou, para a generalidade da classe político-mediática, a questão da reposição do tempo de serviço docente. No Parlamento, será hoje feita uma votação em que a Esquerda (Bloco, PCP) votará contra essa reposição nos termos que a Direita (PSD, CDS) elaborou assumindo como válidas pelo menos as consequências orçamentais do números “cozinhados” pelo Costismo-Centenismo-Cesarismo, com aplicações retóricas porfíricas. Já se percebeu que os dados não são fiáveis desde a base, que os cálculos, mesmo assim, foram feitos de moda errada ou inflacionada e que nada o que se apresenta como sendo o é. No entanto, a discussão irá continuar em torno da “insustentabilidade” da medida, como isso fosse real, como se os salários dos professores fossem a causa da crise financeira, quando só um berardo desfalca mil milhões de riqueza e uma série de gestores rotativos da banca público-privada dos últimos 15-20 anos andou a abrir e camuflar buracos, com recurso ou não a negócios angolanos.
Apesar de se saber que tudo assenta numa ficção estatísticas e mesmo que isso seja afirmado por alguns, o grande Centro Costista-Centenista-Cesarista manda os seus enviados repetir que todos os números estão bem e que as consequências são as que anunciam desde o primeiro dia em que decidiram mentir sobre o assunto e nisso tiveram o apoio de muitas primeiras páginas e muitos “debates” ou “comentários” em prime-time.
Tudo para esconder que esta é uma opção política que recorre a manipulações estatísticas e abandona por completo qualquer fundamentação jurídica, mesmo se fala – de uma forma que deveria valer as penas de um Inferno em que infelizmente não acredito – em “justiça” e até em “equidade”, daquele modo que lembra as prédicas sobre “inclusão” e “autonomia e flexibilidade” que se multiplicam pelo país com forte assistência de quem anda a ver se outros recuperam o tempo enquanto el@s acumulam os créditos para serem @s primeir@s a beneficiar, no caso de algo correr bem.
Hoje à tarde existirá uma votação definida por tricas políticas, por jogos de bastidores, por conveniências partidários, cálculos eleitoralistas e determinantes próprias do interesse nacional como a divisão de clientelas num próximo mandato em que Costa sente que será o pivô da distribuição do que há em matéria de verbas e de lugares que sobrem da família cesarista e amigos. Aliás, já me ocorreu que a única forma de resolver este problema, seria ter 2 ou 3 familiares do grande don miguelista na profissão. Mas nesse caso, o mais certo seria fazerem-lhes uma vinculação ou reposicionamento à medida, deixando o resto a ver passar as traineiras em terra.
Hoje à tarde, os professores voltarão a ser carne para canhão e perderão uma nova batalha, mais outra, depois de lhes terem sido anunciadas vitórias mil pelos que se colocam sempre à frente no retrato, mas nunca assumem o fracasso das suas estratégias.
Hoje à tarde, os professores voltarão a ser os grandes derrotados, numa guerra que vai sendo longa, longa de mais para muit@s que a abandonaram por esgotamento ou vão caindo no quotidiano perante a impassibilidade de juntas burocráticas que olham apenas para a data de nascimento. Nos dias que correm, só estão bem aqueles que sempre andaram com o vento, que se instalaram e cristalizaram nos cadeirões e cadeirinhas do poder hierárquico criado pelo modelo único e feudalizado de gestão escolar, que esperam colher proventos da municipalizaçáo ou que produzem serotonina de forma espontânea e pletórica a cada visualização de um velho powerpoint formativo, introduzido a fanfarra de costa menor, com aparições especiais de cosme, trindade, rodrigues, pereira ou outros anjos e querubins da celestial e flexível constelação inclusiva.
Hoje à tarde a guerra não terminará. Mas, para mim, não pode continuar nos moldes que têm garantido derrotas sucessivas objectivas para os professores de carreira e que ainda têm brio e gosto no que fazem. Mesmo que sejamos menos do que fomos, estejamos desanimados, cansados e motivo de desrespeito contínuo por parte de políticos medíocres e comentadores de que não sabemos avenças passadas, há que conseguir encontrar forças e formas de continuar a tentar subir a muralha. Ou implodi-la. Sei que não vai lá apenas com a força do Verbo, mas pelo menos eu continuarei, a uma escala mínima, pelo meios que me restem e não me cortem como à progressão, a moer-lhes o juízo e a chamar-lhes o que merecem, do ponto de vista factual, mas também moral e ético (embora acredite que nestes campos os consiga atingir muito pouco, tamanha a falta de decência que exibem, protegidos pela impunidade de comissões éticas mais parecidas com pescadinhas com o rabo noutra boca).