O 10 De Junho…

… é um dia dedicado a uma espécie de sessão pública de terapia sem consequências. O João Miguel Tavares fez um bom discurso, como já o fizera, por exemplo, António Barreto em 2011, curiosamente em Castelo Branco, não muito longe de Portalegre. Qual o problema? Estes discursos são feitos por quem não tem qualquer poder efectivo na condução da governação, não sendo difícil muita gente com responsabilidades dizer que concorda e depois nada fazer em conformidade. E quando chegam perto do poder de mandar fazer coisas a sério ou são obrigados a compromissos, em nome do realismo, ou mudam por completo a agulha, tipo lavagem completa ao cérebro. Por isso, prefiro JMT como cronista, mesmo quando dele discordo, do que a deixar-se seduzir por aproximar-se de um poder que está demasiado contaminado. Não vale a pena apelar aos “políticos” porque só isso já revela o quanto eles são uma coisa e nós outra. Por estranho que pareça, acho que com o desvario do engenheiro as coisas eram mais claras; agora – cortesia do pragmatismo das muletas da geringonça – tudo anda mais cinzento, opaco, controlado. Para além de que esta malta que lá está agora consegue juntar os que na altura estavam na fila de espera do carreirismo com senadores inoxidáveis do sem-vergonhismo, a quem não adianta sequer dizer que são mentirosos, porque ele sabem-no e nem se ofendem de verdade.

PobrePortugal

(c) Rodrigo de Matos (2014)