E Há Quem Sinta Muita Urgência Em Dar Essa Formação E Evangelizar Para O Seu 54

Há poucos professores com competências para ensinar crianças com necessidades especiais. É “urgente” formá-los

O que se poderia escrever sobre o paradoxo de quem quer renovar a linguagem e dizer que todos são especiais, mas depois afirma que há uns mais especiais do que outros, como é natural, mas ao contrário da ideologia dominante actualmente na área. Assim como sobre a ausência de uma formação de base sólida, trocada por especializações instantâneas feita por muita gente boa, mas também por quem vê aí uma safa para a carreira, mas sem “competência” nenhuma para o efeito, mesmo que certificada com dezenas de horas de “formação” dada por quem tantas vezes não passa de um quadro burocrático do ME ou uma variante de quem vê os alunos “especiais/iguais” por um canudo.

Inclusiva1

Porque o que se precisa na maioria dos agrupamentos é de pessoal mesmo especializado (psicólogos, pedo-psiquiatras, terapeutas diversos, a tempo inteiro ou em parcerias efectivas) em diagnosticar as situações e apresentar metodologias de trabalho associadas a terapias comportamentais (ou outras)  e não de aplicadores burocráticos de decretos transformados em grelhas com cruzinhas e muita conversa fiada.

Enquanto a dupla David Rodrigues/João Costa não assumir (eu acho que perceberem, eles percebem) que começaram uma casa pelo telhado para apresentarem serviço rápido para propaganda política e não de uma forma sólida a partir dos alicerces, andaremos anos em versão beta de uma “inclusão multinível” para OCDE ver.

Eu como professor e DT de alunos com muitas especificidades, com muitos anos deste tipo de trabalho, preciso mais de pessoal tecnicamente apto para me apoiar em tudo o que não sei, do que de “formação” em treta legislada. Claro que aquilo sai mais caro e demora mais tempo do que as formações que agora andam a ser dadas às pazadas mal amanhadas em regime intensivo com powerpointes clonados de uma qualquer matriz fornecida centralmente.

E não me venham com a conversa de que sou “velho do Restelo” e que estou contra tudo. O que não sou é vendedor de banha da cobra.

360 Controle Central Total + 0 Autonomia = Escola 360

Até o big brother parecerá um menino. Esperem só por ter de inserir de novo todos os dados dos alunos. Já daqui a uns meses se forem dos casos-piloto. Depois, todo o mais pequeno dado sobre alunos, aulas, professores, faltas, classificações, etc, etc, será controlado centralmente.

Bigdata

Adicionalmente… foram 250.000 euros apenas para “aquisição de serviços de integração do Escola 360 com outros sistemas internos às escolas, Ministério da Educação e outras áreas governativas”, depois de 80.000 para “aquisição Serviços de migração dados alunos de escolas/agrupamentos de escolas no Escola 360” , 20.000 para “aquisição de Serviços de integração do Escola 360 com a Matrícula Eletrónica do Portal das Escolas”,  outros 250.000 o ano passado para “aquisição de serviços de suporte à aplicação Escola 360”   a que se juntam 75.000 no fim de 2017 para o mesmo efeito.

Mas o total gasto, pelo menos com acesso na base.gov, com o Escola 360 e serviços associados (como a “construção dos cadernos de analise funcional e técnica – Escola 360 – Provas de Aferição para o Instituto de Avaliação Educativa, I. P.” por 40.000 euros), ultrapassa largamente o milhão de euros nos últimos 18 meses e eu não consegui achar o que seria o contrato inicial para desenvolver o programa.