Porque @s Professor@s, Em Cima De Todo O Resto E Apesar De Estarem Velhot@s (Dizem A OCDE E O CNE, Como Se Nós Mesmas O Não Soubéssemos E Fosse Preciso Explicarem-nos), Ainda Têm De Ser Excelentes Condutor@s

Do mural da Fátima Inácio Gomes:

Momento de serviço público 

Não sei se a generalidade das pessoas sabe como se processa alguma da logística dos exames nacionais. Sintetizando, os exames são levados no dia da prova, pela polícia, entregues a um responsável único, nomeado, e guardadas num cofre, até à hora da realização. Depois voltam para o cofre, ao fim do dia são levantadas, novamente pela polícia, que as leva para o agrupamento de exames do distrito, onde são guardadas num cofre.

No dia marcado, os corretores vão levantá-las. E levam-nas para casa 

A caminho de casa, com um envelope com 50 exames, voltei a pensar “e se me acontece alguma coisa pelo caminho?”. Não pensei com receio de me magoar a mim, ou no carro, naquele momento pensava “como se resolveria isto se acontecesse algo às provas?”. Sim, acidentes acontecem…

A coisa não é simples, caso acontecesse: aqueles alunos, sem culpa alguma, seriam prejudicados. Mesmo permitindo-lhes repetir a prova, concorrer na mesma à primeira fase, como compensar o desgaste de terem de passar outra vez pelo exame? como garantir que as condições fossem iguais? garantir que não correria pior que o outro? ficar sempre a dúvida de que o “outro” estaria melhor?

Mas é isso… há todo aquele aparato de segurança e, depois, estes exames ficam assim entregues, nas mãos de pessoas que os levam para casa. Eu nunca mais os tiro de casa até à data de os devolver (e lá vou eu no carro a pensar no mesmo). Tenho receio de águas e outros acidentes. Já tive as miúdas pequenas a quererem riscar os mesmo… agirão todos os corretores da mesma maneira?

Sim, poderia resolver-se isto: os corretores corrigiriam nas escolas ou no agrupamento de exames… mas isso implicaria um horário fixo de trabalho. Eu adoraria! não trabalharia à noite nem ao fim de semana e feriados. Mas isso implicaria terem de dar mais tempo para a correção… não poderia estar, como ontem, das dez da manhã até à 1:30 da noite a corrigir, porque me propus corrigir uma questão inteira dos 50 exames (sim, uma! é o que dá ser professora de português…). Isto tem de estar pronto antes da 2ª fase… e assim se ganha tempo…

Gostaria mesmo de saber se nunca aconteceram, neste anos todos, acidentes…

uma_ultrapassagem

11 opiniões sobre “Porque @s Professor@s, Em Cima De Todo O Resto E Apesar De Estarem Velhot@s (Dizem A OCDE E O CNE, Como Se Nós Mesmas O Não Soubéssemos E Fosse Preciso Explicarem-nos), Ainda Têm De Ser Excelentes Condutor@s

  1. Julgo que a Fátima não está sozinha nos inúmeros receios que escreveu. Também me passam coisas dessas pela mente. Afasto-as logo, porque não estou para ir presa porque atropelei um caracol devido à distração causada por esses pensamentos.

    Sugiro, por isso, que ofereçam um cofre a cada classificador.
    Com cofres antes, depois e depois, até chegarem às mãos de quem os vai corrigir, não deixa de ser uma incoerência, desculpem, uma prova cabal de que afinal o ME confia nos professores. Mais ainda: confia mais nos tais velhotes do que nas direções das escolas e nos agrupamentos de exames.
    Alegrem-se e, já agora, brindem, mas longe dos exames! 😊

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  2. De facto, no meio dos impossíveis é de estranhar que mais “azares” não aconteçam (até que um dia… O Siresp vai abaixo). O mesmo com a forma centralizada como as bases de dados são criadas há décadas (numa avença sem concurso que custa largas dezenas de milhares de euros todos os anos … Adjudicada a uma empresa que tem dois colaboradores : o dono, um funcionário e o cão do primeiro)…
    Duas soluções:
    – os professores trabalham nos seus gabinetes, que não existem, nas respetivas escolas (e durante a noite as provas ficam no cofre)
    – as provas são digitalizadas e são distribuídas aos professores em plataforma digital segura.

    Era preciso, claro, ter serviços no ministério, à luz do séc. XXI..

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  3. Se acontecer algo de muito mau aos exames que estão à vossa guarda digam que, alegadamente, o vosso cão os comeu… E se não tiverem cão digam que foi o cão do vosso vizinho, alegadamente… 🙂

    (Peço desculpa aos cães, animais de que gosto mesmo muito, por estar a utilizá-los como possíveis alibis, mas é por uma boa e justa causa… 🙂 )

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  4. Estou em casa com 45 provas.
    De longe, prefiro estar em casa do que na escola. As viagens far-se-iam sempre; logo, a questão dos acidentes existe sempre, a começar com as primeiras viagens na companhia dos agentes de autoridade… Prefiro fazer serões do que estar num local onde, inevitavelmente, seria interrompida várias vezes. Cada um de nós tem o seu método de trabalho. Para quem é noctívago, corrigir em casa é o ideal. Mais calma, maior concentração… Para ir às reuniões na escola, ficam as provas em casa.
    O problema mesmo é a quantidade de páginas para corrigir em 9 dias úteis. Sim, porque quase todas as minhas provas tem 6/7 páginas (imagino que serão todas assim, pelo país fora). E quando chegar a vez do Grupo III, serão 350 palavras vezes 45, logo, 15750 só num item…
    Enfim… O que nos move é compreender que temos na mão um elemento que pode ser crucial para o futuro de um jovem. Daí, a preocupação da colega.
    Continuação de bom trabalho a todos.

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  5. como já tenho muita ‘sarna pidesca’ para me coçar, não entro em pormenores mas há uns anos atrás ocorreu um acidente doméstico que danificou um exame; com habilidade à boa maneira tuga, o processo permitiu ficar legível. Quando questionei no agrupamento de exames qual o procedimento a adotar em caso de acidente, a resposta foi que não havia planos de contingência e a única alternativa era repetir o exame. Nesse dia, confirmei mais uma vez o aforismo de “quem se lixa sempre é o mexilhão”…
    (e também aprendi o que provavelmente sente um apostador que ganha no euromilhões, quando também não sou convocado para correção de exames…)

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    1. Um assunto muito pertinente que passou despercebido no mundo mediático…

      Calculadoras exigidas no exame de Física e Química “discriminam alunos com menos recursos”

      Os professores da Escola Secundária Camões, em Lisboa, consideram que os procedimentos enviados pelo Ministério da Educação sobre a utilização de calculadoras no exame de Física e Química A, do 11.º ano, constituem, “no mínimo, uma violação clara do que é considerado pedagógica e didacticamente correcto”, quando está em causa uma prova de avaliação externa, necessária para “a conclusão da escolaridade obrigatória e mesmo para o acesso ao ensino superior
      (…) contestam a obrigação dos alunos terem de usar calculadoras gráficas com a funcionalidade modo de exame nas provas que se realizam na próxima semana e para a qual estão inscritos cerca de 45 mil estudantes. A razão evocada para este protesto prende-se sobretudo com o facto de os estudantes terem adquirido calculadoras gráficas no ano passado, quando entraram para o 10.º ano, “podendo na altura optar por modelos que não dispõem do modo de exame”, uma funcionalidade que ainda não era obrigatória. “Este procedimento “é no mínimo escandaloso e indignou todos os presentes”, informa o director da Secundária Camões. “Todos estes alunos, seja porque não sabiam aquando da aquisição da calculadora no 10.º ano, seja porque ficaram com a calculadora de um irmão mais velho, seja porque simplesmente não têm condições económicas para adquirir uma calculadora gráfica topo de gama, deverão abdicar da informação disponível nas suas máquinas?”
      Para os professores do Camões trata-se de “uma clara situação de discriminação socioeconómica” com a qual dizem não ser possível “compactuar”.
      Público

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  6. É por essas e por outras que vão faltar professor@s… que profissão…
    Gabinetes e horários definidos na Escola… horas extra pagas como tal. Resolviam logo a questão!

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