4ª Feira

As provas finais e exames deverão ter fim à vista não necessariamente por razões “pedagógicas” ou sequer por causa da necessidade extrema de sucesso estatístico, mas porque ainda é um processo caro. Mesmo se já nem fornecem os critérios de classificação/codificação e são os professores ou escolas a ter de os imprimir. E se quem faz a coisa pela primeira vez nem sequer tem a mínima formação para o efeito. Entendo que quem anda nisto há 10-15-20 anos não precise das reuniões entediantes para explicação do processo, aferição de critérios e controle da classificação aos pares. Mas para quem chega de novo, talvez servisse para alguma coisa. Eu ainda sou do tempo daquelas formações muito longas (50 horas) só para classificar, em que nos davam os critérios em papel, exemplos de provas do tipo beta (com respostas simuladas para se aferirem critérios) e outro material de apoio. Era chato, longo, mas serviu-me para agora não ter grandes dúvidas. Só que quem é lançado de novo para o processo sem esse tipo de background por vezes parece aqueles animais que, ao atravessarem uma estrada no meio de uma floresta à noite, paralisam com as luzes de qualquer carro. No caso das provas de aferição de 8º ano, em que são atingidas pessoas que nunca fizeram nada disto, não deixa de ser “refrescante” o modo como parecem estar a redescobrir o fogo e a roda de uma só vez. Talvez tivesse sido útil não lhes colocar apenas os envelopes nas mãos e vai à tua vida que alguém te explicará. Online, claro, Online, como é possível que sobrevivam estas provas de aferição nas disciplinas “enciclopédicas”, uma espécie de simulacro de avaliação externa. Num ensino que se pretende “humanizado” deixar quase tudo às máquinas. A classificação/codificação entregue aos algoritmos. Provavelmente, para estar “mais de acordo com o que se dá nas aulas”.

Mas voltemos ao início… o processo ainda é caro. Não interessa se é ou não necessário como regulação externa. O que interessa é que, entre o desejo de sucesso e o encargo financeiro, a opção será clara.

Soma

8 opiniões sobre “4ª Feira

  1. Tudo o que escreveu e a flexibilidade. Isto, porque já este ano cortaram os conteúdos do 11.° ano sujeitos a exame para harmonizar os flexibilizados com os fossilizados, assumindo assim que os primeiros aprenderam menos que os segundos. Isto, porque os princípios da flexibilidade não são compagináveis com exames. Isto, porque com exames a sério talvez os resultados fossem catastróficos.

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  2. Paulo, vá ao site do IAVE e veja se consegue encontrar as grelhas de classificação do exame de HCA (cód. 724) realizado dia 21… ontem, por volta das 23h, estavam lá… mas com um erro nas cotações de uma questão… se necessário, até lhe envio a prova… viva o rigor do IAVE…

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  3. “Alunos de classes mais elevadas dominam cursos com notas mais altas
    Estudantes de famílias mais pobres optam por institutos politécnicos, enquanto os mais favorecidos vão para as universidades.” No DN de hoje.
    Nada que não saibamos e a tendência é para piorar.
    E assim vai o Socialismo. Com tanta inclusão nunca se excluiu tanto.

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    1. isso não tem nada a ver com a inclusão em abstrato. Tem a ver com a replicação do nível sócio-cultural de pais para filhos, não só no acompanhamento feito em casa ou por tutores externos em centros de “superação intelectual”, mas também com a deslocação e mobilidade de estudantes carenciados (politécnicos são sempre mais “próximos”).
      A inclusão poderia mitigar as “diferenças”, caso fosse feita com os recursos adequados e com uma escola pública pensada com financiamento e não estar sempre constantemente a ser menorizada (em particular, os professores,esses “indolentes” bem pagos nas palavras dos energúmenos) . Inclusão low cost pode ser de origem deste Governo(que se chama Socialista mas tem políticas PSD light em quase tudo e por isso é PSeudo socialista). Feita feita como se pretende, irá manter ou piorar a “segmentação” das escolhas dos estudantes. Só que o problema é complexo e não existem apenas algumas causas, nem sequer é exclusivo do atual Governo.
      E não vale a pena estar a chorar pelo Crato e pelas laranjas. São todos farinha do mesmo saco apenas muda a cor da parvoíce. Aliás, se soubesse o que alguns “jovens laranjas” andam a beber doutros locais do planeta acerca de Educação, seria o suficiente para tirar o sono a qualquer professor. O que vi há dias atrás de um grupo de chico-espertos acerca de E-learning com AI foi o suficiente para vomitar o almoço

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  4. Estava a ser irónica, Ex-Alt.
    Nuno Crato cometeu muitos erros, acho, e eu até tinha uma grande admiração por ele, na época da publicação de “O “Eduquês” em Discurso Directo”.
    Ainda assim, prefiro a versão de uma escola pública exigente a esta versão apatetada que destrói tudo e todos.
    São os mais frágeis os excluídos e isso não será nunca aceitável.Compete-nos combater isso, naquilo que for possível: de porta fechada, contornando o sistema, mas sem abandonar os alunos e os princípios que são e serão sempre os mais correctos.
    Com decência que é coisa que não abunda por aí.

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  5. Ainda acerca dos gastos (nos exames):
    Estive em vigilâncias (muitas) e é no mínimo ridícula a gestão feita!!
    Dois docentes para um aluno…um envelope com vinte exames…e um aluno! Eu não acho normal! (Agora imaginem isto a nível nacional!)
    Como é que agilizam estas coisas?…Enfim! E nós é que somos as gorduras do estado…

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    1. Gorduras secas, já que os exames vêm em sacos à prova de água. 😌

      Já agora… a gestão que se faz deste processo é o exemplo exímio da má gestão que o Estado faz de tudo o resto, por isso nada a declarar. Tudo em conformidade.

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