HBO

Período experimental… mais de uma pessoa me recomendou a série abaixo com grande intensidade. Vi só o primeiro episódio… vai bem, mas espero ali um toque especial que ainda não me bateu, apesar da miúda que quer ser “transumana”-

Claro que a correr vou ver este tipo, mesmo se a maioria das coisas se acha no Ytube.

Se O Referendo Der “Não” Prometem Calar-se Uns Anos?

Porque uma comissão que recomenda um referendo ao mesmo tempo que apresenta uma das respostas como a única que “permite responder de forma integrada a objectivos como racionalizar o processo de tomada de decisões organizativas e aprofundar a democracia” é porque parece considerar que apenas o “sim” é aceitável. Ora, se algo nos tem ensinado os últimos anos (se não ensinara antes) é que a existência de mais níveis de decisão só ajudam à confusão, ineficiência, desculpabilização e promoção da incompetência. Se no Estado Central temos ex-padeiros a tomar decisões na área da protecção civil e os filhos de secretários de Estado a mamar alarvemente nas verbas do Portugal 2020, onde chegaremos no “Estado Regional”?

Basta observarmos o funcionamento de algumas autarquias “modelo” como começam a funcionar algumas “comunidades intermunicipais” que avançam, com a conivência alargada do PS-PSD-PCP com uma regionalização encoberta sem sequer pedirem licença a um referendo. Se essa consulta tivesse uma resposta negativa, o que lhes aconteceria? Em respeito pela democracia deveriam dissolver-se correcto?

Vaca

 

4ª Feira

É preciso notar que eu cresci numa terra onde, após 1974, o PS era o partido mais à direita que ousava apresentar candidatos às eleições autárquicas de 1976, a FEPU (social-fascista na terminologia de então) chegava perto dos 70% na freguesia e os GDUP (ide à wikipédia ou à ephemera do JPP para se relembrarem do que eram) eram a terceira força política já depois do 25 de Novembro. PSD e CDS nem concorriam e comícios só para serem cercados em 1980. Em que os meus amigos ou malta um pouco mais velha oscilava (tirando o núcleo duro dos anarcas-contra-tudo-e-todos, mais dedicados à banda desenhada, a jogar à lerpa e a ouvir ramones e talking heads) entre o mrpp e a udp, andando em pancadaria de morte quando os matraquilhos estavam ocupados.

Portanto, a minha “cultura política” foi claramente enviesada e marcada por uma visão da “Direita” que a apresentava como aqueles que não se incomodavam com as desigualdades, as quais explicavam por uma meritocracia “genética”, consolidada com o capital familiar ou com a aceitação do sistema de “exploração do homem pelo homem”, sendo contra convulsões e confusões que visassem combatê-las a partir da acção “das massas” ou do Estado “revolucionário”. Já a “Esquerda” apresentava-se como combatente acérrima das desigualdades, como crente e lutadora pela possibilidade de uma sociedade mais justa, tendo o poder político e o Estado um papel fundamental no alcançar dessa utopia

Ou seja, à luz dos conceitos de 1974-78, o nosso espectro político deslocou-se completamente para a Direita e o mais “radical de esquerda” que agora se arranja são umas versões mitigadas da social-democracia burguesa, coberta com retórica pseudo-revolucionária em alguns quadrantes. E sim, estou a pensar em todos os partidos com assento parlamentar. E sim de novo, o PS com as suas práticas de controlo do aparelho de Estado no interesse dos subsídios próprios, volta a estar firme e hirto no quadrante da Direita mainstream, apesar de alguns floreados demagógicos em prol de uma justiça social de papel.

Pelo que, não tendo companheiros suficientes para um quarteto de lerpa e chegando-me sessões esporádicas de revivalismo musical, passei a ser de novo mais banda desenhada.

i-smile-because-i-have-no-idea-whats-going-on

 

3ª Feira

Há um oportuníssimo silêncio sobre o que se passa em torno da Ordem dos Enfermeiros e do risco da sua dissolução, alegadamente por se ter envolvido na organização da greve cirúrgica de há uns meses (o que contrariaria o nº 5 do artigo 3º do seu Estatuto, embora a alínea r) do nº 3 deixe ali uma margem de manobra, por pequena que seja nessa matéria).

O silêncio é natural em todos aqueles que desgostam das “ordens” por acharem que disputa, o espaço da “representação” dos profissionais aos sindicatos, mas ficam algo presos num paradoxo hipócrita porque a Ordem dos Enfermeiros está sob perseguição exactamente por ter colaborado com os sindicatos da sua classe na organização de uma greve. Porque se eu li muita gente criticar a existência das ordens profissionais por serem um resquício do “corporativismo fascista”, não leio nada agora sob o abuso do poder “democrático” sobre uma organização que colocou em primeiro lugar a defesa dos interesses laborais dos seus associados. Algo que há muitos sindicatos que sacrificam à primeira puxadela forte da trela dos “donos”. Mas as coisas são o que são e há por aí muito “purista” encartado que de coerência tem pouco.

O silêncio é igualmente natural, e bem mais expectável, em todos os que sempre consideraram que o poder político (confundindo o interesse particular de um dado governo com o do Estado) não deve ser contestado a partir da base e que todas (ou quase) contestações sociais devem ser contidas em limites “razoáveis”, devendo ser remetida para as eleições tetranuais toda e qualquer intervenção cívica mais activa. Basta ver que o próprio PSD (que se afirmava ser quem estava por trás da acção da OF ou da sua presidente) está silencioso sobre o assunto, sendo que na actual direcção do partido está uma ex-bastonária (da Ordem dos Advogados) que todos nos lembramos ter tomado atitudes bem agressivas em relação ao poder político.

E é aqui que desembocamos na diferença dada às ordens profissionais mais poderosas (advogados e médicos) e a que é reservada às restantes, sendo que algumas são perfeitamente anódinas e mal se sabe existirem.

Quem se esqueceu que no caso dos advogados existiram bastonári@s que disseram e fizeram coisas bem mais agressivas e utilizando linguagens e estratégias bem mais desrespeitosas do que a OE? O caso dos advogados, desde logo com o inefável Marinho e Pinto à cabeça, sempre com ameaças e chantagens públicas, e a acima referida Elina Fraga como sucessora muito razoável? E no caso dos médicos, em que, por exemplo, o actual bastonário parece um saltitão, a aparecer sempre que parece conveniente e a pronunciar-se sobre assuntos que dificilmente estarão nas atribuições da sua ordem (como comentar e condenar a acção de profissionais de outras classes), cujo estatuto segue uma matriz, nessa matéria, semelhante à dos enfermeiros?

O maior problema, contudo, é perceber que a lógica do “quem se mete connosco, leva”, por estes dias, tem a cobertura, por omissão, de forças politicas que deveriam ser menos invertebradas na defesa dos direitos dos trabalhadores, mesmo daqueles que parecem considerar “privilegiados” por terem qualificações académicas superiores e remunerações médias mais elevadas? Sim, no fundo eles são contrários às “ordens” porque os seus sindicatos é que deveriam ter o monopólio da representação dos trabalhadores mas… enfim… se já os ouvi submeterem-se à lógica do “interesse nacional” e mesmo das “boas contas”, não deveriam preocupar-se, desde logo, com a forma como as soluções políticas transitórias abusam dos mecanismos do Estado para submeter os seus adversários?

Parecendo diferente, não o será muito a forma como no tempo do engenheiro mandaram intimidar um blogger (António Balbino Caldeira), constituindo-o como arguido e confiscando-lhe documentação e agora entraram pelas portas da OE e foram em busca do que lhes pudesse sustentar a intimidação e ameaça de dissolução. Nas duas situações está em causa não tanto o cumprimento da Lei, mas a intimidação pelo exemplo do que pode acontecer a quem levantar muito o cabelo…

grito

Tarefa (Leve Mas Útil) De Férias

Se estão num município que aceitou a transferência de competência na Educação, por cada pacote de fotos das férias, façam uma pesquisa no base.gov.pt em busca dos contratos já feitos para “consultoria” e “estudos” para “estratégias” de combate ao “abandono e insucesso escolar”. Se estiverem com umas horas assim sem mesmo nada para fazer, tentem cruzar esses dados com os interesses locais e nacionais que estiveram na origem dessa medida, assim como da promoção da “autonomia e flexibilidade”. Já que a imprensa séria não acha que o assunto mereça grande atenção, poderíamos ser nós e dar com os rabos com os gatos de fora. Como enunciar o projecto de melhorar indicadores que em algumas paragens já rondam o zero ou mínimos históricos. Porque quem está perto e conhece as figuras percebe melhor as manhosices que andam em decurso um pouco por todo o país, com empresas nascidas como cogumelos para estes assuntos e os “agentes” que andam a beneficiar com tudo aquilo que poderiam ser as escolas a fazer se tivessem verdadeira autonomia e lideranças dinâmicas e não meras figuras de cera instaladas à espera de assim se manterem se não desalinharem ou derem nas vistas.

E nada como cruzar isto com sessões de “formação” ou “esclarecimento” com as presenças vip do costume. Umas que depois fazem “guias”, outras que estão na coisa mais pela “influência”.

lampadinha21