Revolução Digital Na Educação?

Quando se começa (Prós e Contras) por apresentar uma (uma) sala digital do futuro que foi criada há 4 anos, penso que entramos logo por um paradoxo. Mas o problema não é esse, embora muita gente confunda o “futuro” com uma crença sua particular numa dada forma de usar a tecnologia. Não tenho muita paciência para ouvir um director a falar na “escola do século XIX”, e nos males da “aula expositiva”, muito preocupado em mostrar-se modernaço, como se em alguma escola do país existissem condições para a maior parte das salas terem um equipamento capaz de uma aula de finais do século XX. Há gente que vive realmente no mundo da Lua e considera que 2 ou 3 salas “tecnológicas” são o “futuro”, quando há 20 com cadeiras e janelas todas rebentadas e sem quaisquer condições de luminosidade para usar quadros interactivos colocados num canto da sala. E isto é mais de espantar em quem, apesar de tudo, está nas escolas e não num gabinete bem climatizado da Católica ou da Nova Business e tal.

E mesmo agora ouvi falar em dar “liberdade” aos professores já que não se lhe pode dar dinheiro e a sorte foi eu não ter nada medianamente sólido para atirar à televisão. A “liberdade” nas escolas é uma quase miragem para os professores nas escolas de hoje, entregues a gente que desenvolveu em poucos anos um incrível complexo de Napoleão.

Valha-nos o António Carlos Cortêz.

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Devo Ser Mesmo Esquisito

Tenho dificuldade em compreender pessoas que, afirmando uma desafeição figadal a provas e exames, depois parecem cardeais da ortodoxia na classificação das provas, com sinais de evidente rigorismo mortis. Do mesmo modo, estranho que exalte a importância da sua disciplina no currículo, mas depois pretenda que não exista qualquer tipo de aferição/avaliação/seja o que for do trabalho realizado pelos e com os alunos. No primeiro caso, umas visitas a fóruns de classificação de provas do santo iavé permitem-nos um vislumbre do delírio; no segundo, basta ver a posição de alguns responsáveis de associações de professores de [colocar nome da disciplina].

E depois há ainda quem se coloque numa posição de superioridade intelectual, numa tal sobranceria, que só mereceriam que se lhes desse o tratamento que dedicam a quem acham que não sabem desenvolver um raciocínio, como se apenas a Matemática  o permitisse. Mas eu sou chato, pelo que não gostaria de deixar passar este texto da Lurdes Figueiral sem lhe fazer notar, a bem de um “raciocínio limpo” que quando se ignora algo, ao ponto de não merecer comentário, não se escreve isso mesmo, pois é um comentário. Porque há quem perceba e ame muito a Matemática, mas pouco a Lógica. Não era nada comigo, mas irritam-me estas verborreias adjectivadas (raios, são quase 10.000 caracteres) só porque a APM é uma das actuais organizações queridinhas do poder que está. E detesto que a “tolerância” apenas se enuncie. Agora imaginemos que se aplicava esta lógica com os alunos…

Bigorna

A Felicidade Dos Medíocres

Detesto quem acha que nos devemos sentir bem só porque há quem esteja pior do que nós. Enviaram-me a ligação para um “directo” no fbook na passada 6ª feira desta senhora doutora, cheia de cargos e honrarias, que acha que o “cansaço” ou “desgaste” que sentimos é muito relativo porque, afinal, temos electricidade em casa e há professores com computadores e carros e tudo, enquanto nos países africanos a maioria não tem nada disso. Parece uma lógica imbatível numa perspectiva-jonê da sociedade, em que os miseráveis justificam que os outros não se possam sentir mal, pois ainda não estão assim tão mal. É uma esquerda não apenas caviar, mas muito chique e caridosa. A mim, que sou de qualquer coisa carapau frito (sardinha assada agora é gourmet), isto aflige-me porque me parece que se quer definir a felicidade alheia pelo padrão da mediocridade. É o discurso do fiquem felizes, porque no sudão do sul nem há escolas com telhado. Mas com muita laca ou fixador ou gel ou lá o que é.

coice-da-jumenta