Carta aberta de um português que está farto: “Escrevo esta carta porque é um covarde…”
Autarca de Santarém manda Cabrita ir passear o cão sem incomodar a GNR
No exame de Português da 2ª fase do 12º ano apareceu uma parte d’Os Lusíadas que não estava prevista no cânone. A explicação dada pelo Santo Iavé tem e não tem lógica. Se concordo que se devam introduzir questões destinadas a testar as capacidades de interpretação dos alunos fora dos guiões, já acho incompreensível que isso aconteça apenas no exame de uma das fases, porque cria uma situação de evidente desigualdade. E seria útil que, de uma vez por todas, os exames deixassem de ser uma espécie de câmara experimental para as tais equipas ultra-secretas que os preparam testarem as suas teorias. Insisto que essa não é uma prática aconselhável. Assim como acho muitíssimo estranho que, com tanto especialista e alegados mecanismos de controlo, se faça um exame com questões sem resposta possível, como no caso de MACS.
Não sei como é lá fora ou onde quer que seja, mas a opção pela opacidade e por “equipas” que quase ninguém sabe quem são presta-se mais a fenómenos esquisitos como os daquelas pessoas (sem rosto ou nome, claro) de que se ouve falar com regularidade que se aproveitam de tal secretismo para práticas menos aconselháveis. E o problema não é dos “exames” é do modelo em que são feitos, nada autónomos, mas demasiado flexíveis de ano para ano e de fase para fase.
Uma senhora doutora “psicóloga das organizações”, investigadora e docente algures surgiu há uns dias a afirmar coisas que dão vontade de rir para quem não chumbou todos os anos na disciplina de História. De acordo com a senhora doutora psicóloga investigadora “o tempo do emprego para a vida foi um momento de exceção na história”.
E eu não percebo de que “História” está ela a falar? Da do tempo dela?
Mas ela acha mesmo que na História a “regra” foi a da flexibilidade e da mudança rápida de emprego?
Será que os escravos na Roma Imperial o eram só durante alguns meses? Ou os agricultores da Mesopotâmia ou do Antigo Egipto estavam em permanente mobilidade laboral? Os soldados espartanos tinham contrato a termo certo? E os camponeses e artesãos ao longo dos séculos da Idade Média e Antigo Regime? Terá a senhora doutora da organizações e psicóloga da investigação a noção de que não se devem tomar 50 anos por toda a História?
Pelo contrário, até ao século XX, a “regra” foi a da permanência da larga maioria da população na profissão dos pais e avós, a qual transmitiam a filhos e netos.
Mesmo no período da Expansão, com deslocação de muita gente para os impérios coloniais, isso foi não passou de uma pequena minoria à escala europeia e mundial. O único período em que se deu uma mudança mais massificada da mão-de-obra entre sectores de actividade (a industrialização, com o êxodo rural para as cidades industrializadas da Inglaterra e algumas zonas da Europa continental) foi circunscrita inicialmente no espaço e decorreu ao longo de várias décadas. E depois dessa mudança, voltou a “estabilização”. O antigo agricultor, lavrador ou artesão tornou-se operário e assim ficou. A mobilidade social e profissional foi quase sempre muito limitada. E mesmo no século XX, as mutações causadas pelas guerras não conseguem, em perspectiva histórica, alterar a “regra”. Sendo que o mundo ocidental “atlântico” até foi “historicamente” mais dinâmico do que a generalidade das outras sociedades. Pelo que a situação vivida nas últimas décadas é que é uma novidade.
Mas o forte da senhora doutora psicóloga não é claramente a História. Ou então foi aluna de alguma esquecida experiência-piloto de semestralização.
Estão aqui. Ao contrário de uma prestável desinformação que me procuraram plantar ontem, o SE Costa não é candidato a deputado pelo círculo de Setúbal (ou qualquer outro). O que confirma a ideia de que lhe estarão reservados outros voos, mais distantes e menos chatos do que São Bento. Já quanto ao deputado Silva, Porfírio de sua escassa graça, acho injusto um 4º lugar por Aveiro, depois de tanto trabalho de sapador. Será que o recompensarão com algo mais executivo?
Talvez com uma maioria absoluta do PS ou com a bengala do PAN, o Bloco e o PCP deixem de ser os eunucos políticos que foram na maioria dos últimos quatro anos.