Que existe na classe política uma imbecilidade quase “genética” não me espanta em gente de vistas a curto prazo e muito permeável a chavões demagógicos. Já esperaria isso menos – a uma pessoa dizem que a esperança só morre a caminho do caixão – de gente que é noca cronologicamente e se acha “nova” ou mais nova do que os “velhos”.
Vem isto a toque de cajado da forma como algumas criaturas que de bestunto beneficiam pouco assumiram como sua a “injustiça” posta a circular há uns 15 anos dos “velhos” terem direito a redução da componente lectiva ao abrigo do amputado artigo 79º do ECD e assim “trabalharem menos” e ganharem mais. Em primeiro lugar, os “novos” um dia deixarão de o ser como aconteceu comigo, só que nessa altura em não embarcava em botes sem antes ver se estavam furados porque quem hoje corta os direitos dos “velhos” amanhã lixa-se.
Mas se pensassem apenas um pouquinho mais, nada de einsteins, feynmans ou mourinhos, perceberiam que por cada redução que foi cortada no ECD aos “velhos” foi tempo para horários para “novos” que deixaram de existir. Por cada 1000 docentes que ficaram sem a primeira redução de 2 horas aos 45 anos na sequência da mudança da legislação (e que assim em vez de terem a segunda redução aos 50 passaram a ter a primeira) foram 2000 horas (quase 100 horários) que deixaram de ser necessários. E se fizerem as contas a todos os docentes que agora estão acima dos 50 anos e ficaram entalados com o ECD da “reitora” MLR, tão aplaudido por tanta gente, perceberão que foram milhares os horários que desapareceram porque os “velhos” foram obrigados a “trabalhar mais”.
Confesso que não poucas vezes tenho os maus fígados de pensar que, se calhar, foram muitos os que ficaram sem lugar nos quadros ou sem horário, exactamente por causa de uma medida que aplaudiram, pensando que seria “justa”. Há alturas em que se quer muito que o karma funcione.

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