Porque Será…

… que num livro onde até se afirma que a História e a memória são importantes para as aprendizagens e para tudo aquilo que fica bem proclamar (mas nem sempre praticar) se apague por completo a experiência da Gestão Flexível do Currículo quando se aborda a questão da flexibilidade curricular? Será esquecimento (é verdade que nem toda a gente passou por ela) ou incómodo em admitir que nada está a ser inventado de novo e que, na altura realmente na viragem para o século XXI, a experiência falhou? Mas não interessa analisar (criticamente, claro) as razões… ou sequer relembrar o passado…

una-memoria-colectiva

(sim, já li quase todo o livro dos JC’s, mas estou a dar um espaço para respirar antes de ir às partes mais demagógicas…)

Amanhã, No JLetras, Começo Assim…

Sei por onde não vou…

Não me lembro do facto em si por razões naturais, mas sei a partir do que os meus pais me contaram que o primeiro televisor entrou na minha casa quando eu tinha apenas três meses de idade.

A programação ocupava poucas horas do dia, mas era seguida com atenção pelo petiz que eu era, fosse o que fosse que estivesse a passar quando o aparelho se encontrava ligado. Até o boletim meteorológico cativava, nas suas linhas brancas de baixas e altas pressões sobre um oceano negro. Desenhos animados eram poucos, a horas e dias certos. A escassez, aliada à novidade da tenra idade, fazia com que o interesse redobrasse e as memórias se inscrevessem com nitidez. Entre elas uma voz de alguém que dizia poesia e que cativava pela expressão com que o fazia, parecendo que contava uma história como ninguém então contava. Só mais tarde soube que o dono da voz já tinha então morrido e que se tratava de reposições do programa de 1959 e a verdade é que também não consigo localizar com exactidão no tempo os momentos em que me diverti com A procissão ou a primeira vez que ouvi a vibração crescente como Villaret declamava o Cântico Negro de José Régio. Só sei que recordo a forma encantatória como ouvi as palavras em ondas a sucederem-se e a culminarem no “Não sei para onde vou/Sei que não vou por aí!”

Stop

(o mais certo é estar perdido no meio de prosas gongóricas sobre o festivo arranque do ano escolar e, quiçá mesmo, algum excerto de prosa competente… que continuo a ler em doses mínimas até chegar ao fim)

3ª Feira

Hoje é dia de feriado lá por onde dou aulas (e cresci) pois é uma das duas semanas do ano em que a bezerrada de duas e quatro patas marca encontro para marrarem entre si, culminando quase sempre com umas ambulâncias a levar alguns de duas patas para as urgências mais próximas. O que quer dizer que posso descansar da reunite aguda dos últimos dias quase úteis.

O chato é que fica algum tempo para ver as notícias e aturar o shôr ministro da Educação na televisão, qual MLR, a anunciar uma “festa” para o início do ano lectivo, tudo entremeado com aquelas “verdades técnicas” que lhe mandam dizer com base no guião (do género “70% dos vouchers foram resgatados ou emitidos”) e mais umas vacuidades típicas de campanha eleitoral, com basbaques atrás a querer ficar na fotografia. Só faltou explicar porque ontem não foi visitar a escola como tinha agendado, preferindo uma digressão pelas manhãs da Cristina Ferreira, onde nem sequer se prontificou para fazer umas papas de sarrabulho.

Mas isso agora não interessa nada, porque há “festa” no roseiral.

Festa