Amanhã, No JLetras, Começo Assim…

Sei por onde não vou…

Não me lembro do facto em si por razões naturais, mas sei a partir do que os meus pais me contaram que o primeiro televisor entrou na minha casa quando eu tinha apenas três meses de idade.

A programação ocupava poucas horas do dia, mas era seguida com atenção pelo petiz que eu era, fosse o que fosse que estivesse a passar quando o aparelho se encontrava ligado. Até o boletim meteorológico cativava, nas suas linhas brancas de baixas e altas pressões sobre um oceano negro. Desenhos animados eram poucos, a horas e dias certos. A escassez, aliada à novidade da tenra idade, fazia com que o interesse redobrasse e as memórias se inscrevessem com nitidez. Entre elas uma voz de alguém que dizia poesia e que cativava pela expressão com que o fazia, parecendo que contava uma história como ninguém então contava. Só mais tarde soube que o dono da voz já tinha então morrido e que se tratava de reposições do programa de 1959 e a verdade é que também não consigo localizar com exactidão no tempo os momentos em que me diverti com A procissão ou a primeira vez que ouvi a vibração crescente como Villaret declamava o Cântico Negro de José Régio. Só sei que recordo a forma encantatória como ouvi as palavras em ondas a sucederem-se e a culminarem no “Não sei para onde vou/Sei que não vou por aí!”

Stop

(o mais certo é estar perdido no meio de prosas gongóricas sobre o festivo arranque do ano escolar e, quiçá mesmo, algum excerto de prosa competente… que continuo a ler em doses mínimas até chegar ao fim)

7 opiniões sobre “Amanhã, No JLetras, Começo Assim…

  1. Ter alguém em casa que gosta da “Casa da Cristina” leva a ter visitas indesejadas.
    “A entrevista (em campanha) do Tiago na casa da Cristina
    Continuou sem demonstrar que entende alguma coisa da “pasta”. Fala muito da escola mas com significado próximo do zero, em terreno negativo. Pura campanha eleitoral.” ArLindo

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  2. Lembro-me do ‘Tocam os sinos na torre da igreja, vai passar a procissão…’
    Depois do 25A a coisa decaiu até agora. A princípio era a Televisão educadora do Povo, aí papei umas puas valentes via Vasco Granja, a mais os Koniecs e todas aquelas boring canadian animations, depois a Revolução Cultural via Copcon, depois a Edite Estrela, depois a Sics, as TVIs e a junk television 24 sobre 24 horas…
    Como diziam os Táxi (eram os Táxi? Não eram?), ‘quem vê TV, sofre mais do que no seu guichet’… E então é isto.

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