Até a cobertura dos incêndios que infelizmente voltaram é feita de modo maneirinho, que a Cofina andou a comprar a Media Capital e a Impresa não se mete nisso se não for por causa das audiências. A imprensa está quase toda amarradinha pela falta de receitas e está disponível para ALD em troca de umas mega-conferências sobre Portugal “Empreendedor” ou “de Sucesso” se forem com patrocínios dos grupos que funcionam num monopólio praticamente igual ao dos tempos em que eram empresas públicas. Basta ver os “painéis” que arranjam para dar “debater” os debates ou outras coisas igualmente inúteis.
Na Educação, as “organizações” estão controladas, O pai Ascenção diz que está tudo bem, mesmo que existam turmas inteiras sem manuais, escolas sem funcionários e conselhos de turma a arrancar a meio gás por causa das regras da contratação só depois do início do mês. O colega director Filinto diz que há dois anos que andamos nas nuvens, com esta ou aquela mais escura (a dos funcionários, a dos meios informáticos) e que a flexibilidade é a coisa mais autónoma que se viu nas escolas. Em caso de necessidade, saca-se de um “especialista” do grupo actualmente dominante no CNE, para explicar-nos como estamos finalmente no século XXI em termos pedagógicos. Pelo país, os “consultores” dirão que os planos municipais, intermunicipais e transmunicipais são o nec plus ultra do combate ao insucesso e abandono, numa perspectiva de descentralização das verbas que ajudam a gastar. Em caso de mesmo extrema necessidade ressuscita-se o actividade Israel Paulo para nos confirmar que os contratados nunca estiveram mais felizes.
Será que, pelo contrário, está tudo mal? Não, mas enjoa ver a forma como tudo parece coberto por um manto diáfano de extrema felicidade, sucesso e com o futuro já aqui. Enunciam-se maravilhas que se demonstram com o argumento de serem auto-evidentes e óbvias (o livro dos dois JC é quase por completo escrito assim) ou acusam-se quaisquer críticos de aleivosias diversas, da calúnia e do atentado à honra (os dois gajos da Educação são uns queixinhas nessa matéria) à subliminar insinuação de se ser um cripto-fascista pedagógico que espanca crianças nos tempos livres (especialidade de uma figuras que andam de ego enfunado por se verem reflectidos em decretos e despachos diversos).
Se algo falha é por falta de formação dos professores ou escassa liderença de algum@ director@ mais renitente.
O sol nasceu para todos, mas há quem seja mais suíno do que os outros suínos.
«O sol nasceu para todos, mas há quem seja mais suíno do que os outros suínos.» Tudo dito, Paulo!
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Nem mais! Ou seja, o verdadeiro enjoo.
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《 “Vivemos no melhor dos mundos possíveis” é uma frase bem conhecida. Sua autoria é do filósofo, cientista, matemático e diplomata Leibniz. A razão de tanto otimismo talvez possa ser explicada pelo fato de que ele pôde ter uma vida tranquila e confortável, afinal Leibniz era um protegido dos aristocratas do ducado de Brunswick, quando ainda existia o Sacro Império Romano-Germânico. Religioso, acreditava na intervenção divina, sempre com as melhores das intenções, visando o bem de todos.
Ainda hoje essa visão do mundo baseada em sua própria bolha é comum, principalmente entre os ricos e a classe média. Os ricos por motivos óbvios, afinal eles que detêm todos os meios materiais e imateriais que garantem uma vida nababesca no topo da hierarquia social; já a classe média por estar dentro da esfera do consumo e poder sonhar que um dia também poderá estar no topo dessa pirâmide. Assim como Leibniz, essas duas classes, graças a uma vida privilegiada que possuem numa sociedade marcada pela desigualdade social e marginalização, costumam possuir uma visão e filosofia “umbiguistas” do mundo, logo, para elas, este há de ser o melhor dos mundos possíveis e praticamente nada precisa ser mudado.
Já os que ficam prejudicados por conta dessa hierarquia na qual apenas uma minoria se dá bem, caso questionem ou ameacem essa ordem, logo são taxados de vagabundos ou considerados caso de polícia. O problema nunca é a ilusão do “Paraíso”, mas sim a realidade que bate à porta, que mostra ser esse Éden na verdade uma ilha exclusiva para privilegiados. 》
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A citação falha por completo o facto de o “coitado” do Leibniz estar a tentar encontrar uma resposta para o problema do mal. O Pangloss do Voltaire é cínico acerca desta resposta mas não me parece que fosse tão cândido ao ponto de subscrever a tese aqui apresentada..
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Entretanto, os novos apóstolos da flexibilidade estão prontos para espalhar a boa nova…
https://ominho.pt/viana-do-castelo-tem-os-primeiros-docentes-promotores-da-flexibilidade-curricular/
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Sim, Paulo. Vivemos no país maravilha das vacas que voam. É só sucesso. Qualquer aluno com curriculo recheado de negativas vai passando e passeando-se pela escola, mesmo que de recurso em recurso. Basta ter um papá ou manhã advogado que esgravate os flancos do sistema e as dgestes deste mundo dizem logo que sim. Os malvados dos professores estavam muito distraídos e não viram o géniozito passar-lhes pelas mãos.
Só que depois é que “a porca torce o rabo”. É que as recentes notícias sobre o ensino superior já não rezam a mesma cantiga: https://eco.sapo.pt/2019/09/10/so-tres-em-cada-dez-estudantes-portugueses-acaba-licenciatura-em-tres-anos-muitos-nao-terminam-diz-a-ocde/.
Mais cedo ou mais tarde o tão apregoado sucesso fica pelo caminho. Tarde, alunos e encarregados de educação descobrirão o logro. Foram bem enganados pelas vozes chuchalistas cantantes.
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É o que, há anos, chamo de falso sucesso.
A vida encarrega-se de @s chamar à realidade, embora tarde e, normalmente, sem retorno. Aí, então, é que a porca torce o rabo…
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Infelizmente!
Mas os ganhos pessoais ( £) estão já garantidos e seguros…
As desgraças colectivas vão para os contribuintes…
Infelizmente!
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Nem os alunos acreditam quando vão ver as pautas.
Já presenciei cenas caricatas.
Até se riem das suas ” notas ” e do sucesso de alguns dos seus colegas.
É uma mentira. Um engano .
Como tão bem disse a colega AC …” A vida encarrega – se de @s chamar à realidade, embora tarde e , normalmente, sem retorno.”… tal e qual o que também penso.
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