Confesso Que Me Senti Algo Constrangido…

… ao ver o Santana Lopes há um par de dias, naquele debate dos “pequenitos” na RTP. Não por serem “pequenos” partidos, mas porque havia ali gente que se poderia classificar como doida varrida sem exagero. Afinal, bom ou mau, já foi PM do país. Mas justiça lhe seja feita, revelou mais “espírito democrático” do que muita outra gente toda junta.

Santana1

(foto do site da TSF)

Assimetrias (Ou A Miopia Dos Especialistas Em Gestão Dos Recursos Humanos)

O país envelhece e acentuam-se velhíssimas assimetrias. Perante a falta crescente de alunos no interior temos a atracção macrocéfala da capital do velho Império e arredores. Resultado: ao contrário de outras profissões (como médicos e enfermeiros), em que a dificuldade é consegui-los no interior, no caso dos professores o diabo está em consegui-los em Lisboa e ao redor, onde os que se deslocam de outras regiões e precisam de casa ou quarto enfrentam a bolha especulativa do arrendamento nestas zonas. Claro que tudo isto escapou aos brilhantes estrategas da política de gestão dos recursos humanos em Educação, mais preocupados em poupar para ter com que tapar os verdadeiros buracos. Quem fica mesmo a perder? Alunos sem aulas em várias disciplinas meses a fio, a lembrar os idos de 70 e inícios de 80. Mas, claro, desde que se flexibilize e semestralize nem se nota nada.

E todos somos centeno há 15 anos.

CM2Out19

Correio da Manhã, 2 de Outubro de 2019

4ª Feira

Entrado Outubro, começam a verificar-se os efeitos da escassez de professores em vários grupos disciplinares e, em outros, a chegada de gente muito inexperiente ou que já não lecciona há vários anos e perdeu muitas das novidades. Há que reconhecer o brilhantismo da “gestão de recursos humanos” dos últimos 15 anos. Muita conversa sobre a necessidade de, para melhorar as aprendizagens dos alunos, elevar a qualificação dos professores e de só permitir o ingresso aos “melhores”. Lamento, mas muitos dos “melhores”, dentro ou fora da carreira, desistiram ou perceberam que a “qualidade” é demasiado dependente da subjectividade local.

Mas é verdade que também são muitos os que se reconverteram à fé flexibilizadora costista e, com umas horas de “formação” no relatório da add, aparecem em pose beatífica pelas escolas com as novas bíblias a espalhar velha palavra com a alegria dos mais entusiasmados evangélicos.

Mad

(probably?)