Já Pensaram Nos Primeiros 100 Dias De Uma Governação PS/Bloco Na Educação?

Nas primeiras semanas acabam com as provas finais (“selectivas”, no mínimo, e “fascistas” no limite) do 9º ano e, se tiverem coragem em assumir a coisa por inteiro, a parvalhice em que se tornaram as provas de aferição de 2º, 5º e 8º anos.  A seguir, ali entre o Natal e o Ano Novo é para acabar com qualquer avaliação “sumativa”, em nome da inclusão e do combate às desigualdades, e com qualquer estatuto do aluno com regras “securitárias”. E o currículo será mais flexível e transversalizado do que qualquer das mais ousadaa e atléticas posições  kamasutrianas.

Depois, em coerência com as posições do Bloco, deveriam alterar o regime de gestão escolar, mas essa será, infelizmente, uma das questões que será necessário deixar “cair” em nome do “compromisso”. Isso e a reposição integral do tempo de serviço docente. Ou a reversão da municipalização.

O curioso é que, conhecendo muit@s professor@s, do Bloco, é raro que algum@ concorda tanto com estas acções como com as inacções adivinhadas.

zandinga

 

O “Chega” É Anti-Sistema Desde Quando?

Os atemorizados analistas dos resultados das eleições e o próprio líder do partido/movimento que foi a votos parecem concordar numa caracterização que me deixa ainda mais preocupado com o fosso que cada vez mais separa as palavras e o aquilo que elas deveriam significar. O que é ser “anti-sistema”? É querer outro “sistema”? O “Chega” tem péssimas ideias mas propõe-se acabar com a democracia? Defende a luta armada contra o “sistema” que temos”? Uma sublevação popular? Propõe-se, caso tome o poder, ao que parece por via eleitoral, dissolver o Parlamento e governar por decreto? Acabar com as liberdades constitucionais? De forma explícita, nada disso.

André Ventura tem umas ideias próprias de muita extrema-direita xenófoba, homofóbica, securitária e “populista”, sendo seguido por pessoas que, em muitos casos, nos deixam aterrados quando abrem a boca? Certo, certo… mas daí a ser um tipo anti-sistema parece-me ser um daqueles saltos quânticos em que a sombra de um rato pode parecer um leão (cruzes, credo, que o homem é lampião dos costados todos). André Ventura é tão “sistémico” quanto tantos outros que ele critica e o criticam, bastando ver o seu trajecto profissional e político, assim como a forma como está bem encaixado na comunicação social como comentador de tudo um pouco, umas vezes com razoável cuidado técnico (algumas matérias jurídicas) e outras com um descabelamento assinalável (futebol).

Se para mim é um demagogo que fala alto disparates em enxurrada, sendo muitas vezes absolutamente insuportável como veicula mentiras e atropela quem com ele debate? Claro, mas há muito tempo e muito antes de criar qualquer movimento/partido. Mas o problema de muita gente é que enquanto ele usou essa forma de estar para defender interesses ou afinidades comuns, achavam muito bem. Quando mudou de camisola e entrou na política, já o estilo e a substância parecem arrepiar, Mas ele continua o mesmo trauliteiro que era. Apenas decidiu ir a votos e descobriu-se que há quem adore aquilo (e acreditem que tem mesmo margem para progredir, não pelas “causas”, mas pela forma desabrida como se apresenta num país de engomados que se assustam a cada bluff de um PM manhoso). Já se tinha percebido com o Marinho e Pinto que há muitos órfãos de um líder que berra.

O “Chega” é “anti-sistémico”? Tanto quanto aqueles que, no Parlamento eleito, do PCP à Iniciativa Liberal, defendem soluções diferentes das do “arco da governação” que acaba de seduzir o Bloco ex-revolucionário. E não acenem com trumps ou bolsonaros porque só a casca pode ter parecenças… ouvindo umas botas cardadas pela noite escura o AV até se borra todo.

RatoLeao