Os Meus Discutem No 9º Ano

Até porque faz parte do programa e numa escola com muitos alunos dos PALOP os ajuda a perceberem muitas coisas. Mas eu não tenho traumas de esquerda ou direita em relação a um tema da História. E claro que me espanto por alguém afirmar que é preciso criar uma disciplina nova para que o tema seja tratado.

Alunos do 12.º ano vão passar a discutir a Guerra Colonial

WTF1

(e, sim, as apresentações que uso têm algumas fotos menos fofinhas de algumas atrocidades… a duas cores…)

Estão A Ver Como Sou Paciente?

Desde domingo à noite que estava para escrever isto, mas se o fizesse ia ser acusado de intolerante, xenófobo, fascista ou pior. Mas se forem os colegas de partido já é em nome da inclusão. Sim, concordo que ela tenha mais tempo. Mas então, há quem deva ter menos tempo, a começar pelas picaretas falantes. Ou um corrector automático para as intervenções do actual PM que não consegue ler um parágrafo sem assassinar a sintaxe e qualquer esperança da concordância entre género ou número que nos esforçamos por ensinar aos alunos desde petizes.

Livre vai pedir tolerância de tempo no Parlamento nas intervenções de Joacine

Bunsen

(e aquel@s parlamentares que são chatos como tudo e falam como se estivessem a falecer em câmara lenta, como o próprio ferro rodrigues, não podem ter a mesma tolerância?)

E Podemos Esperar Deitados

Eu não diria que a indisciplina é “o” cancro escolar, até porque deriva de outras causas externas que metastizaram, mas o Alberto Veronesi tem toda a razão ao afirmar que “não há ninguém, nem social, nem politicamente que se solidarize com a causa e tome medidas para a erradicar das escolas!” E poderia acrescentar, sem receio de falhar muito, que cada vez é menor o apoio ou a solidariedade de proximidade.

Porque temos uma esquerda maioritariamente marcada por uma ideologia desresponsabilizadora e contemporizadora com o que acham ser “natural” ou, melhor ainda, “rebeldia” justificável contra a “Autoridade”. Há os mais velhos que, antes de irem estudar para boas universidades estrangeiras, ficaram traumatizados com a escola primária ou o Liceu e há os mais novos que já cresceram num certo clima de condescendência com a bandalheira e confundem isso com “liberdade”.

E porque temos uma direita que até se afirma muito disciplinadora mas que quando chega ao poder está mais interessada em redistribuir as fatias do orçamento para os grupos de interesses amigos e rapidamente esquecem outras promessas (caso notório de Crato, por exemplo, cuja prática nesta matéria negou em quase tudo o que afirmara publicamente anos a fio).

A indisciplina não pode ser erradicada por completo das escolas? Concordo, haverá sempre algo que assim pode ser classificado, mas pode ser prevenida ou tratada de uma forma muito mais eficaz do que com abordagens sociológicas confusas na fundamentação, psicologizantes de terceira categoria e politicamente embaraçadas com o facto de, afinal, todos serem “centenos” e ficar para a escola a missão de aplainar desigualdades que a estrutura económica não consegue reduzir (e nem quer) e o mercado laboral aumenta com a desregulação dos horários e precariedade dos vínculos contratuais.

A indisciplina – não apenas na sala de aula dirigida aos docentes, mas também aos colegas e ao próprio espaço escolar – não é uma inevitabilidade. Mas quase se torna assim quando quem tem o poder para alterar as coisas prefere embarcar nas fotos da moda e em teorizações “afectivas” de que ouviram falar, lhes parecem bem, mas seriam incapazes de fundamentar num debate a sério. Ou pior, quando quem tem esse poder de proximidade tem como primeira preocupação culpar @s professor@s (que só consideram ainda colegas, de forma oportunista e hipócrita em ocasiões seleccionadas) por quase tudo o que acontece de menos positivo, pois eles é que são “os adultos”. Talvez se tirassem o rabo do cadeirão e fossem dar uma aulinhas numa escola em que não soubessem do seu cargo talvez tivessem desagradáveis surpresas e mudassem logo a “perspectiva”.

manguito