As Condições Materiais Das “Reformas”

Seria interessante escavar um pouco as razões da recente falta de docentes em alguns grupos disciplinares. Há mais do que aqueles que vieram mais à superfície das notícias das últimas semanas, basta andar pelas escolas e perceber que há mais disciplinas em que os alunos permanecem sem aulas ou em que não se arranjam substitut@s interessad@s. Mas entre as que mais deram nas vistas, há uma disciplina cuja associação de professores conseguiu nos últimos 20 anos um peso assinalável no ME, seja na dgidc, seja em gabinetes, não sendo de admirar que o seu peso no currículo tenha aumentado (há um particular desejo de paridade com a História que chega a ser aflitivo) progressivamente, absorvendo mesmo conteúdos programáticos que antes eram de outras áreas para justificar esse “espaço” ampliado. O problema? Não há docentes para assegurar essas horas todas, muito menos de professores profissionalizados. E nem é bom falar em alguns casos que aparecem para “tapar buracos”. Porque o que interessou foi exercer um poder de influência e conseguir um peso para o qual depois falta o correspondente “capital humano”. Diferente é o caso de TIC em que deveria ter existido algum cuidado na formação de professores e não apenas em arranjar habilitações que servissem para dar umas aulas. Faltam professores e quem chega, parece chegar a um mundo desconhecido, em especial quando se trata de petizada pequena, pois há um evidente desajustamento entre quem define o programa da disciplina e aquilo que resulta em sala de aula.

Mas… os “reformistas” andam por aí e não se calam com as mesmas conversas e cedendo às mesmas pressões e amiguismos. Sem se preocuparem em perceber se andam a fazer “reformas” no vazio das condições concretas da sua implementação. E as carências não se resolvem com especializações ou formações instantâneas do tipo café solúvel em água morna. Mas as reformas pós amigos são assim… não interessa se funcionam, desde que satisfaçam as capelinhas.

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