… num texto que está público no fbook e que me autorizou a reproduzir aqui.
A jornalista não leu bem os números e não percebe o efeito de diluição dos registos dos atos violentos nesse conceito de “ilícitos”. Por exemplo, na tabela inclui furtos que, por definição, são não violentos, mas ainda são “ocorrências de natureza criminal”. Em vez de agregados de números devia comparar entre anos categorias de crimes. Por exemplo, destes dados, publicados no jornal, pode concluir-se algo sobre a evolução das ofensas corporais e injúrias? E se for ver a fonte (como eu fui) encontraria um facto anómalo. Em 2017, um ano antes destes dados, no Relatório de segurança interna (Rasi) não há dados desagregados por crime, na página da violência escolar. Além disso, a jornalista não sabe claramente o que são cifras negras de criminalidade. Fala disso vagamente no texto, mas, no título tira-se conclusão contrária à observação que faz. Trabalhei 6 anos nesta área da monitorização de estatística de crimes e num serviço do MAI que participava no programa Escola Segura e, com essa experiência e a leitura dos RASI e destes números, concluiria que a criminalidade violenta registada é demasiado alta nas escolas (uns 2,5 atos em média ano por agrupamento) e que está, quando muito, estabilizada nesses valores e nunca a diminuir. E ainda há para analisar a evolução regional a que o Rasi dá acesso. Um estudo que podia valer a pena, pelo que diria sobre espaço urbano e zonas deprimidas e distinção entre área da GNR e PSP em registos. Além disso, criminalidade violenta é diferente de ocorrências de natureza criminal que é o conceito usado aqui. Hoje zanguei-me com o Público e apeteceu-me ir pedir devolução do dinheiro por me venderem um produto adulterado. Não quero acreditar que façam propaganda da “boa governação”, mas quase parece. E a ideia subtil de que levamos na cara porque estamos cansados é quase pornográfica.